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Nasce Uma Estrela: já são cinco versões!

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Nasce Um Estrela: direção de Frank Pierson RECEITA DE SUCESSO, QUE JÁ RENDEU CINCO VERSÕES Já faz tempo que a palavra sucesso vaga pelas nossas falas e conversas, rondando feito assombração. Sibila provocações, atiçando as almas ambiciosas e aquelas em busca de reconhecimento. Sopra insinuações, para nos fazer acreditar que só há êxito verdadeiro quando os aplausos são ensurdecedores, quando os “likes” se contam aos milhões, quando nossos feitos alcançam multidões. Foi quando passou a andar abraçado com a fama que o sucesso deixou de ter escala individual. Ganhou dimensão coletiva, medida em cifras. Sem fama, não há sucesso. Sucesso é a escada que leva à fama!           Para muitos, sucesso e fama se tornaram objetivos de vida. Há dois caminhos para alcançá-los, o mais difícil é seguir pelo trabalho duro, obstinado e disciplinado. O mais fácil – e também o menos acessível – é encontrar um atalho, geralmente proporcionado por um patrocinador. O primeiro caminho é pavimentado pelo mérit

Jadotville: a história real do ataque à tropa de paz da ONU

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Jadotville: fime com roteiro de Kevin Brodbin OS MOCINHOS SÃO DA TROPA DE PAZ, MUNIDOS DE MUITA CORAGEM A história da humanidade é a história das nossas guerras, geralmente narrada pelo lado vencedor. Basta abrir um livro didático do ensino médio e constatar que ele estará organizado de acordo com a expansão dos impérios, conquistas de territórios, revoluções, lutas por independência... As guerras estruturam a história que aprendemos nos bancos escolares, mas também são fontes inesgotáveis de... boas histórias!  Me refiro ao s dramas pessoais vividos durante as guerras, que sempre forneceram conteúdo para a literatura e depois para o cinema, onde o gênero se desdobrou em subgêneros, englobando desde os filmes que se detém especificamente nos combates, até aqueles onde a guerra vira apenas pano de fundo. Encontramos produções grandiosas e elaboradas, mas também tropeçamos em filmes B, onde o que manda é a ação, pura e simples.          O filme  Jadotville , dirigido em 2016 por Richi

O Ovo da Serpente: é preciso matar o monstro ainda dentro da casca

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O Ovo da Serpente: filme dirigido por Ingmar Bergman ALERTA: É PRECISO MATAR O FASCISMO AINDA NA CASCA! O Sétimo Selo , Gritos e Sussurros , A Flauta Mágica , Fanny e Alexander , Sonata de Outono ... Na extensa filmografia de Ingmar Bergman, figuram algumas das mais importantes produções da história do cinema. O cineasta é reverenciado como um dos principais nomes da sétima arte, por lidar com uma estética apurada, por ampliar o alcance da linguagem cinematográfica e por tratar seus personagens com inigualável profundidade psicológica. Por isso, é curioso perceber que o título O Ovo da Serpente , que ele dirigiu em 1977, é citado sempre lá no final dessa lista, classificado como uma realização menor – juntamente com A Hora do Amor , forma a dupla de filmes falados em inglês que o cineasta rodou.           Investigando a crítica especializada, é fácil encontrar narizes torcidos para O Ovo da Serpente . Dizem que é seu filme mais... hollywoodiano. Lembram que o diretor focalizou apenas

Rocketman: verdade dramatizada tocando nos temas polêmicos

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Rocketman: filme estrelado por Taron Egerton CINEBIOGRAFIA SINCERA, COMO AS CANÇÕES DE ELTON JOHN Cinéfilo desatento às dinâmicas do show business, cliquei no serviço de streaming para assistir a Rocketman , filme de 2019 dirigido por Dexter Fletcher. Acreditava que veria apenas uma resposta comercial aos artistas rivais, retratados em Bohemian Rhapsody . Tinha bons motivos para pensar assim: esse mesmo diretor havia trabalhado um bom tanto naquela cinebiografia de Freddie Mercury e abandonou o projeto por divergências criativas com os produtores, deixando a bomba nas mãos de Bryan Singer. Ledo engano! Fletcher abraçou Rocketman com grande avidez e o dotou com luz própria. Retratou a vida de Elton John com mais competência, desenvoltura narrativa e sensibilidade artística. E embora a obra nos chegue com aquela aparência de... cinebiografia autorizada, foi construída com a mesma sinceridade que percebemos nas canções de Elton John.           Tudo que vem de Elton John é complicado e s

Tubarão: o filme de 1976 que consagrou Steven Spielberg

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Tubarão: filme dirigido por Steven Spielberg MEDO E SUSPENSE, EM DUAS NOTAS QUE VALEM POR UMA SINFONIA Quando uma cena é bem escrita, basta um olhar do personagem para saber o que se passa na sua cabeça, entender seus medos, calcular suas reações... A arte de contar histórias é sobre criar chances para gerar empatia com o público. Elas são fabricadas durante a escrita do roteiro e depois, os grandes diretores e atores tiram delas o melhor proveito. Steven Spielberg fez isso de forma magistral ao longo de toda a sua extensa filmografia, mas no filme Tubarão , de 1975, quando contava apenas 26 anos, realizou uma grande proeza.          Sua maior façanha n ão foi a de dar vida a um monstro assustador por meio de uma geringonça mecânica. Também não foi a de sincronizar o momento exato do suspense com a ajuda do seu diretor musical John Willians. Foi a de colocar o espectador no lugar do Xerife e deixá-lo imaginando o que faria se estivessem em seu lugar. Conseguiu  isso chegando a um rote

Zabriskie Point

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Zabriskie Point: filme dirigido por Michelangelo Antonioni Há 50 anos Michelangelo Antonioni realizou Zabriskie Point, um filme que retrata a juventude empenhada em destruir os valores culturais da época e pregar a contracultura. Embora não consiga ir além do mero escapismo, o filme vem com uma estética sedutora. Ao som de Pink Floyd, oferece um final deliciosamente catártico. ------------------------------ A popularização das supercâmeras digitais, que conseguem capturar imagens a mais de 2 mil frames por segundo, deflagrou na internet uma febre de vídeos em câmera lenta. Quando vejo um desses me lembro do impacto de assistir ao filme Zabriskie Point no cinema. O que poderia haver de mais moderno?

E La Nave Va: a expressão de um cinema superlativo

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E La Nave Va: filme dirigido por Federico Fellini CINEMA SINGRANDO OS MARES DA ÓPERA E La Nave Va é um filme... musical! Não apenas no sentido que empregamos para evocar o gênero consagrado em Hollywood, onde as canções ocupam a fala dos personagens e conduzem toda a narrativa. Esse é musical porque foi feito da mesma substância com a qual os músicos materializam suas criações. É ópera, é circo, é uma invenção surreal, é uma comédia, é abordagem histórica... É Federico Fellini. Foi realizado em 1983 e está entre os seus grandes filmes. Aqui o cineasta empenhou considerável esforço criativo e nos brindou com sua inconfundível sensibilidade artística. É cinema superlativo, costurado com metáforas, provocações metalinguísticas, rompantes de humor e momentos de um delicioso regozijo estético.           E La Nave Va é sobre o vapor Glória N, que parte de algum porto italiano. O ano é 1914 e o objetivo é seguir num cruzeiro fúnebre até a ilha de Erimo, terra natal da falecida cantora Edmea

A Noite Americana: um filme sobre a paixão de fazer cinema

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A Noite Americana: filme de François Truffaut A AVENTURA DE RODAR UM FILME, NA VISÃO DE UM APAIXONADO PELA SÉTIMA ARTE Realizar um filme sobre o drama de realizar um filme é como sonhar que se está sonhando. Assistir ao filme A Noite Americana , realizado em 1973 por François Truffaut, é como passar quase duas horas enxergando com os olhos do diretor. É como ter o prazer de ser aquela mosquinha que zanza despercebida por todos os cenários, testemunhando segredos e fatos omitidos. Enfim, é um deleite para qualquer cinéfilo! Mas não se trata de mero exercício acadêmico de metalinguagem, ou de uma obra com caráter documental. É cinema em estado puro.           A Noite Americana narra a saga do cineasta Ferrand, álter ego do próprio Truffaut, que roda um filme intitulado “Je Vous Présente Pamela”, um drama como tantos outros gestados pela indústria do cinema e destinado ao circuito comercial. Os percalços e as complicações são incontáveis: atores em pé de guerra, casos amorosos interferi

O Primeiro Homem: a história real da conquista da Lua

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O Primeiro Homem: filme dirigido por Damien Chazelle SIM, ELE VENCE NO FINAL. MAS COMO FOI DIFÍCIL!  Para começar essa crônica, vou direto ao final do filme: depois de anos de trabalho árduo, Neil Armstrong se torna o primeiro homem a pôr os pés na Lua e volta para a Terra, onde desfila em carro aberto sob os aplausos da multidão entusiasmada. Bem, isso não é nenhum spoiler. Todo mundo já sabe que a saga espacial da NASA nos anos 60 terminou em estrondoso sucesso. Mesmo contando essa história conhecida, O Primeiro Homem , filme de 2018 dirigido por Damien Chazelle, consegue capturar a atenção do espectador, pois o personagem que vai revelando é bem mais complexo do que aquele descrito nos resumos das apostilas de história do ensino médio. Além disso, ainda que o espectador já saiba como o filme vai terminar, aos poucos vai descobrindo que sabe pouco sobre seu começo e quase nada sobre a parte do meio!           O Primeiro Homem abordou um tema caro para os americanos. A opinião públic

Escola do Rock: aprendendo com as crianças

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Escola do Rock: filme de Richard Linklater MANDANDO A VEROSSIMILHANÇA ÀS FAVAS EM NOME DA DIVERSÃO Cinema é para ser levado a sério. Isso não impede que todos se divirtam exageradamente durante o processo de realização. É o que vemos em Escola do Rock , filme de 2003 dirigido por Richard Linklater. Os atores estão tão à vontade e parecem se divertir tanto que conseguem contagiar o espectador, a ponto de deixar um gostinho de quero mais no final. É um dos poucos filmes que conseguiram me manter hipnotizado durante toda a rolagem dos créditos finais – fiquei concentrado, como quem tenta “espremer” a garrafa de um bom vinho, na esperança de que ainda caiam algumas gotas na taça!           O filme Escola do Rock é uma espécie de Sociedade dos Roqueiros Vivos. Fico tranquilo para citá-la facilmente como uma das melhores comédias desse começo de século. O diretor Richard Linklater foi além do humor escrachado e conseguiu um certo refinamento em todas as cenas. O roteirista Mike White escrev

Perdidos na Noite: o Midnight Cowboy ao qual todo cinéfilo precisa assistir

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Perdidos na Noite: filme dirigido por John Schlesinger MÚSICA INESQUECÍVEL, PERSONAGENS MEMORÁVEIS E UMA CIDADE INTEIRA COMO PANO DE FUNDO Há filmes que espelham uma época e se tornam marco na história do cinema. Já aqueles que refletem a alma humana, resistem ao tempo e se eternizam na mente do espectador. Perdidos na Noite , filme de 1969 dirigido pelo inglês John Schlesinger conseguiu ambas as proezas. Contando uma história envolvente e carregada de sentimentos profundos e verdadeiros, permanece assombrosamente atual passados mais de meio século do seu lançamento.           É inegável que Perdidos na Noite ganhou força quando registrou as atuações espetaculares de Jon Voight e Dustin Hoffman. O primeiro encarnou Joe Buck, um jovem interiorano do Texas que se fantasia de cowboy e chega a Nova Iorque para ganhar a vida servindo madames ricas como garoto de programa. O segundo vive Ratso – apelido para Enrico Rizzo – um ladrão vigarista em petição de miséria, que vive num prédio cond

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