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Psicose: o maior sucesso de Alfred Hitchcock

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Psicose: filme dirigido por Alfred Hitchcock O PRIMEIRO FILME DE TERROR MODERNO Meus pais assistiram ao filme Psicose no cinema. Vivenciaram o retumbante impacto que ele provocou na época do seu lançamento e se arrepiaram com a história forte e chocante que trazia. Alfred Hitchcock o realizou em 1960, o mesmo ano em que nasci, portanto, só tive a oportunidade de conferir o filme muitos anos depois, quando me deparei com ele na sessão de clássicos da locadora. É óbvio que no meu videocassete a história não pareceu assim tão forte, nem chocante!           Mas nenhum cinéfilo que se preze passa incólume por Psicose . O título marcou gerações e mudou a história do cinema, dentro e fora das salas de exibição, na frente e por trás das câmeras. Para as novas gerações, o filme talvez não passe de uma mera curiosidade, mas os que se dispuserem a fazer uma visita guiada, podem se surpreender. Para começo de conversa, vamos a uma rápida sinopse.           Marion Crane, interpretada por Janet Lei

Em Busca do Cálice Sagrado

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O SANTO GRAAL DO HUMOR ANÁRQUICO, SURREALISTA E ETERNAMENTE ATUAL Monty Python: Terry Gillian dirigiu esse filme da trupe O cinema parecia apenas um veículo para que os Monty Python transportassem seu humor criativo e revolucionário. Mas Terry Gillian estava lá para fazer cinema de verdade! Foi o cartunista americano que assinou as sequências de animação nos filmes da trupe inglesa.  Dirigiu Em Busca do Cálice Sagrado , Os 12 Macacos, Brazil – O Filme, Os Irmãos Grimm... É um contador de histórias com uma assinatura inconfundível e total domínio das técnicas narrativas. ------------------------------ Só me dei conta da existência do Monty Python depois de assistir a  Em Busca do Cálice Sagrado  no cinema. Foi um choque de diversão! Só depois descobri os programas de TV, as músicas, os livros... O humor dos ingleses é inspirador!

Uma História Real: filme de David Lynch

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Direção: David Lynch VERDADEIRA, EMOCIONANTE E CONTADA COM SENSIBILIDADE A velhice. Por que demoramos tanto para encará-la nos olhos? Ela recebe nosso desprezo por décadas, mas é irredutível. Fica lá, à espreita, enquanto fazemos de conta que não é com a gente. Tem tanto a dizer, mas nos fazemos de surdos. Quando a enxergamos num relance, ela está tão distante que não conseguimos vê-la com nitidez – temos as lentes embaçadas de aqui e agora.           Com o envelhecer, acontece o oposto! Ele está sempre ao nosso lado. Ele nos ensina, enaltece nosso amadurecimento, estimula nosso aprendizado. Mesmo quando fazemos seis anos de idade, soprando a vela em cima do bolo, ele está lá para lembrar que agora já não temos mais cinco anos... Já podemos ocupar uma carteira na turma do primeiro ano!           A velhice, não! É uma tutora ausente. A danada demora para dar as caras, mas quando chega, é de repente. Chega se impondo, autoritária, sem compaixão e sem escrúpulos. O que mais surpreende na

Os Imperdoáveis: o melhor filme de Clint Eastwood

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Direção: Clint Eastwood O DIRETOR CERTO PARA FILMAR UM ROTEIRO IMPECÁVEL Western, bangue-bangue, filme de caubói... Dizem que é um gênero americano por excelência, mas penso nele como sendo universal: um homem, suas crenças e seus valores, resolvendo as diferenças com a vida por conta própria. Defendendo-se do que considera injusto. Agindo de acordo com o que lhe sussurra a própria consciência. Nada de estado, nada de burocracia, nada de labirintos jurídicos! É claro que a violência acaba ganhando espaço nesse tipo de filme, afastando o público mais sensível. Tanto é que, por décadas, o Óscar torceu o nariz para o gênero. Desde que Cimarron ganhou o prêmio de melhor filme em 1931, o próximo western a repetir a façanha foi Dança com Lobos e isso sessenta anos depois, em 1991. Mas então, passados apenas dois anos, vem Clint Eastwood com seu Os Imperdoáveis e arrasa. Sai com quatro estatuetas: melhor filme, melhor diretor, melhor ator coadjuvante – para Gene Hackman – e melhor montag

M*A*S*H: nasceu filme e depois virou série

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M*A*S*H: direção de  Robert Altman O CASO DE UM FILME BRILHANTE, OFUSCADO PELO PRÓPRIO SUCESSO Talvez muitos não se lembrem, mas M*A*S*H nasceu como filme, dirigido em 1970 por Robert Altman e estrelado pelos jovens Donald Sutherland e Elliott Gould. Venceu o Óscar de melhor roteiro adaptado e surgiu como um sopro de novidade, apesar de ser politicamente incorreto, sexista, ácido e irreverente. Comportado, se comparado ao humor escrachado dos filmes de hoje, mas trazia uma comédia arrojada e moderna quando foi lançado, naqueles anos agitados! Retratou uma juventude transgressora, antibelicista e... hippie. De imediato, o filme inspirou a realização de uma série de TV, que alcançou estrondoso sucesso por 11 anos. Terminou ofuscado por ela!           Antes de chegar às salas de cinema, essa história teve um longo período de gestação. Foi concebida como um romance, intitulado M*A*S*H: A Novel About Three Army Doctors , escrito em 1968 por Richard Hooker – esse era na verdade o pseudônimo

Estrada Para Perdição: história em quadrinhos que virou filme

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Estrada Para Perdição: filme dirigido por Sam Mendes UMA ADAPTAÇÃO ELEGANTE, QUE NÃO SE DETÉM NA NATUREZA GRÁFICA DA HQ – História em quadrinhos? Faça-me o favor! Isso é coisa de criança! – exclamou Celso, sem papas na língua, enquanto examinava minha pilha de gibis. Não se interessou por nenhum deles. Tentei provar que ele estava errado, mostrando um exemplar do The Spirit , criação de Will Eisner, mas o truculento não deu ouvidos. Disse que tinha mais o que fazer e foi saindo apressado. Antes de pôr os pés na rua, reforçou o convite para a sua festa de despedida. Aos dezoito anos, estava de partida para Brasília. Fora destacado para servir na polícia do exército. Também pudera! Era um cara grande e forte, com 1,90 de altura e ainda em fase de crescimento. Já o tinha visto brigando no bairro e sabia que ele se daria muito bem na caserna. Era o sujeito mais bronco da rua e tinha essa aversão por livros e revistas, mas era muito gente boa! Sempre achei que o Celso poderia virar um ótimo

Sou ou Não Sou: comédia zoando com os nazistas

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Sou ou Não Sou: direção de Alan Johnson HUMOR REFINADO SOBRE NAZISTAS, COM TIMING PRECISO Mel Brooks numa comédia refinada, onde Hitler e seus nazistas são retratados com deboche? O primeiro filme que veio à sua mente provavelmente foi o ótimo Primavera Para Hitler ( The Producers , no original), que o comediante realizou em 1968. Mas o tema desta crônica é outro: quero falar do filme Sou ou Não Sou , dirigido em 1983 por Alan Johnson. Esse é um trabalho menos conhecido de Mel Brooks, onde ele, Anne Bancroft e Charles Durning dão um show de carisma e talento. Trata-se de um remake da produção homônima dirigida em 1942 por Ernst Lubitsch, cineasta alemão que desde a década de 1920 vinha atuando em Hollywood.           À primeira vista, Sou ou Não Sou é apenas um filme antiquado, mas na medida em que vai desfiando suas cenas engraçadas e inteligentes, torna-se cativante e envolvente. Sua trama é ágil e bem costurada, seguindo um timing preciso e impondo um tom teatral que presta homena

Rush - No Limite da Emoção: um dos melhores filmes de corrida já realizados

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Rush - No Limite da Emoção: filme dirigido por Ron Howard UMA DAS RIXAS MAIS EPOLGANTES DA FÓRMULA 1 Rush - No Limite da Emoção , filme dirigido em 2013 por Ron Howard, é um dos melhores filmes de corrida já realizados! Mais que isso, é uma verdadeira façanha cinematográfica. Apertei o play esperando encontrar algum entretenimento, voltado mais para os amantes da Fórmula 1 e embalado por cenas de ação em ritmo... acelerado. E estava certo: o filme é exatamente isso. Mas, para minha surpresa, também abriu espaço para o drama e trouxe seus protagonistas para o primeiro plano. Desenhou um retrato empolgante de dois grandes personagens do mundo esportivo: James Hunt e Niki Lauda, dando a eles uma dimensão heroica. E assim, consegue envolver até mesmo aqueles desatentos ao automobilismo.           O filme é sobre a rixa que os dois pilotos travaram nos anos 1970, dentro e fora das pistas. Mas dizer que as corridas servem apenas como pano de fundo, enquanto o destaque vai para os personagens

Estrada Sem Lei: a história real de Bonnie e Clyde

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Estrada Sem Lei: filme de  John Lee Hancock NA ERA DO  STREAMING, AS BOAS HISTÓRIAS ESTÃO GANHANDO NOVAS CHANCES Bonnie e Clyde eram bandidos e celebridades. Admirados por multidões, a despeito de terem se tornado assassinos cruéis e sanguinários, também eram pedras nos sapatos da lei. Para capturá-los, dois Texas Rangers do primeiro time foram escalados: Paul Newman e Robert Redford. Bem... ao menos era essa a intenção de John Fusco, roteirista e produtor. Para ele, a dupla de astros de Hollywood era perfeita para interpretar os protagonistas e tratou de envolvê-los no projeto. Trabalhou por anos para concretizar financeiramente essa ideia, mas jamais obteve sucesso. Até que a Netflix entrou na jogada. O serviço de streaming comprou o projeto, convocou Kevin Costner e Woody Harrelson e viabilizou Estrada Sem Lei , filme de 2019 dirigido por John Lee Hancock.           Com seus planos abertos e ritmo envolvente, Estrada Sem Lei parece ter sido feito para as telas dos cinemas. Ao mesm

Bingo: O Rei Das Manhãs: a história real do palhaço Bozo

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Bingo: O Rei das Manhãs: filme dirigido por Daniel Rezende UMA DAS MELHORES REALIZAÇÕES DO CINEMA BRASILEIRO! A mesma tecnologia digital que criou as proezas da computação gráfica, ajudou a baratear os custos de produção e permitiu uma expansão da indústria do cinema. Países que jamais ousavam rivalizar com os grandes centros de produção, hoje encontram plateias ávidas por novidades nas plataformas de streaming. Zapear por elas é como navegar em águas internacionais, sempre sujeitas a tempestades e ao tráfego intenso. O problema é que, vez ou outra, embarcamos em algumas canoas furadas – isso mostra que fazer cinema pode parecer uma aventura, mas não é para aventureiros!           O padrão hollywoodiano de fazer filmes continua se impondo: combina investimentos com trabalho em equipe, dedicação e profissionalismo. Mas a fórmula só garante a qualidade técnica das produções. O que faz um bom filme é o talento daqueles que ousam contar boas histórias. Primeiro, vem a ideia para o enredo.

1917: atravessando a Terra de Ninguém durante a Primeira Guerra Mudial

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1917: filme dirigido por Sam Mendes O PRINCIPAL PERSONAGEM É A CÂMERA! Há tempos li uma entrevista concedida por Stanley Kubrick, onde ele é questionado sobre o motivo pelo qual jamais filmou uma história de sua autoria. De fato, a filmografia do aclamado diretor é composta por obras de vários gêneros, mas todas escritas por terceiros. Kubrick alegou acreditar na beleza e no impacto de se ouvir uma história pela primeira vez.         Em sua reposta mostrou que eram justamente esses dois valores, beleza e impacto, que tentava passar aos espectadores. Para tanto, precisava, ele mesmo, vivenciá-los antes de assumir seu papel de contador de histórias. Segundo o diretor, durante o processo de construir uma história partindo do zero, tendo que aparar arestas e solucionar a trama, o encanto inicial acaba se quebrando. Por isso preferia filmar histórias cuja magia da primeira leitura ainda carregasse viva na memória.         Talvez essa tenha sido apenas uma desculpa – ou palavras de efeito

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