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A Batalha das Correntes: uma história real e... eletrizante!

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A Batalha das Correntes: filme de Alfonso Gomez-Rejon COMO THOMAS EDISON E GEORGE WESTIGHOUSE FUNDARAM O MUNDO MODERNO A Batalha das Correntes , filme de 2019 dirigido por Alfonso Gomez-Rejon, é um drama baseado em fatos. Narra a épica disputa entre Thomas Edison e George Westinghouse para criar e dominar o mercado da eletricidade nos Estados Unidos, nas últimas décadas do Século XIX. Foi uma corrida que ajudou a moldar o mundo como o conhecemos hoje, mas antes de falar sobre ela, ou sobre as qualidades da produção, quero tocar num assunto complexo: o título do filme!           Em Portugal o filme virou Guerra das Correntes , enquanto aqui no Brasil foi batizado de A Batalha das Correntes – ganhou um desnecessário artigo e ainda teve seu alcance reduzido, já que uma batalha está longe denotar o que foi uma guerra inteira. Ambos os títulos foram criados com a clara intenção de manter o paralelo com o original: The Current War . Mas há uma sutileza que escapou aos “tradutores”. Em portu

Thelma & Louise: duas mulheres encurraladas pelo machismo

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Thelma & Louise: filme dirigido por Ridley Scott UM FILME ONDE O ESPÍRITO DO TEMPO VEM SE MANISFESTAR No final do Século XVIII, o romantismo dos alemães rompeu com a hegemonia do pensamento racional iluminista. Deu voz aos sentimentos, à individualidade e às experiências pessoais nas reflexões filosóficas. A literatura, a música, as artes e a cultura ficaram mais arrebatadoras e... atormentadas! Foi nessa época que surgiu o conceito de Zeitgeist. A palavra do idioma alemão é traduzida como “espírito do tempo” e designa o ambiente intelectual, social e cultural de uma determinada época ou lugar. Ao mesmo tempo em que refletem esse espírito do tempo, as obras culturais o influenciam, ajudando a compor o caldo que ouso chamar de mentalidade.           Olhando para as obras cinematográficas, podemos perceber a mentalidade reinante que as produziu. Olhando para Thelma & Louise , realizado em 1991 por Ridley Scott, é fácil perceber como o filme foi bem-sucedido em capturar o Zeitgeis

7 filmes que condenam a intolerância racial

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Filmes que tocam no tema do racismo são polêmicos. Não deveriam ser: racismo é crime, doutrina moralmente inaceitável e prática repugnante, que reflete a mentalidade de gente obtusa e sem apreço pelos direitos individuais. Mas os que militam nas causas antirracistas enxergam nuances nas diferentes formas de abordar o tema e consideram algumas delas inapropriadas. Aqui está uma lista com sete filmes onde o racimo está no centro do enredo, para você tirar suas próprias conclusões. Clique e leia as crônicas sobre cada um deles. E fique tranquilo: aqui na Crônica de Cinema não damos spoliers. 1 - 12 Anos de Escravidão O relato real e contundente de Solomon Northip, um homem que perdeu a liberdade, mas lutou até reaver sua dignidade. Leia mais 2 - Missisipi em Chamas Um filme de Alan Parker sobre os horrores da segregação nos Estados Unidos, que continua sempre atual Leia mais 3 - Amistad Uma história verídica, filmada por Steven Spielberg como uma verdadeiro ode em favor das liberdades ind

8 histórias reais que viraram ótimos filmes

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Filmes baseados em fatos costumam adicionar pitadas de dramatização em histórias surpreendentes. Eis aqui uma lista com 8 filmes que prenderão sua atenção do começo ao fim. Clique e leia as crônicas sobre cada um deles. E fique tranquilo: aqui na Crônica de Cinema não damos spoliers. 1 - Sully - O Herói do Rio Hudson A história real do pouso forçado em em Nova Iorque contada com maestria por Clint Eastwood. Leia mais 2 - Capitão Phillips Um thriller eletrizante dirigido por Paul Greengrass sobre o navio sequestrado por piratas na costa da Somália. Leia mais 3 - Spotlight – segredos revelados O drama da investigação que revelou os casos de pedofilia na igreja de Boston Leia mais 4 - A Travessia O feito artístico de Philippe Petit, que atravessou as torres gêmeas na corda bamba, vira uma experiência de cinema vertiginosa Leia mais 5 - Os Sete de Chicago Um filme de tribunal onde respiramos o gás lacrimogêneo dos anos 60 Leia mais 6 - Todo o dinheiro do mundo Ridley Scoot conta como o bil

O Cântico dos Nomes: uma ode imaginativa e original

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O Cântico dos Nomes: filme de François Girard UM DRAMA MUSICAL FICTÍCIO AGARRADO NAS VERDADES SOBRE O HOLOCAUSTO           Antes de mais nada é preciso deixar claro: O Cântico dos Nomes,  produção de 2019 dirigida pelo canadense François Girard é um filme sobre o Holocausto. É um drama ficcional, com personagens inventados e situações imaginárias, mas traz uma camada de autenticidade capaz de transmitir verossimilhança e credibilidade, a ponto de parecer ter sido inspirado em fatos. A produção é uma adaptação do romance com o mesmo título, escrito em 2002 pelo crítico musical britânico Norman Lebrecht, autor que conhece os bastidores do mundo da música erudita como poucos – ele mantém o blog de música clássica chamado Slipped Disc . A história que ele nos conta é comovente e combina um profundo respeito pela fé religiosa, pelos valores familiares e pela linguagem musical.           O Cântico dos Nomes conta a história de Martin Simmonds. Quando garoto ganhou um irmão adotivo, o prodíg

Clube da Luta: proposta anarquista para desvendar o sentido da vida

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Clube da Luta: dirigido por David Fincher LUTANDO PARA PREENCHER O VAZIO EXISTENCIAL Quando penso no filme Clube da Luta , dirigido em 1999 por David Fincher, a primeira palavra que me vem à mente é "publicidade". A matéria me interessa profundamente, tanto que a escolhi como profissão – isso no comecinho dos aos 1980, quando tinha 18 anos e ainda não sabia exatamente onde estava me metendo. Mas tinha plena noção de que trabalharia numa atividade motora do capitalismo, crucial para alimentar a sociedade de consumo. Eram outros  tempos: os consumidores sabiam exatamente quando estavam sendo abordados por mensagens publicitárias. Elas chegavam pelos comerciais de rádio e TV, dos jornais e revistas, placas na rua... Hoje, nos meios digitais, informação e persuasão estão de mãos dadas e nem sempre a publicidade se mostra explícita os consumidores.            Conhecer por dentro o mecanismo astuto da publicidade não me imunizou dos seus efeitos. Por várias vezes sucumbi às pressõe

Sociedade dos Poetas Mortos: ainda hoje, uma mensagem poderosa

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Sociedade dos Poetas Mortos: filme de Peter Weir CINEMA E LITERATURA NUMA RELAÇÃO SIMBIÓTICA           – O livro é muito melhor do que o filme! Mais completo, mais descritivo. Revela detalhes que o diretor simplesmente ignorou.           – Nada disso! O filme dá de dez a zero! É mais objetivo e tem um final mais inteligente.           Discussões como essa são fáceis de encontrar em comentários nas postagens dos grupos de cinema. Com frequência acabam da mesma forma como começaram: ambos os lados saem com a mesma opinião que trouxeram. Soa arrogante dizer que tais discussões são inúteis, afinal elas trazem à tona informações relevantes para os apreciadores de cinema e literatura – além de serem um ótimo pretexto para interagir com gente que compartilha o mesmo prazer pelas artes narrativas. Prefiro lembrar que livro e filme são duas experiências sensoriais diferentes da mesma história e não podem ser comparados como se olhássemos irmãos gêmeos, tentando diferenciá-los nas miudezas. Nem

Projeto Flórida: alegrias e tristezas, fantasia e realidade

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Projeto Flórida: filme dirigido por Sean Baker CINEMA INDEPENDENTE E INSPIRADO, BEIRANDO O EXPERIMENTALISMO Quando o cinema independente dá as caras na TV por assinatura e nos serviços de streaming, dá para sentir o sopro de renovação entrando pela sala. Ludy e eu estávamos acomodados no sofá depois do jantar, indecisos sobre o que assistir, quando Projeto Flórida , filme de 2017 dirigido por Sean Baker entrou por uma brecha e agarrou nossa atenção. Diferente, inteligente, emocionante e envolvente, conquistou mais dois admiradores e motivou este cronista a pesquisar sobre a produção para engordar o acervo da Crônica de Cinema.           Projeto Flórida não segue os cânones narrativos de Hollywood, estabelecidos a partir das formulas shakespearianas já amplamente testadas e aprovadas nas bilheterias. A história não vem contada em três atos e as cenas não são enfileiradas em blocos de tensão e resolução. O que há é uma fluidez natural, que oferece o mínimo de exposição e o máximo de dra

Sete Anos no Tibet: uma experiência real e transformadora

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Sete Anos no Tibet: filme de Jean-Jaques Annaud UMA ESCALADA DE POLÊMICAS, COM DOSES EXAGERADAS DE BOM CINEMA Histórias envolvendo alpinistas tendem a nos remeter a valores como determinação, autoconfiança, destemor e desejo de superação. Nelas, os protagonistas são submetidos a provações extenuantes e o papel do vilão é quase sempre desempenhado pela natureza implacável. No filme  Sete Anos no Tibet , dirigido em 1997 por Jean-Jacques Annaud, o trem da narrativa não segue por esses trilhos, mas nos conta uma história onde a palavra-chave é transformação. E termina num tema tão espinhoso e polêmico que por muito pouco o filme não descarrilha.          O filme  Sete Anos no Tibet é baseado no relato de viagem narrado no livro com o mesmo título, escrito pelo austríaco Heirich Harrer, um dos maiores montanhistas de seu tempo. Ele escalava o Himalaia quando eclodiu a Segunda Guerra Mundial e foi feito prisioneiro dos ingleses na Índia, juntamente com o também alpinista Peter Aufschnaiter

A Última Nota: um pianista fictício vivendo uma crise real

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A Última Nota: filme dirigido por Claude Lalonde O UNIVERSO DA MÚSICA ERUDITA TRATADO COM REVERÊNCIA E CONTEMPLAÇÃO Sir Henry Cole é um concertista consagrado. Sua história de sucesso no mundo da música erudita parecia terminada, depois da morte da mulher em circunstâncias trágicas. Mas agora ele está de volta, numa turnê comemorada pelos amantes da música, que disputam lugares para vê-lo interpretar ao piano obras de grandes compositores como Schumann, Chopin, Scarlatti, Beethoven, Schubert, Scriabin, Rachmaninoff e Liszt. Acontece que ao retornar aos palcos, Cole trouxe com ele uma crise de ansiedade que está prejudicando seu desempenho.           Em A Última Nota , o pianista interpretado por Patrick Stewart é fictício, mas a ansiedade de desempenho é um drama real, que assombra os artistas do mundo da música de alta performance. Realizado em 2019, com direção de Claude Lalonde e roteiro assinado por Louis Godbout, o filme não é otimista e muito menos dedicado a contar uma história

O Despertar de uma Paixão: um filme que no final deixa muitas reflexões

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O O Despertar de Uma Paixão: dirigido por John Curran QUANDO CAI O VÉU DE ILUSÃO QUE COBRE UM RELACIONAMENTO O romance The Painted Veil , escrito em 1925 por William Somerset Maugham é intimista e um tanto sombrio. Conta uma história de amor às avessas, onde a paixão só vem muito depois do casamento e, ainda assim, atribulada por acontecimentos trágicos. Rendeu três adaptações para o cinema: em 1934, com o filme The Painted Veil , estrelado por Greta Garbo e Herbert Marshal, em 1957, no filme The Seventh Sin , com Bill Travers e Eleanor Parker e em 2006, no filme O Despertar de Uma Paixão , estrelado por Edward Norton e Naomi Watts. Esse último remake é resultado do empenho de Edward Norton, que desde 1999 planejava produzi-lo, mas apenas tomou forma em 2001, quando Naomi Watts entrou no projeto também como produtora.           O Despertar de Uma Paixão , dirigido por John Curran, é um daqueles filmes com vocação para “cinemão”. Tem ascendência nobre e é tratado pelos anglo-saxões de f

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