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Looper - Assassinos do Futuro: thriller sobre viagem no tempo

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Looper - Assassinos do Futuro: filme dirigido pot Rian Johnson VIAGEM NO TEMPO NARRADA COM COMPETÊNCIA, NUM ÓTIMO TRABALHO DE ATRORES Viagem no tempo é um tema fascinante no cinema, mas é algo espinhoso. Criar uma trama convincente exige elaboração em alto nível de detalhamento, capaz de fornecer explicações plausíveis a qualquer ação que escape do senso comum. É aí que está o problema: fica difícil evitar as cenas explicativas, o que arrasta a narrativa para o terreno do didático e do enfadonho. Em Looper – Assassinos do Futuro , Rian Johnson conseguiu contornar essa dificuldade. Escreveu e dirigiu um ótimo thriller de ação com fartas doses de ficção científica.           Nessa produção de 2012, Joe é um “looper”, um matador de aluguel pago por gangsters do futuro, que despacham suas vítimas para serem executadas e desovadas no passado. Faz seu trabalho com afinco e sem remorsos, sabendo que qualquer dia desses verá o seu próprio eu do futuro surgindo na sua frente, amarrado e encapuz

Operação Overlord: imaginação passando por cima dos fatos

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Operação Overlord: direção de Julius Avery ENTRETENIMENTO DESPREOCUPADO COM A PRECISÃO HISTÓRICA Muito bem, estamos falando de um filme sobre zumbis nazistas, repleto de sangue e violência, com cenas escabrosas de horror. Mas essa é apenas uma forma de definir Operação Overlord , filme de 2018 dirigido por Julius Avery. Aqueles que não apreciam o gênero, ou são sensíveis ao tema, vão riscá-lo de imediato da sua lista de filmes para conferir. Mas deixe-me colocar as coisas de outra forma, para animar quem está à procura de bons momentos de entretenimento: o filme nos traz uma ótima história, muito bem contada!           Basta lembrar que Operação Overlord é produzido por J.J. Abrams, um dos grandes nomes do cinema comercial. Depois de surgir com a ideia inicial, ele colocou a escrita do roteiro nas mãos do experiente Billy Ray – que já escreveu O Caso de Richard Jewell , Capitão Phillip e A Guerra de Hart . Para completar, o roteiro ainda foi burilado por Mark L. Smith –

Extraordinário: enfrentando uma síndrome rara

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Extraordinário: filme dirigido por Stephen Chbosky UM FILME LEVE E DELICADO SOBRE UM DRAMA PESADO E SOFRIDO Ludy e eu já estávamos com sono e prontos para uma noite que prometia ser de absoluto repouso. Mas, como todo cinéfilo que tem nas mãos o controle remoto da situação, decidi zapear, apenas para me certificar de que não havia nada de interessante em exibição. Ledo engano! Num determinado canal, descobri que em questão de minutos começaria Extraordinário , filme dirigido por Stephen Chbosky.   – De novo? Mas a gente já viu esse filme! – reclamou Ludy, avisando que já estava tarde demais para assistir a qualquer coisa. – Ah, hoje é sábado – retruquei. – Vai ser bom ver esse filme de novo, dessa vez com mais distanciamento, pra prestar atenção no cinema. Deixo o volume da TV bem baixinho. Minha mulher não teve alternativa senão concordar. Em poucos minutos estávamos os dois concentrados no filme. Essa produção americana de 2017 conta a história de Auggie, um garoto que veio a e

Invictus: uma história incrível, que até parece ficção

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Invictus: filme dirigido por Direção: Clint Eastwood AQUI, O ATOR QUE SE CONFUNDE COM O PERSONAGEM Quando Nelson Mandela morreu, em 2013, um comerciante indiano da cidade de Coimbatore fez questão de homenageá-lo. Mandou instalar um painel de publicidade com uma mensagem edificante, ilustrada com uma foto de... Morgan Freeman! A gafe correu o mundo e serviu para demonstrar a competência do ator ao interpretar o ex-presidente da África do Sul no filme Invictus , realizado em 2009 por Clint Eastwood.           Mais uma vez o diretor americano mostrou que tem faro apurado para as boas histórias. Essa lhe chegou às mãos pelo próprio Morgan Freeman. O ator há muito nutria o desejo de interpretar Mandela, de quem se tornou amigo pessoal. Encontrou-se diversas vezes com o líder político e estudou seus gestos e modo de falar. Quando conheceu John Carlin, autor do livro Playing the Enemy: Nelson Mandela and the Game that Made a Nation, Freeman apresentou a Mandela a ideia de transformá-lo em u

A Queda! As Últimas Horas de Hitler: um ditador acuado em seu bunker

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A Queda! As Últimas Horas de Hitler:filme dirigido por Oliver Hirschbielgel O SER HUMANO REFLETIDO EM SEUS DETALHES MAIS SÓRDIDOS Engana-se quem acredita que o mal se apresenta horrendo, repugnante, com feições monstruosas... Nada disso! Ele se mostra afável, sedutor, carismático e inspirador. É assim que consegue alcançar seus objetivos. O Hitler que vemos em A Queda! As Últimas Horas de Hitler , filme de 2004 dirigido por Oliver Hirschbiegel, é aquele que já deixou cair a máscara, mas vez ou outra se lembra de colocá-la. É aquele que se enfurnou no seu bunker, cercado de capangas, mas rosna feroz à espera do fim. Chafurdando em podridão, ainda se nega a enxergar sua condição humana. Continua posando de divindade!          O filme  A Queda! As Últimas Horas de Hitler é triste e pesado. Os acontecimentos que narra estão numa página que gostamos de arrancar dos livros de história, mas se fizermos isso, corremos o risco de encontrá-los escritos novamente, mais adiante. Talvez por isso o

Gran Torino: um filme sobre a disposição de aprender

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Gran Torino: filme dirigido por Clint Eastwood PARA QUE SERVE UM FILME SOBRE A INTOLERÂNCIA? PARA MOSTRAR O VALOR DA TOLERÂNCIA, ORA! – Gran Torino é um filme violento? – perguntou Ludy, insinuando que não estava disposta a assistir a tiros e pancadarias.            – Ainda não sei  – respondi. –  É dirigido e estrelado pelo Clint Eastwood e na foto da capa ele parece um Dirty Harry envelhecido. Acho que vai ter tiros e pancadaria!          M inha mulher hesitou, mas acabou convencida quando lembrei que o diretor era o mesmo que realizou o excelente  Os Imperdoáveis . Ela concordou em assistir e não se arrependeu!           A primeira coisa a ser dita sobre o filme Gran Torino é que estava redondamente enganado: Walt Kowalski, personagem que Clint Eastwood interpreta nesse filme de 2008, não tem nada a ver com Dirty Harry. Trata-se de um ex-combatente da Guerra da Coréia que se aposentou como trabalhador da Ford. Acaba de enviuvar e está mais interessado em viver sozinho os anos que

A Vida Dos Outros: o estado espionando seus cidadãos

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A Vida dos Outros: Florian Henckel von Donnersmarck QUANDO UMA SONATA PARA PIANO TOCA O CORAÇÃO DE UM HOMEM BOM Logo de início somos apresentados a Gerd Wiesler, agente da polícia política da Alemanha Oriental. Bastam poucas cenas para concluir: trata-se de um reles burocrata, que exerce com meticulosa dedicação o infame ofício de bisbilhotar a privacidade alheia para proteger o estado. Um homem menor, esmagado pelo peso da própria mediocridade. Um infeliz, que se submete a vigiar a vida dos outros como quem inspeciona frangos na esteira de um frigorífico.             Ocorre que Wiesler é destacado para vigiar o escritor Georg Dreyman, uma celebridade da cena cultural berlinense, que goza das benesses do partido. Sua missão é descobrir algo que possa comprometer o dramaturgo e sua namorada, a atriz Christa-Maria Sieland. As verdades que ele escuta vão de intrigas amorosas a interesses particulares sendo atendidos pela dispendiosa máquina estatal. Mas o espectador que espera assistir a

O Céu da Meia-noite: no final, a inevitável catástrofe global

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O Céu da Meia-noite: filme dirigido por George Clooney UM FILME DOIS EM UM: METADE INTIMISTA, METADE AVENTURA ESPACIAL O cinema é uma viagem! A ação que nos prende à tela também leva a divagações, traçando uma imprevisível trilha de livre associações. Foi o que aconteceu comigo a certa altura de O Céu da Meia-noite , filme de 2020 dirigido e estrelado por George Clooney. Apesar da sua longa barba grisalha imperando em cena, lembrei dele vivendo o psiquiatra Chris Kelvin, que investiga bizarrices numa estação espacial em Solaris , filme de 2002 escrito e dirigido por Steven Soderbergh. É bom lembrar que esse foi um remake do clássico Solaris , de 1972, dirigido por Andrei Tarkovski – um dos melhores filmes de ficção científica já realizados.           O clima de confinamento e a esmagadora solidão que preenche a estação espacial que serve de cenário para o filme de Tarkovski são os mesmos que sufocam o Doutor Augustine na estação polar de O Céu da Meia-noite . George Clooney talvez tenh

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