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Dúvida: na disputa pelo poder, há mais espaço para as certeza

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Dúvida: direação de John Patrik Shanley DUELO ENTRE CINEMA E TEATRO O suporte audiovisual do cinema oferece uma experiência sensorial que tende mais para o realismo. O suporte audiovisual do teatro promove mais o fantasioso. O que vemos na tela, vem direto do mundo como o conhecemos. O que vemos no palco, precisa ser intermediado pela imaginação. É claro, isso tudo a grosso modo! Cinema e teatro são igualmente aptos a contar todo tipo de histórias, mas se valem de linguagens diferentes. Oferecem produtos culturais diferentes, ainda que compartilhem diversos recursos narrativos.           Talvez o principal ponto de interseção entre o cinema e o teatro seja o ator. Na tela ou no palco, é ele quem comanda o espetáculo – na percepção do espectador sentado na plateia, bem entendido. Os profissionais da atuação sabem, no entanto, que uma performance teatral exige recursos diversos daqueles que empregarão numa performance cinematográfica. Descer aos detalhes pode...

O Assassino: adaptação de uma ótima HQ francesa

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O Assassino: direção de David Fincher UM PROTAGONISTA ABJETO, CAINDO EM CONTRADIÇÃO Cinema e histórias em quadrinhos sempre se resvalaram. Há pontos de intercessão entre ambos, que funcionam como estímulo para os artistas interessados em expandir seus recursos narrativos. Will Eisner experimentou planos cinematográficos que depois inspiraram cineastas. Stan Lee alfabetizou o público na linguagem que agora domina o cinema de ação. Frank Miller expropriou a articulação narrativa do cinema noir... Inúmeros artistas foram além das idiossincrasias e estabeleceram novas maneiras de contar histórias.           É nas diferenças entre as duas formas de arte, no entanto, que encontramos os grandes rompantes artísticos. A trilha sonora como condutora da jornada emocional do espectador, a decupagem dos movimentos para ampliar a acuidade visual do leitor, o distanciamento da tela e a proximidade tátil no virar de cada página, os cheiros da pipoca e do papel... Criar par...

Back to Black: a cinebiografia de Amy Winehouse

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Back to Black: direção de Sam Taylor-Johnson FINALMENTE, A CELEBRIDADE SEM A VIGILÂNCIA DAS CÂMERAS Tinha um pé atrás quando apertei o play em Back do Black , filme de 2024 dirigido por Samantha Taylor-Johnson. Estava certo de que assistiria a um filme triste, mas minha curiosidade foi mais forte. Queria conhecer a verdadeira Amy Winehouse, uma artista incrível, cujas canções adoro ouvir. Não me arrependi! Esta cinebiografia faz jus à cantora e alcança o ser humano para além dos painéis construídos pela mídia e pela indústria do entretenimento.           Já a crítica especializada, parece que não gostou tanto. Ficou nos elogios ao desempenho da atriz principal e nas reconstituições visualmente fidedignas, mas desceu a lenha no roteiro. As acusações são de superficialidade ao abordar as relações entre Amy e seu pai e de dourar a pílula nas bad trips vividas pela artista. Ou seja: deixaram uma infinidade de detalhes de fora.         ...

Fomos Heróis: assim começou a guerra do Vietnã

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Fomos Heróis: direção de Randall Wallace VISÃO PLENA DE TODO O TEATRO DE OPERAÇÕES Nem todos os cinéfilos apreciam filmes de guerra. Alguns evitam exposições à violência, como quem evita tomar vento pelas costas, para se proteger das gripes e resfriados. Não abrem mão de suas suscetibilidades. O fato é que todos ficamos resfriados, em algum momento! Para quem gosta da sétima arte, certos filmes de guerra são inevitáveis, especialmente os que ampliaram os cânones do gênero e modelaram o jeito de fazer cinema. Apocalypse Now , O Resgate do Soldado Ryan , Nascido Para Matar , Platoon , Nada de Novo no Front ... São alguns dos títulos que me ocorrem quando quero falar de qualidade, para chamar a atenção dos cinéfilos mais... pacifistas.           Fomos Heróis , filme de 2002 dirigido por Randall Wallace, talvez não seja uma dessas obras inovadoras, que merecem estar no topo da lista, mas possui qualidades inegáveis. Trata-se da adaptação para as telas do livro ...

Direto ao Conto - 7

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NOVAS EVIDÊNCIAS Minha aspiração era ser escritor, mas não! Sou policial. Ao invés de palavras, reúno provas, salpicadas sem nexo pelas cenas dos crimes. Pinço substantivos e os empacoto, etiqueto e catalogo. Colho depoimentos, mas não cultivo narrativas. Ao contrário, as desmonto. Depois remonto. Deixo de fora qualquer vestígio autoral. Ouço vozes ativas e passivas, estapafúrdias, ameaçadoras, apavoradas, rancorosas, meliantes... Exerço uma datilografia disléxica, despreocupada com eventuais revisores xeretas. É assim que registro crimes gramaticais e atentados ortográficos. Laudos periciais, boletins de ocorrência, relatórios de inquérito, alegações... São os formatos literários que me cabem.           Participei, certa vez, de uma reconstituição muito comentada. Foi meu ápice narrativo. Senti-me um diretor de cinema, ao apontar minhas lentes subjetivas na direção da materialidade. Derramei as luzes no encalço da ação. Gritei cortes, para desencadear ...

300: dos quadrinhos para as telas

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300: direção de Zack Snyder COMBATEREMOS À SOMBRA! A Batalha de Termópilas aconteceu há 2.500 anos. Todos já aprendemos sobre ela nos bancos escolares: durante três dias, 300 espartanos liderados pelo Rei Leônidas encurralaram 300 mil persas numa passagem estreita e resistiram até a morte para defender os valores que ergueram a civilização ocidental. Os gregos já empreendiam a busca racional pela verdade e entendiam que ela é tarefa de cada indivíduo. Já os persas, estavam mais preocupados em expandir seu império exuberante e multicultural, mas controlado por um poder central onipresente.           Aqueles espartanos corajosos, unidos pelo ideal de liberdade e independência, viraram símbolo de heroísmo. Além de inspirar as demais cidades-estados gregas a seguir na resistência aos invasores adeptos da servidão coletiva, protagonizaram um episódio incrível, que nos instiga até hoje. Quem se encantou com essa história desde garoto foi o escritor e desenhista F...

Desacorde lança Blues Estatal - Imposto é Roubo

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ESCUTE AQUI EM PRIMEIRA MÃO! Já está nas plataformas de música o primeiro single da banda Desacorde, com a canção Blues Estatal - Imposto é Roubo (Groove Estatal) . Com uma mensagem francamente anarcocapilatista, a música é um rock criado a partir da fusão de alguns estilos, com elementos de funk, rock e blues. A letra faz uma crítica feroz ao estado e seus tentáculos opressores, que esmagam os cidadãos, roubam nossas liberdades individuais e ferem os direitos de propriedade. Clique e escute! A canção foi composta por Gabriel BASStião. O arranjo é uma criação coletiva da banda Desacorde, que traz uma sonoridade ácida, mas impondo uma musicalidade refinada, sustentada por uma bateria enérgica, linhas de baixo precisas e uma guitarra bem articulada. Outro diferencial fica por conta da voz feminina com timbre marcante, que conduz os vocais. Com influências de bandas como Concrete Blonde, Beatles, Rolling Stones, Iron Maiden, Lynyrd Skynyrd, Molly Hatchet e Grand Funk Railroad, a Desacorde...

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