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Mostrando postagens com o rótulo Faroeste

Yellowstone: uma série destinada ao sucesso

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Yellowstone: série dirigida por Taylor Sheridan RENOVADO, O WESTERN GANHA UMA NOVA CHANCE Eis aqui uma série de TV envolvente, realizada como um faroeste moderno, que resgata os melhores atributos do gênero e nos apresenta a personagens inesquecíveis. Trata-se de Yellowstone , um título no qual você já deve ter tropeçado enquanto fuçava os serviços de streaming. O que me fez dar o play sem pestanejar foi a presença de um nome importante: o de... Taylor Sheridan! Talvez você esperasse que o nome citado fosse o de Kevin Costner, astro do primeiro time de Hollywood que encabeça o elenco, mas como cinéfilo interessado em esmiuçar a arte da escrita, fiquei empolgado ao ver o nome do diretor e roteirista imperar nos créditos.           Se você ainda não associou o nome à figura, lembro que Taylor Sheridan é o autor de três roteiros de grande sucesso nas bilheterias: Sicario: Terra de Ninguém , A Qualquer Custo e Terra Selvagem . Seu estilo enxuto e objetivo, cen...

Sangue e Ouro: uma espécie de western germânico

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Sangue e Ouro: direção de Peter Thorwarth CONTRIBUIÇÃO DOS ALEMÃES PARA O CINEMA DE AÇÃO Os filmes de bangue-bangue espaguete foram uma invenção inusitada no início dos anos 1960. Rodados na Sicília e na Espanha por diretores italianos em busca da mesma atmosfera dos westerns americanos, trouxeram um sopro de renovação para o gênero, além de toques de um humor mais... mediterrâneo. E trouxeram também a certeza de que outras nacionalidades poderiam ousar seus próprios faroestes, apropriando-se dos clichês narrativos consolidados por cineastas como Sergio Leone e seus seguidores.           Dentre todos os países, o mais improvável de tal ousadia seria a Alemanha. Não por incompetência, é claro! Seu cinema de peso e repleto de contribuições significativas para a construção da sétima arte está nítido na mente de todo cinéfilo. Mas porque é dos alemães que nos costumam chegar algumas das produções mais compenetradas. Títulos como Metrópolis , O Enigma de Kaspar ...

A Balada de Buster Scruggs: a mitologia do velho oeste tratada com humor inteligente

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A Balada de Buster Scruggs: dirigido pelos irmãos Coen CINEMA DE QUALIDADE MULTIPLICADO POR SEIS Como um garoto urbano, nascido em 1960, fui criado na frente do aparelho de TV, aquele móvel imenso, que ocupava todo um canto da sala, mas tinha uma tela proporcionalmente pequena. Era dotado de um tubo de raios catódicos, que quando atiçado por uma insondável traquitana eletrônica valvulada, exibia imagens em preto-e-branco. O tubo demorava alguns segundos para... esquentar, até que a imagem ficasse clara o suficiente. E com sorte, também ficaria nítida, se as condições atmosféricas não atrapalhassem. Chuviscos e fantasmas eram a regra e se incorporavam à linguagem da televisão, uma mídia ainda jovem, mas esforçada em entregar uma programação variada: desenhos, novelas, esportes, shows de auditório, seriados e... filmes!           Foi através da TV que o cinema entrou no meu cotidiano. Porém, os filmes exibidos na telinha eram... velhos! Novidades? Só nas sala...

Bravura Indômita: um remake fiel ao romance original

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Bravura Indômita: direção de Joel e Ethan Coen UMA HISTÓRIA AMERICANA POR EXCELÊNCIA Minha geração não viveu a intensidade do mito John Wayne. Meu pai era fã dele e gostava de rever seus filmes na TV, velhos faroestes em preto-e-branco que não me atraiam. Cresci sem jamais ter assistido a qualquer um deles – no máximo conferi uma ou outra cena, aqui e ali, só para me irritar com a dublagem antiquada, a trilha sonora fora de moda e a encenação excessivamente teatral. Minha geração já estava sintonizada com outros mitos e ninguém poderia me convencer a sentar numa poltrona para assistir a um faroeste estrelado por John Wayne. A não ser, é claro, os irmãos Coen!           Quando assisti ao remake de Bravura Indômita , realizado por eles em 2010, não tive escolha. Precisei conferir o original, para compreender o que os ousados Joel e Ethan Coen aprontaram e de que forma impuseram a sua visão pessoal daquela história. Confesso que fiquei desconcertado. Percebi ...

O Assassinato de Jesse James Pelo Covarde Robert Ford

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O Assassinato de Jesse James Pelo Covarde Robert Ford: direção de Andrew Dominik UM DOS VISUAIS MAIS CAPRICHADOS DAS ÚLTIMAS DÉCADAS Certa vez me perguntei: como seria um western realizado por Stanley Kubrick? Um diretor minucioso como ele, obsessivo em alcançar a excelência visual e compenetrado em encontrar o tom certo das adaptações literárias que escolhia abraçar, certamente teria muito a acrescentar ao gênero. Quando assisti ao filme O Assassinato de Jesse James Pelo Covarde Robert Ford , dirigido em 2007 por Andrew Dominik, compreendi a resposta: um bangue-bangue com a assinatura do mestre seria assim, denso, dramático e dedicado a investigar os personagens em profundidade. Exalaria uma atmosfera provocativa e imporia um cinema audacioso, mais interessado em declamar para além dos cânones recitados pelos grandes diretores do gênero. Exatamente como Dominik conseguiu realizar. Não que o diretor neozelandês tenha seguido à risca os passos de Kubrick. Ele tem personalidade própria e...

A Salvação: faroeste dinamarquês sobre vingança e o preço que ela cobra

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A Salvação: dirigido por Kristian Levring A NATUREZA HUMANA TENTA BARRAR O PROCESSO CIVILIZATÓRIO Para falar de A Salvação , faroeste dirigido em 2014 por Kristian Levring, talvez seja mais prudente mencionar primeiro o Dogma95, movimento cinematográfico do qual o diretor foi integrante. Não que haja paralelos estéticos entre os cânones criados pelos cineastas da Dinamarca em 1995 e esse filme sombrio, inspirado em grandes clássicos de um gênero americano por excelência. O que salta aos olhos são justamente as diferenças! Era de se esperar que uma produção dinamarquesa, roteirizada por Anders Thomas Jensen – outro expoente do Dogma95 que dirigiu recentemente o filme Loucos por Justiça – seguisse os “votos de castidade” combinados entre ele, Lars von Trier, Thomas Vinterberg e Kristian Levring: nada de efeitos especiais tecnológicos, nada de se ater a um gênero específico, nada de se desviar dos valores fundamentais da história, nada de menosprezar a importância das atuações, nada de p...

Django Livre: era escravo, mas virou pistoleiro implacável

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Django Livre: filme dirigido por Quentin Tarantino TARANTINO VAI DIRETO NA ESSÊNCIA DO WESTERN: A LIBERDADE! Digamos que você seja um roteirista e está em pleno processo de escrita. Precisa tomar uma série de decisões que envolvem o protagonista, mas sabe que as escolhas que ele fizer, determinarão o desenrolar da trama. Para ganhar credibilidade, você precisará alcançar a verdade interior do personagem. Precisará responder a uma pergunta essencial: qual é a sua principal motivação? O que de fato o move em sua jornada ao longo da história? Personagens complexos se alimentam de um composto de motivações. Personagens rasos, precisam de apenas uma obsessão e fazem o tipo mais comum entre aqueles que povoam os filmes de ação.           Pensando comercialmente, talvez você prefira definir a motivação mais óbvia e fácil de ser aceita e compreendida pelo grande público: a vingança! Qualquer criança sabe se colocar no lugar de quem anseia por desforra, principalmen...

Relatos do Mundo: filme estrelado por Tom Hanks

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Relatos do Mundo: filme dirigido por Paul Greengrass UM CONTADOR DE HISTÓRIAS E UMA ORFÃ JUDIADA ENCONTRAM O CAMINHO DA ESPERANÇA Recém-lançado pela Netflix, Relatos do Mundo , filme de 2020 dirigido por Paul Greengrass traz na capa um apelo irresistível: Tom Hanks. Ao dar de cara com a foto do ator usando barbas grisalhas, Ludy não pensou duas vezes:           – Olha só! Esse deve ser legal! Tá a fim de conferir?           – Só se for agora – concordei de pronto. Sem esconder a empolgação, liguei a matraca e comecei a desfiar um monte de explicações – Ah, esse é o novo western do mesmo diretor de Capitão Phillips  e 22 de Julho ! Ele gosta de filmar com a câmera nervosa e manda muito bem nos thrillers de ação. Lembra daquele segundo filme da trilogia Bourne? Pois é, vários diretores passaram a copiar o estilo dele...           – Tá legal... mas podemos ver o filme? Depois você fala disso tudo...

Os Irmãos Sisters: dois pistoleiros numa história diferente

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Os Irmãos Sisters: filme dirigido por Jacques Audiard NÃO É NENHUMA RENOVAÇÃO DO WESTERN, MAS É CINEMA INTELIGENTE O título é uma piada sem graça. O filme, pesado e sombrio demais para uma comédia, não alcança densidade para ser um verdadeiro drama. É um faroeste, porque se passa no Oregon em 1851, mas a história pode se encaixar em qualquer época e lugar. E o diretor é um francês, que faz a adaptação de um romance escrito por um canadense. Tudo isso faz de Os Irmãos Sisters , de 2018, um filme inusitado, mas que merece ser visto.           Para preservar o efeito disparatado do título original em inglês, talvez por aqui pudéssemos ter ficado com algo como “Os Irmãos Irmãs”; reconheço, entretanto, que não soaria nada bem. O romance The Sisters Brothers , escrito por Patrick DeWitt, foi publicado em 2011; recebeu diversos prêmios e despertou o interesse da crítica. Trata-se de um faroeste sangrento, ambientado durante a corrida do ouro, quando aventureiros e...

Os Indomáveis: western com sotaque dos filmes de ação

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Os Indomáveis: filme dirigido por James Mangold UM REMAKE MAIS ELETRIZANTE E COM MAIS DENSIDADE DRAMÁTICA   Na infância, fui exposto a uma grande quantidade de filmes de faroeste. O gênero imperava da TV, exibido em séries e longas que se espalhavam por toda a grade de programação. Por óbvio, este cinéfilo recém-saído do berço tratava de trazer para a vida real as dinâmicas que percebia na tela; meu irmão e eu vivíamos com nossos chapéus de caubóis e nossas armas na cintura – réplicas de metal munidas de espoletas, que quase disparavam tiros de verdade! Aliás, acumulamos um vasto arsenal: uma carabina, revólveres de diferentes pesos e tamanhos e – as que mais gostávamos – um par de pistolas que atiravam pequenas bolinhas azuis de plástico; eram inofensivas, mas se espalhavam por todos os cantos da casa e minha mãe se irritava de tanto varrê-las.           Mais do que brincadeiras, nossas estripulias eram verdadeiras encenações; perseguições, embos...

Os Imperdoáveis: o melhor filme de Clint Eastwood

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Direção: Clint Eastwood O DIRETOR CERTO PARA FILMAR UM ROTEIRO IMPECÁVEL Western, bangue-bangue, filme de caubói... Dizem que é um gênero americano por excelência, mas penso nele como universal: um homem, suas crenças e seus valores, que resolve as diferenças com a vida por conta própria. Defende-se do que considera injusto. Age de acordo com o que lhe sussurra a própria consciência. Nada de estado, nada de burocracia, nada de labirintos jurídicos! É claro que a violência ganha espaço nesse tipo de filme e afasta o público mais sensível. Tanto é que, por décadas, o Óscar torceu o nariz para o gênero. Desde que Cimarron ganhou o prêmio de melhor filme em 1931, o próximo western a repetir a façanha foi Dança com Lobos e isso sessenta anos depois, em 1991. Mas então, passados apenas dois anos, vem Clint Eastwood com seu Os Imperdoáveis e arrasa. Sai com quatro estatuetas: melhor filme, melhor diretor, melhor ator coadjuvante – para Gene Hackman – e melhor montagem. Também pudera, é u...

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