Direto ao Conto - 5
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ESPAÇO-TEMPO O movimento era normal para uma quinta-feira. Pelo adiantado da hora – passando das três – só o que se ouvia eram as canções despudoramente românticas, bem ao gosto dos três casais que insistiam em balançar agarradinhos na minúscula pista de dança. Pelas mesas, os pares eram formados por clientes habituais e garotas de programa, dissolvidos na penumbra enevoada, banhada por uma frouxa luz avermelhada. Renato e Joanes dividiam a mesa mais discreta, num dos cantos com visão privilegiada para todo o interior do estabelecimento. Por certo não eram um casal. Estavam mais para uma dupla, não de cantores sertanejos, mas de comparsas. – Você acredita em vida depois da morte? – disparou Joanes, mantendo o olhar fixo em algum ponto que apenas ele era capaz de enxergar. – Sim, acredito. – Antes de continuar, Renato balançou as pedras de gelo no seu copo de uísque e sorveu o último gole. – A alma independe do corpo para continuar sendo o que é. Segue existindo, mes