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Mostrando postagens de outubro, 2021

O Homem Que Viu o Infinito: a história real de Srinivasa Ramanujan

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O Homem Que Viu o Infinito: filme dirigido por Matt Brown TODA A MODÉSTIA QUE NÃO SE ESPERA DE UM GÊNIO Matemática nunca foi meu forte. Meu pendor sempre foi para as matérias da área de humanas. Quando frequentei os bancos do curso técnico em eletrônica, no ensino médio, precisei estudar um ou outro conceito mais avançado dessa ciência tão exigente. Lembro também de ter me empolgado com a beleza e a elegância da geometria analítica. Porém, tão logo entrei para a faculdade de comunicação, esqueci tudo. Tudo mesmo! A única lembrança que guardei foi a noção da matemática como uma poderosa linguagem, capaz de dar materialidade aos conceitos mais abstratos. Invejava os que conseguiam enxergá-los apenas de olhar os números, mas jamais me dispus a desenvolver a necessária intimidade com a matéria.           Por isso, quando o filme O Homem Que Viu o Infinito , realizado em 2015 por Matt Brown, se ofereceu diante dos meus olhos no serviço de streaming, relutei em assistir. A biografia de um m

O Escritor Fantasma: um thriller de suspense com toque noir

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O Escritor Fantasma: dirigido por Roman Polanski AH, CLARO... SÓ PODIA SER DO POLANSKI! Tive um dia atarefado, escrevendo conteúdo para o site de um cliente e tentando – mais uma vez – estruturar o canal da Crônica de Cinema no YouTube. Para relaxar, peguei o controle remoto e me acomodei no sofá. Já bastante sonolento, comecei a zapear num ato reflexo. De repente, fui fisgado por uma cena lindamente fotografada, onde o ator Ewan McGregor circulava por uma incrível mansão de arquitetura moderna e arrojada. O enquadramento cuidadoso e os movimentos precisos da câmera me fizeram pensar – Uau! Esse diretor sabe o que faz. Merece atenção!           É nesses momentos que ergo as mãos para o céu e agradeço pela tecnologia que hoje está à disposição dos cinéfilos. Cliquei no botão para retomar a programação ao vivo e me preparei para assistir ao filme desde o início. Porém, estava tão sonolento que só me dei conta de onde estava me metendo quando o título ficou nítido diante dos meus olhos. D

Druk - Mais uma Rodada: um filme... etílico!

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Druk - Mais uma Rodada: filme de Thomas Vinterberg BEBER É ARRISCADO, MAS PODE SER UMA JORNADA DE APRENDIZADO Apenas quatro dias depois de iniciar as filmagens de Druk - Mais uma Rodada , seu filme de 2020, o diretor Thomas Vinterberg recebeu uma ligação que o pôs devastado: tragicamente, sua filha Ida, de 19 anos, perdera a vida num acidente de carro. Ela estava escalada para interpretar a filha de um dos protagonistas e se mostrava empolgada com a produção, que abordaria o universo dos estudantes do ensino médio. Inclusive, várias cenas seriam filmadas na sala de aula que frequentava, com alguns de seus colegas como figurantes. Vinterberg, certo de que seria desejo da filha ver o filme concluído, encontrou forças para seguir em frente. Realizou um filme denso, complexo e tocante.           Começar a escrever sobre um filme partindo de circunstâncias trágicas, que não têm relação direta com seu enredo, pode ser arriscado. Pode criar um gatilho emocional que termine por contaminar a op

Roma: um bairro na cidade do México eternizado em filme

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Roma: filme dirigido por Alfonso Cuarón MEMÓRIAS DE INFÂNCIA, REVISITADAS COM SENSIBILIDADE O sucesso que Alfonso Cuarón alcançou com Gravidade , lançado em 2013, foi retumbante. O filme arrasou nas bilheterias e faturou sete Óscares, incluindo o de melhor diretor – o primeiro conferido a um mexicano. Depois desse fenômeno, Cuarón se tornou um gigante do cinema mundial e se viu na privilegiada posição de poder filmar o que bem entendesse. Para nossa sorte, ele entendeu que deveria realizar Roma , sua obra-prima de 2018!           Roma é um filme de memórias. Tem mais de duas horas, é fotografado em branco e preto e apresenta raras linhas de diálogos – poucas delas estruturadas de forma convencional. Nada disso afugentou o público, que tem encontrado o título nos serviços de streaming. A maior parte das cenas são contemplativas, algumas são expositivas, mas todas são emocionantes! Alfonso Cuarón realizou um filme delicado, envolvente e belo.           Para minha surpresa, quando busque

Feitiço do Tempo: um personagem na trilha do autoconhecimento

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Feitiço do Tempo: filme dirigido por Harold Ramis CADA UM APRENDE NO SEU TEMPO, MAS PHIL CONNORS TEVE TODO O TEMPO DO MUNDO No cinema, quem é o dono de uma história, afinal? O seu autor? O roteirista que a estruturou num discurso palatável para as audiências? O diretor que a concebeu visualmente, a envolveu na atmosfera adequada e lhe deu um ritmo apropriado? O detentor dos seus direitos de exibição? Há um sem número de pendengas jurídicas tribunais afora, na tentativa de encontrar respostas. Há também muitos descontentes que se consideram plagiados. O filme  Feitiço do Tempo , comédia dramática de 1993 dirigida por Harold Ramis, não escapou dessa polêmica. Mas para tocar nesse assunto, é preciso partir da sua sinopse.           O filme conta a história de Phil Connors (Bill Murray), um repórter do tempo presunçoso e arrogante. Alcançou o status de subcelebridade e já não se contenta com o pedestal onde subiu. Quer alcançar um mais alto. Antes, porém, terá que roer os ossos do ofício e

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