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Klaus: um jeito diferente de enxergar o Papai Noel

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Klaus: filme dirigido por Sergio Pablos UM JEITO DIFERENTE DE ENXERGAR O PAPAI NOEL Ao longo da vida já enxerguei a noite de Natal por diferentes ângulos. Quando criancinha, olhando os adultos de baixo para cima, sonolento dado o avançar das horas, só prestava atenção no colorido dos papéis de presente, tentando adivinhar qual deles seria o meu. Quando cresci e passei a enxergar o tampo da mesa, só tinha olhos para a fartura da ceia. Quando comecei a trabalhar, senti o prazer de poder presentear. Quando me casei, precisei me desdobrar em dois, um ano lá outro cá. Quando minha filha nasceu me peguei olhando de cima para baixo, tentando manter as tradições. Quando amadureci, entendi que confraternizar era mais do que apenas levantar brindes e tilintar os copos.         Aprendi os significados religiosos do Natal e ao longo dos anos percebi os laços familiares se apertando ao meu redor, conforme os mais singelos presentes eram trocados. Senti a falta dos que partiram. Comemorei a chegada

Fama: o musical de Alan Parker que marcou os anos 80

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Fama; filme dirigido por Alan Parker UM FILME QUE FALOU COM A JUVENTUDE DOS ANOS 80 Depois de realizar O Expresso da Meia Noite , Alan Parker deu um salto temático e caiu em uma escola de artes performáticas de Nova Iorque, para contar as aventuras, desventuras e sonhos de jovens aspirantes ao competitivo mundo do showbizz. O filme  Fama , que realizou em 1980, fez imenso sucesso e marcou toda uma geração, ditando moda, inspirando a abertura de escolas de artes em todo o mundo e emplacando canções inesquecíveis.           Inspirado no musical A Chorus Line , que mostra dançarinos disputando vaga em um musical durante as audições de seleção do elenco, o produtor David De Silva imaginou contar a história pregressa dos candidatos, desde a formação na escola de artes. Contratou Christopher Gore para escrever o roteiro e viabilizou a produção junto a um grande estúdio. O projeto caiu nas mãos do inglês Alan Parker, diretor consagrado, com sólida experiência no mercado da publicidade.     

Top 10 de 2020

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OS FILMES QUE MAIS DERAM O QUE FALAR AQUI NA CRÔNICA DE CINEMA           Crônica de Cinema é praticamente uma recém-nascida: está completando um ano! Nasceu como blog em janeiro de 2020. E olha, devo dizer que demanda tanto cuidado quanto uma filha de verdade. Exige atenção diária com pesquisa, planejamento, busca por imagens, diagramação, redação... Sempre com horário marcado. É um empreendimento gratificante, que me traz a oportunidade de conhecer gente que adora filmes tanto quanto eu – e sempre tem informações e opiniões para acrescentar. Além disso, permite extravasar o impulso urgente de escrever, que trago comigo desde sempre.           Para divulgar a Crônica de Cinema, criei uma página no Facebook e um perfil no Instagram. Minha ideia foi usar estas redes sociais como microblogs, postando textos mais longos do que o normal. Raciocinei da seguinte forma: quero me dirigir às pessoas que gostam de ler, que valorizam a linguagem escrita e não se detém diante de um text

Poder Absoluto: thriller assinado por Clint Eastwood

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Poder Absoluto: filme dirigido por Clint Eastwood ÓTIMOS ATORES RECITANDO UM TEXTO AFIADO Ao invadir uma mansão, ladrão de joias testemunha um assassinato. A vítima, a mulher de um bilionário. O criminoso, um homem importante e poderoso. Por sorte, o ladrão não é um qualquer, mas sim um daqueles personagens durões e infalíveis vividos por Clint Eastwood. Poder Absoluto , filme de 1997 que ele dirige e também protagoniza, é um thriller envolvente, com grandes atuações e um roteiro bem costurado pelo respeitadíssimo Willian Goldman.           Não sei explicar o porquê, mas não aprecio filmes que têm ladrões, vigaristas e larápios como protagonistas. Para romper com essa implicância inicial o enredo precisar ser muito bom. Poder Absoluto conseguiu esse feito e capturou minha atenção. Não está entre os grandes filmes assinados pelo diretor, mas reúne diversas qualidades que me lavam a recomendá-lo.           O personagem interpretado por Clint Eastwood ganha certa profundidade. Apesar do

Birdman (Ou a Inesperada Virtude da Ignorância): motivos de sobra para assisir

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Birdman: filme dirigido por Alejandro Iñárritu UMA GRANDE OUSADIA DO CINEMA,  FILMADA EM UM ÚNICO PLANO-SEQUÊNCIA Uma postagem recente da Crônica de Cinema sobre o filme 1917 , dirigido por Sam Mendes, rendeu comentários provocativos de seguidores da página no Facebook. Dois deles, Emmanuel Martins Manu e Sonia Cardoso, ficaram intrigados em relação às técnicas de filmagem que possibilitaram a montagem de apenas dois longos planos-sequência. A sugestão foi a de que escrevesse sobre tal proeza. Embora não tenha credenciais para entrar nos meandros técnicos, decidi aceitar a provocação, mas levando o assunto para um terreno que me é mais familiar: os recursos narrativos.           Para elevar a técnica do plano-sequência ao estado da arte, Sam Mendes contou com um vultoso orçamento, além de profissionais especializados e equipamentos de ponta. Seu filme é um espetáculo visual, mas não foi realizado em “duas tacadas”, como somos levados a crer. Na verdade, há diversos planos-sequência col

Escritores da Liberdade: nessa história real, uma professora muda a vida dos alunos

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Escritores da Liberdade: filme dirigido por Richard LaGravenese UMA HISTÓRIA REAL REVELA COMO A LITERATURA TRANSFORMA VIDAS Que mágica essa professora usará para salvar alunos enjeitados e revoltados, que já entram em sala de aula vitimados por tensões étnicas e sociais e pelo convívio com mazelas e violências? O que parecia impossível vira realidade. Não por mágica, mas por bom senso! Escritores da Liberdade , filme de 2007 escrito e dirigido por Richard LaGravenese é baseado na história real e inspiradora da professora Erin Gruwell e seus alunos de uma escola pública na Califórnia.           Quando a professora Erin Gruwell, interpretada por Hilary Swank chega para o seu primeiro dia de aula, vestindo um traje vermelho e usando colar de pérolas, o espectador não tem dúvidas: ela será massacrada. Os adolescentes em ebulição, fracionados entre as gangues de hispânicos, negros e asiáticos, logo a enxergam como a inimiga comum, perfeita representante de um sistema opressor dominado pelos

Um Sonho Possível: enaltecendo os méritos individuais

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Um Sonho Possível: filme dirigido por John Lee Hancock UMA HISTÓRIA EDIFICANTE  A mensagem principal do filme Um Sonho Possível ,  escrito e dirigido por John Lee Hancock em 2009, é sobre como os méritos e valores individuais podem vencer o determinismo pessimista que contamina a nossa sociedade. E essa é uma mensagem poderosa, que conquista o espectador logo de cara. Já nas primeiras cenas ele estabelece empatia com os personagens e, a partir daí, não quer se distrair com malabarismos narrativos ou exageros estilísticos.  Quer apenas que o filme vá direto ao ponto.           Foi o que fizeram os realizadores, adotando a mais tradicional linguagem dos dramas hollywoodianos. Acertaram em cheio! Um Sonho Possível nos conta uma história edificante, que aconteceu de fato com personagens verdadeiros, endinheirados e famosos. Tem claras pretensões comerciais, mas tem também um enredo envolvente, com pitadas equilibradas de drama e humor e está repleto de cenas emocionantes.        

Corações de Ferro: a fúria da guerra sem sentido

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Corações de Ferro: filme dirigido por David Ayer DENTRO DE UM TANQUE DE GUERRA É TÃO APERTADO QUE SÓ HÁ ESPAÇO PARA A FÚRIA Nos últimos dias da Segunda Guerra, cinco homens exauridos, confinados em um tanque Sherman, participam da invasão da Europa. A blindagem que os protege é a mesma que os torna expostos e vulneráveis. Seguem mesmo assim, munidos com a coragem de quem já não tem nada a perder, para se meter em algumas das batalhas mais ferozes já filmadas. Filme de 2014, dirigido por David Ayer, Corações de Ferro é um drama de guerra realista, com ótimos personagens.          Depois de assistir a esse filme, fiquei curioso para saber q uem inventou o tanque de guerra. Quem teve a cruel ideia de enlatar guerreiros junto com suas bombas? Seja quem for, talvez só quisesse proteger seus soldados. Torná-los mais eficientes. Mais letais. Bobagem! Em Corações de Ferro o diretor David Ayer, fluente na linguagem dos filmes de ação, mostra que não é nada disso! Um tanque é tão mortal para q

Rosa e Momo: um drama sobre amadurecimento com emoções verdadeiras

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Rosa e Momo: Edoardo Ponti CINEMA ITALIANO INTENSO, MADURO E CONDUZIDO COM OBJETIVIDADE Vez ou outra, enquanto estou concentrado escrevendo sobre filmes para alimentar a Crônica de Cinema, Ludy se dedica a uma atividade que me faz contorcer de inveja: ela assiste aos filmes! Aqui em casa, foi minha mulher quem primeiro degustou Rosa e Momo , produção de 2020 lançada pela Netflix. Depois, durante nossa caminhada, ela fez um saboroso relato, que me despertou a fome de cinema.           – Ela está ótima! Tem quase noventa anos e olha... Dá conta do recado – empolgou-se Ludy, descrevendo como a presença magnética da lendária Sophia Loren enriqueceu o filme.           – Como é mesmo o título?           – É Rosá e Momô – respondeu Ludy. Caprichou na acentuação para me ensinar a pronúncia correta dos nomes dos personagens.           Antes de assistir ao filme, fui fazer a lição de casa. Uma rápida pesquisa na internet revelou se tratar de uma produção dirigida pelo italiano Edoard

O Fabuloso Destino de Amélie Poulin: é uma comédia divertida, mas o tema é a solidão

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O Fabuloso Destino de Amélie Poulin: filme dirigido por  Jean-Pierre Jeunet É FABULOSO O QUE UMA GAROTA SOLITÁRIA E INVENTIVA É CAPAZ DE VIVER EM PARIS Perguntei à minha mulher qual era, afinal, o tema do filme  O Fabuloso Destino de Amélie Poulin . Surpresa com o meu interesse, ela foi logo avisando:           – É comédia, mas tem romance, um pouco de drama... Assisto de novo com você!           Ludy detesta repetir filmes. Para se dispor a ver novamente, é porque gostou muito. E se ela gostou... Tratei de conferir.   Esse filme francês é de 2001, mas de tão conservado, poderia ser deste ano. Nas mãos do diretor Jean-Pierre Jeunet, o roteiro de Guillaume Laurant ganhou uma atmosfera mágica e algo fantasiosa, com pitadas generosas de bom humor. É leve, envolvente, ágil e divertido, mas o que primeiro salta aos olhos é a direção de arte. Já no início percebemos nele a sensibilidade artística que o cinema francês tanto valoriza. Mérito do diretor e da designer de produção Aline Bonetto.

Crash: No Limite: histórias cruzadas, temas espinhosos

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Crash: No Limite: filme dirigido por Paul Haggis HISTÓRIAS CRUZADAS, DE PERSONAGENS QUE IRRADIAM EMOÇÕES INTENSAS Preconceito racial, xenofobia, tensão social, sexismo, machismo... Os temas mais espinhosos borbulham num caldeirão chamado Los Angeles, onde os aglomerados de gentes diversas se afastam e se isolam. Em Crash: No Limite , filme de 2005 escrito e dirigido por Paul Haggis, os personagens estão preocupados com seus dramas pessoais e não percebem que suas vidas se cruzam, num emaranhado de coincidências. Um grande filme, que até hoje suscita discussões.          O filme nos lembra que  na vida real as histórias se cruzam, embaralhando causas e efeitos numa teia incompreensível para quem segue eternamente concentrado nos próprios problemas. Paul Haggis colheu um punhado de histórias distintas e as costurou num roteiro primoroso, onde desenhou um retrato nítido de algumas das muitas tensões que pairam sobre os habitantes de Los Angeles.           – Ah, mas é forçar demais a barra

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