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Mostrando postagens com o rótulo Ficção Científica

Interestelar: um banho de ciência!

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Interestelar: direção de Christopher Nolan QUANDO CINEASTAS E CIENTISTAS TRABALHAM EM PARCERIA Há inúmeras maneiras pelas quais a vida pode se extinguir na Terra: erupções solares, mudanças no escudo magnético que nos protege da radiação cósmica, impactos de meteoros e cometas... Nosso planeta, da maneira como nos valemos dele hoje, está destinado a desaparecer. É questão de tempo. Portanto, se temos pretensão de continuar existindo, teremos que nos aventurar no espaço e encontrar outros mundos colonizáveis. Essa noção é o motor da epopeia humana em busca de conhecimento científico e, em última instância, da própria corrida espacial, que já nos legou importantes conquistas. É também o motor de vários filmes de ficção científica, que há décadas têm nos colocado íntimos do espaço sideral, seus perigos e desafios.           O gênero encontrou no cinema um suporte perfeito para se desenvolver. Enquanto a literatura, para misturar especulação científica, drama, ação, mistério e suspense, co

O Grande Truque: o segredo é surpreender no final

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O Grande Truque: direção de Christopher Nolan O MUNDO DA MÁGICA TRATADO COM FANTASIA E IMAGINAÇÃO Já não há mais palcos para os espetáculos de magia em nossos tempos digitais. Mas no final do século XIX, os mágicos de fraque e cartola eram celebridades, que assombravam as plateias com truques desconcertantes. Faziam questão de atiçar a curiosidade do público e jamais revelavam seus segredos. Alguns fizeram fama e fortuna, até o momento em que as façanhas da tecnologia começaram a criar outras atrações mais... midiáticas.         O escritor britânico Christopher Priest se interessou por esses tempos áureos da mágica e encontrou assunto para escrever seu romance Prestige , publicado em 1996. Partiu da história real do mágico chinês conhecido como Ching Ling Foo, cuja especialidade era fazer surgir objetos por debaixo de seu lenço de seda. Alguns eram grandes e pesados, como um aquário cheio d’água contendo vários peixes dourados. Ninguém sabia como ele conseguia tal façanha, já que era u

Sinais: suspense à moda antiga

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Sinais: direção de M. Night Shyamalan SUSPENSE COM ABORDAGEM TRADICIONAL, MAS ELETRIZANTE De certa forma, o espectador já sabe o que esperar de um filme de M. Night Shyamalan: suspense, temas sobrenaturais e uma reviravolta ao final da trama, com capacidade para surpreender até os mais atentos na plateia. Fez isso em O Sexto Sentido e conquistou a fama de herdeiro de Hitchcock, como rei do suspense. Em seu filme de 2002, Sinais , o diretor parece levar a sério tal honraria. Logo na abertura, lança mão de uma trilha sonora de impacto, criada por James Newton Howard, bem ao estilo daquelas compostas por Bernard Herrmann para o filme Psicose . Tal ardil surte efeito: o espectador agora é pura expectativa! Porém, não é o sobrenatural que inunda a atmosfera de mistério. O que nos faz contorcer na poltrona é a possibilidade de uma invasão extraterrestre com implicações apocalípticas.           Segundo Shyamalan, a ideia para o filme nasceu quando imaginou o susto de uma família de fazendeir

Viajantes – Instinto e Desejo: humanos em busca de humanidade

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Viajantes - Instinto e Desejo: direção de Neil Burger O MELHOR E O PIOR DO SER HUMANO, DENTRO DE CADA INDIVÍDUO O nome do diretor Neil Burger estampado nos créditos, foi o que me fisgou. Ele já assinou filmes marcantes, como O Ilusionista e Sem Limites , mas também se dedicou a produções voltadas para um público mais... adolescente, como Divergente . Nesta ficção científica realizada em 2021, intitulada Viajantes – Instinto e Desejo , ele volta a lidar com um elenco jovem, para abordar temas complexos e repletos de desdobramentos. Enquanto assistia ao filme, um sem número de pensamentos convergentes me ocorreu. Se o objetivo do diretor era o de estimular a plateia a fazer reflexões filosóficas, conseguiu. Mas antes de continuar com a minha digressão, será preciso estabelecer a sinopse do filme:           A história de Viajantes – Instinto e Desejo se passa em 2063, quando os cientistas descobrem um planeta próximo à Terra, que oferece todas as condições para acolher a vida humana. Ma

Metrópolis: ficção científica do expressionismo alemão

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Metrópolis: dirigido por Fritz Lang FICÇÃO CIENTÍFICA COM VALOR ARQUEOLÓGICO Metrópolis , o filme de Fritz Lang, foi lançado em 1927. É, portanto, um senhor idoso, com quase 100 anos. Produto comercial de quando o cinema ainda estava em seu nascedouro – ainda era mudo! Mas engana-se quem pensa que o fazer cinematográfico ainda não era industrial naquela época. O austríaco Fritz Lang, o maior nome do expressionismo, era um cineasta consagrado, com grandes obras no seu currículo. Foi para Hollywood e voltou para a Alemanha com conhecimentos técnicos, equipamentos e argumentos, para convencer os produtores a financiar o filme mais caro realizado até então. Criou uma obra-prima da ficção científica, que moldou o gênero e ainda hoje exerce influência com sua estética expressionista. E também conseguiu um estrondoso fracasso de bilheteria!           Para minimizar os prejuízos, o estúdio e seus distribuidores resolveram picotar o filme. Excluíram um quarto das cenas, na tentativa de torná-lo

Déjà Vu: thriller policial que mistura romance e viagem no tempo

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Déjà Vu: filme dirigido por Tony Scott UM GRANDE ROTEIRO NAS MÃOS DE REALIZADORES COMPETENTES Todo mundo já experimentou a sensação: um lampejo de memória assume o comando da consciência e nos põe em dúvida acerca da realidade. Ficamos com um duplo registro, onde “já vivi essa situação anteriormente” passa a ocupar o mesmo espaço mental que “nunca vivi essa situação antes”. A impressão é a de que, a qualquer momento, estaremos diante da famigerada tela azul do Windows!           Que experiência instigante é um déjà vu! Enseja especulações em diferentes campos, da psicologia à espiritualidade, passando pela física, química, biologia, até chegar na... ficção científica, quando essa expressão em francês ganha contornos mais divertidos. O filme  Déjà Vu , realizado em 2006 por Tony Scott tem tudo para ser o perfeito exemplo daquilo que já vimos à exaustão no cinema: explosões, tiros, perseguições, vilões desalmados, policiais implacáveis, viagem no tempo... Mas espere! Há vários elementos

O Exterminador do Futuro: viagem no tempo para eliminar o líder da resistência

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O Exterminador do Futuro: direção de James Cameron O EMBATE FINAL ENTRE O HOMEM E A MÁQUINA No início dos anos 1990, estive a trabalho na Coreia do Sul. Recém-aberto para o mundo, o país fervia em otimismo e pujança econômica, mas os coreanos ainda se espantavam ao cruzar na rua com rostos ocidentais. Todos os olhares se desviavam na minha direção, literalmente. Era constrangedor. Certa manhã, numa rua movimentada de Seul, coloquei um par de óculos escuros, para ver se chamava menos atenção. Que nada! Ao dobrar uma esquina, dois garotinhos que brincavam se assustaram ao me ver. Saíram em disparada, aos berros:           – Terminator! Terminator!           Cai na risada. Olhei em volta, para ver se era algum tipo de pegadinha, porque meu porte físico era o oposto exato daquele ostentado por um Schwarzenegger. Além disso, estava usando barbas. E o Exterminado do Futuro não tem barbas! Concluí que bastou um simples par de óculos escuros para me caracterizar como o personagem daquele film

Solaris: filme de 1972 dirigido por Andrei Tarkovski

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Solaris: filme de Andrei Tarkoviski FICÇÃO CIENTÍFICA COM A MÁXIMA DENSIDADE EMOCIONAL O cineasta russo Andrei Tarkovski se dizia um escultor. A matéria-prima com a qual esculpia seus filmes era o tempo. E ele fazia isso com gosto. Seus planos longos se estendem muito mais do que as plateias ocidentais estão acostumadas. Seu cinema é para fazer pensar, ou melhor, para estimular o espectador a meditar. Exige que a audiência traga para a sala de cinema uma bagagem considerável: arte, filosofia, psicologia, história... Demanda conexões que não são todos os cinéfilos que estão dispostos a fazer. Seu filme mais ocidentalizado – e talvez por isso, aquele que dizia menos gostar – é Solaris , uma obra de ficção científica que ele realizou em 1972. O filme é conhecido por rivalizar com o Clássico de Stanley Kubrick 2001 - Uma Odisseia no Espaço , de 1968. Mas essa história de rivalidade é uma bobagem. As duas obras se tocam em apenas dois pontos: o apuro visual envolvido na sua concepção e o fa

Duna: história repleta de significados, com tempero artístico

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Duna: filme de Denis Villeneuve EXCELÊNCIA VISUAL, NUMA ABORDAGEM REALISTA Lembro que assisti ao filme Duna , dirigido em 1984 por David Lynch, em uma sala de cinema. Entrei empolgado, pois além de apreciar o gênero ficção científica, estava prestes a degustar uma produção escrita e dirigida pelo diretor cujo filme anterior havia sido O Homem Elefante . Saí frustrado. Excessivamente alegórico e preso a minúcias teatrais, o filme me pareceu... chato! Mas seu tom épico gerou um certo burburinho na mídia, o que me levou a ler o livro Duna, escrito por Frank Herbert em 1965. Confesso que meu nível de empolgação continuou baixo. Embora tenha percebido a importância da obra para o gênero – o autor foi um precursor da saga de ficção científica, como a conhecemos hoje – não me tornei um fã. Talvez estivesse anestesiado pelo impacto de Blade Runner – O Caçador de Androides , esse sim um filme que marcou a década de 1980.           O propósito dessa introdução foi o de justificar minha f

Avatar: ficção científica com significados espirituais

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Avatar: filme dirigido por James Cameron VAMOS ACABAR FLUENTES NO IDIOMA NA’VI Quando foi lançado em 2009, o filme Avatar , dirigido por James Cameron, extasiou os amantes da ficção científica. A promessa de imagens espetaculares, geradas por meio de tecnologias de ponta na computação gráfica, foi atrativo mais do que suficiente para me arrastar até um cinema IMAX, onde assisti ao filme em 3D. Precisei comprar os ingressos com antecedência – dois, porque fiz questão de levar Ludy comigo. Minha mulher não é exatamente uma entusiasta do gênero, mas entrou no cinema certa de que aproveitaria bons momentos de entretenimento. Saiu satisfeita, mas sem demonstrar um décimo da empolgação que se apoderou de mim. Na volta para casa, já fazia planos para revisitar o filme tantas vezes quanto fossem necessárias, até investigar todos os seus detalhes.           Para os cinéfilos mais concentrados na arte cinematográfica, Avatar é cinema comercial por excelência, rotulado imediatamente como peça de

A Guerra do Amanhã: ação, drama familiar e uma premissa descabida

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A Guerra do Amanhã: dirigido por Chris McKay HAVERÁ FUTURO PARA NOSSOS FILHOS E NETOS? Nesses dias conturbados, temos uma guerra entre russos e ucranianos sendo transmitida ao vivo por todas as plataformas. E uma das incômodas, que produzem cenas tristes, lamentáveis e absurdas de tanta destruição. Quando o conflito eclodiu, o que primeiro chamou a atenção da opinião pública foi a idade dos soldados no campo de batalha. Jovens de 18 ou 19 anos, metidos em uniformes e armados de fuzis, que não conseguem disfarçar a expressão assustada. Entretanto, não há novidade na convocação da juventude para encarar os horrores da guerra. A humanidade faz isso desde sempre. Deixa os donos do poder – eles mesmos os causadores das guerras – na retaguarda, para dar ordens e costurar as narrativas que julgarem apropriadas, enquanto os garotos morrem no front. Essa lógica cruel que rege as guerras de verdade aparece invertida no filme A Guerra do Amanhã , dirigido em 2021 por Chris McKay. Nessa ficção cie

Moonfall - Ameaça Lunar: um filme de catástrofe que é... catastrófico!

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Moonfall - Ameaça Lunar: direção de Roland Emmrich O DESASTRE COMEÇA PELO ROTEIRO! Para contar uma história da melhor maneira possível, é legítimo que um cineasta subverta as leis da física, ignore as forças da natureza e chute para o espaço os princípios da lógica. Só não pode abrir mão da verossimilhança. É preciso manter coerência entre as situações extraordinárias que inventa e o universo interno dos seus personagens. Enquanto o espectador seguir reconhecendo a verdade no fluxo emocional que chega irradiado da tela, pouco importa se a história parece irreal e improvável. Pelo menos ela é verossímil! No filme Moonfall – Ameaça Lunar , dirigido em 2022 por Roland Emmerich, todos os baldes foram chutados, respingando absurdos por todos os lados. Foi tudo em nome do entretenimento, é verdade, mas quem gosta de cinema não se contenta com passatempos. Para ficar no trocadilho, o filme é um desastre.           Quem entra na sala de cinema para assistir a um filme sobre a destruição catast

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