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Era Uma Vez um Sonho: a história do vice de Donald Trump

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Era uma Vez um Sonho: direção de Ron Howard UM LAMENTO CAIPIRA Isso mesmo, leitor. O protagonista de Era uma Vez um Sonho , filme dirigido em 2020 por Ron Howard, é o mesmo J. D. Vance que foi indicado como candidato a vice-presidente na chapa de Donald Trump, na corrida de 2024 à Casa Branca. Personagem da cena política americana embrulhado em polêmicas e controvérsias, a simples menção do seu nome é suficiente para dissolver a isenção dos cinéfilos mais engajados. Uns torcerão o nariz, gritando que o filme é ruim. Outros erguerão o punho, garantindo que é cinema de qualidade.           Antes de escrever sobre esse filme – para evitar os veredictos prévios decididos com o fígado – será mais prudente examinar quem é esse tal de J. D. Vance e entender a sua trajetória. Ele ficou famoso de repente, em 2016, quando publicou seu livro de memórias intitulado Hillbilly Elegy: A Memoir of Family and Culture in Crisis . Foi um grande e inesperado sucesso editorial! Além de contar a história de

Kramer vs. Kramer: o mais importante acontece fora dos tribunais

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Kramer vs. Kramer: direção de Robert Benton AUTOAPRENDIZADO INTENSIVO Quando foi lançado, em 1979, Kramer vs. Kramer , dirigido por Robert Benton, alcançou grande sucesso junto à crítica e também ao público. Na festa do Óscar, arrebatou cinco estatuetas: melhor filme, melhor diretor, melhor ator, melhor atriz coadjuvante e melhor roteiro adaptado. Entrou para a história do cinema como uma unanimidade e continua lá, na prateleira, acumulando pó. Passados 45 anos, pode ser encontrado vagando pelos serviços de streaming, à espera de espectadores que ousem apertar o play.           Se você é daqueles que, como eu, assistiu ao filme na época do lançamento e nunca mais se lembrou de visitá-lo, sugiro que o faça. Kramer vs. Kramer envelheceu muito bem! Talvez você se lembre dele como um... filme de tribunal, mas não é bem assim. Apesar do que sugere o título, trata-se de um filme sobre amadurecimento, de um pai, de uma mãe e de um filho, que tentam renascer dos cacos de uma família fraturada

Uma Ponte Longe Demais: a história real da Operação Market Garden

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Uma Ponte Longe Demais: direção de Richard Attenborough UMA FAÇANHA LOGÍSTICA MOVIDA PELA VAIDADE Por qual motivo alguém ousaria realizar um filme como Uma Ponte Longe Demais , dirigido em 1977 por Richard Attenborough? Antes de começar a especular, vamos examinar do que ele trata. É um drama de guerra, estrelado por um elenco de famosos, que narra os meandros da fracassada Operação Market Garden, criada em setembro de 1944 pelo ambicioso general britânico Bernard Montgomery. O objetivo era pôr fim à Segunda Guerra Mundial antes daquele Natal. Foi a maior operação de paraquedistas da história, quando 41 mil homens saltaram atrás das linhas alemãs que dominavam a Holanda, com a missão de proteger algumas pontes estratégicas. Enquanto isso, os britânicos avançariam com seus blindados até a cidade de Arnhem e atravessariam a última ponte sobre o rio Reno, para finalmente invadir a Alemanha.           Uma sucessão de erros – rádios defeituosos impedindo a comunicação, estradas estreitas di

A Condenação: a história real de Betty e Kenny Waters

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A Condenação: direção de Tony Goldwyn AINDA BEM QUE EVITARAM O MELODRAMA Certo, vamos partir do princípio de que não existe sistema judiciário perfeito. Aliás, no campo das ciências humanas, falar em perfeição é um atrevimento. Mais apropriado é avaliar os sistemas de justiça pela sua eficácia. O que esperamos deles? Que garantam o cumprimento das leis e protejam os cidadãos da interferência dos poderosos, dos agentes políticos e dos governos. Acontece que, vez ou outra, algumas partes interessadas – incluindo a polícia, o sistema prisional, a mídia, grupos de pressão e tantos outros agentes sociais – conseguem manipular o sistema na surdina. Imparcialidade e independência deixam de existir, fazendo com que a eficácia caia por terra. O sistema acaba decidindo de forma... injusta! Os danos são irreparáveis, pelo menos até o momento em que alguém consegue encontrar o erro e corrigi-lo.           A Condenação , filme de 2010 dirigido por Tony Goldwyn conta como a justiça americana meteu o

Stillwater: Em Busca da Verdade: ficção cercada de realidade

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Stillwater: direção de Tom McCarthy UM DRAMA HUMANO PARA ALÉM DOS ESTEREÓTIPOS Um americano vai para Marselha, na França, onde a filha está presa por um assassinato que não cometeu, e empreende uma busca por provas que possam libertá-la. Só essa curta sinopse já tem poder para fisgar, mas então você percebe que o pai resoluto é ninguém menos do que Matt Damon, o astro de Hollywood calejado nos filmes de ação. Esfregando as mãos de felicidade – nada como um bom thriller policial para animar a noite de um cinéfilo – você aperta o play sem pestanejar. No entanto, Stillwater: Em Busca da Verdade , dirigido em 2021 por Tom McCarthy está longe de ser um filme de ação. Não segue a cartilha dos thrillers, nem se dedica a cultuar o tipo de personagem durão e infalível, que resolve as querelas com tiros e pancadaria. Trata-se de um drama humano, vivido por personagens bem construídos. Tem poder para envolver o espectador do começo ao fim e deixá-lo sem piscar.           A primeira observação a f

Minha opinião sobre... a liberação da maconha!

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É SÓ MAIS UM INSTRUMENTO DE CONTROLE SOCIAL Sou contra as drogas. Quando faço tal afirmação, sei que vai aparecer algum provocador e perguntar:           – As lícitas ou as ilícitas?           Esse tipo quer deixar implícita a noção de que álcool e tabaco também são drogas, mas a sociedade hipócrita as aceita porque “há todo um aparato capitalista que se beneficia da sua comercialização”. Com a perguntinha retórica, o sujeito também tenta colocar a maconha no mesmo patamar de periculosidade e abre um sorriso no canto da boca, acreditando ter encontrado o argumento definitivo pela descriminalização do seu uso recreativo.           Antes de enveredar pelas ruelas dessa discussão, gosto de deixar claro o porquê da minha recusa em consumir drogas – todas as drogas! Elas alteram meu estado de consciência, tiram de mim o controle da minha criatividade e matam a minha individualidade, na medida em provocam as mesmas reações neuroquímicas que borbulham no cérebro de qualquer outro que também a

Anatomia de uma Queda: um filme imperdível

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Anatomia de uma Queda: Direção de Justine Triet É TUDO QUESTÃO DE NARRATIVA! Trogloditas ao redor da fogueira, abrigados em alguma caverna providencial, já exercitavam as complicações da narrativa. Entre tentativas de influenciar decisões, apresentando diferentes versões dos fatos, já se mostravam exímios contadores de histórias. Continuamos a tradição e fomos além, aperfeiçoando os meios de comunicação e ampliando nossas capacidades expressivas. Hoje, nosso mundo se tornou uma complexa construção de... histórias! Não é exagero afirmar que, para muitos, abraçar uma narrativa tornou-se mais palpável do que abraçar os fatos. Essas são, normalmente, menos espinhosas do que aqueles!           Mas onde fica, afinal, o nascedouro das narrativas? De onde elas brotam por primeiro, inundando nosso entendimento da realidade? Em seu filme Anatomia de uma Queda , que dirigiu em 2023, a cineasta francesa Justine Triet traz uma resposta na ponta da língua: elas nascem entre os casais! É no convívio

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