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Mostrando postagens com o rótulo Sobrevivência

Caminho da Liberdade: escapando do comunismo

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Caminho da Liberdade: direção de Peter Weir UM TRIBUTO ÀS VÍTIMAS DO REGIME STALINISTA Ouvi a palavra gulag pela primeira vez quando foi pronunciada em algum telejornal no começo dos anos 1970. Tinha 12 ou 13 anos. Não atinei de imediato para o seu significado, mas passei anos crente que se tratava do nome de um arquipélago na União Soviética – culpa do escritor Aleksandr Soljenítsyn, premiado com o Nobel de Literatura depois de empreender um esforço sobre-humano para se livrar da vigilância comunista e contrabandear para o ocidente o livro mais bombástico daquela década.           Ao entrar na faculdade, descobri que a obra – um calhamaço em três volumes – conta as histórias de centenas de sobreviventes dos campos de concentração soviéticos na Sibéria, para onde eram despachados os... inimigos do povo. Jamais li Arquipélago Gulag , mas compreendi o significado trágico do seu título por meio das resenhas publicadas na imprensa: ilhas de desgraça p...

A Sociedade da Neve: história real contada de forma mais verdadeira

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A Sociedade da Neve: direção de J. A. Bayona PARA ALÉM DA AÇÃO, FICAMOS COM O EMOCIONAL E O ESPIRITUAL Ao ler no serviço de streaming a sinopse de A Sociedade da Neve , dirigido em 2023 por Juan Antonio Bayona, de imediato fui açoitado por uma pergunta incômoda: por que raios alguém se atreveria a recontar essa história tão penosa dos sobreviventes dos Andes? Porém, como o atrevido é o cineasta Juan Antonio Bayona, diretor do excelente O Impossível , deduzi que a justificativa deveria ser das boas! É de fato é!           O cinéfilo atento já percebeu que se trata de um remake do filme Vivos , de 1993, que por sua vez é um remake de Os Sobreviventes do Andes , de 1976. Conta a história do fatídico voo 571 da Força Aérea Uruguaia que em 1972 transportava 45 passageiros – entre eles 18 jovens jogadores de um time de rugby de Montevideo – quando se espatifou nas montanhas geladas dos Andes. Sobreviveram apenas 16 passageiros, depois de amargarem 72 dias de sof...

Tempestade Infinita: drama real de resiliência e superação

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Tempestade Infinita: direção de Małgorzata Szumowska e Michał Englert AQUI, A TORMENTA DEVASTA O MUNDO INTERNO DOS PERSONAGENS Eis aqui uma estampa poderosa: Naomi Watts a encarar as forças da natureza com um misto de assombro e destemor. Tem estofo suficiente para promover qualquer filme de sobrevivência. Já a vimos fazendo isso em O Impossível , onde interpreta a protagonista de uma incrível história real. Agora, em Tempestade Infinita , dirigido em 2022 por Małgorzata Szumowska e Michał Englert, a atriz vem para repetir a dose. Mas se você pensa que a verá em luta contra o imperativo de forças externas, dessa vez poderá se frustrar. Aqui, a batalha é bem mais intimista e ocorre no campo interno, entre as várias camadas psicológicas que pertencem a uma personagem solitária e atormentada.           Sim, a história que acompanhamos em Tempestade Infinita é real. Aconteceu com Pam Bales, uma experiente guia e enfermeira, que atua como voluntária na equipe d...

Vivos: uma história contada com autenticidade e realismo

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Vivos: direção de Frank Marshall SOBREVIVERAM GRAÇAS AO... HEROÍSMO Quando tinha 12 anos, fui confrontado com esta história trágica de sobrevivência, que dominou a mídia por semanas e despertou emoções que ainda não conhecia: uma estranha mistura de compaixão com nojo, já que além de lutar para se manter vivos sob condições inóspitas, os personagens foram obrigados a cometer... canibalismo! Foi em outubro de 1972, quando o avião fretado por um time de rugby de Montevidéu caiu na Cordilheira dos Andes. A maioria sobreviveu à queda, mas as equipes de resgate não conseguiram localizá-los. Com pouquíssimos suprimentos, lutaram para se manter vivos por incríveis 72 dias, alimentando-se dos corpos de seus colegas mortos, preservados na neve. Apenas 16 dos 45 passageiros sobreviveram, graças ao esforço heroico de dois deles, que atravessaram as montanhas numa caminhada de 12 dias até encontrar socorro.           O alcance infantil da minha capacidade de compreensã...

Águas Rasas: mais do que um filme de tubarão, é um drama de sobrevivência

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Águas Rasas: filme dirigido por Jaume Collet-Serra CONTORNANDO A TRADICIONAL ABORDAGEM SANGUINÁRIA DO GÊNERO Antes de mais nada, é preciso que se diga: Águas Rasas , filme de 2016 dirigido por Jaume Collet-Serra, não é um filme de terror, com cenas sanguinárias de monstros aterrorizantes. Também não é um filme de tubarão nos moldes daquele que nos vem à mente quando tal palavra é pronunciada. Trata-se de um filme de sobrevivência. A protagonista passa por situações aterrorizantes, o tubarão é uma monstruosa máquina de matar e o sangue é inevitável, mas o diretor prefere focar suas lentes no ancestral embate entre o homem e a natureza.           Águas Rasas conta a história de Nancy Adams, vivida pela ótima Blake Lively, uma estudante de medicina que chega pela manhã numa praia remota e desabitada do México, com o firme propósito de... surfar. Abalada com a recente morte da mãe, tudo o que ela deseja é expurgar a dor e rever os rumos da própria ...

O Regresso: sobrevivendo para se vingar

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O Regresso: filme dirigido por Alejandro G. Iñárritu VINGANÇA NÃO É SENTIMENTO NOBRE, MAS VIROU O ÚNICO MOTIVO PARA SOBREVIVER Com quais perigos um aventureiro explorador pode se deparar numa terra isolada e inóspita? Índios cruéis? Ursos ferozes? O frio inclemente? Para Hugh Glass o pior foi a perversidade daqueles que o deixaram para morrer. Já para seus inimigos, o pior mesmo foi a sede de vingança que provocaram naquele homem agarrado à teimosia, que já não tinha mais nada a perder. Essa história, contada no filme O Regresso , realizado em 2015 por Alejandro G. Iñárritu, aconteceu de verdade e foi narrada primeiro no romance homônimo escrito em 2002 por Michael Punke. Mas até que virasse filme, muita água límpida precisou correr pela paisagem gélida que serviram de locação.           A sinopse de O Regresso é bastante simples: Hugh Glass (Leonardo DiCaprio), é um caçador de ursos trabalhando para a Companhia de Peles Montanhas Rochosas. Em 1823 ele e s...

O Vôo da Fênix: sobrevivendo à queda no deserto de Gobi

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O Vôo da Fênix: filme dirigido por John Moore A HISTÓRIA RENASCE DAS CINZAS, MAS O REMAKE VOA RASANTE Quando era garoto, assisti ao filme O Vôo da Fênix original, realizado em 1965 por Robert Aldrich. Meu pai, deitado no sofá, com seu cachimbo soltando fumaça e os olhos grudados na tela da TV em preto e branco. Eu, esparramado no chão, aproveitava cada momento na companhia dele, enquanto tentava adivinhar como James Stewart, Richard Attenborough e Ernest Borgnine escapariam daquele deserto. Por meio desse filme descobri que existiam aeromodelos. Aprendi também que, na mitologia grega, havia uma ave capaz de renascer das próprias cinzas.           O filme foi baseado no romance escrito pelo inglês Elleston Trevor, intitulado The Flight of the Phoenix , onde ele cria uma situação de estresse e a utiliza como laboratório para revelar as nuances do comportamento humano. Seus personagens em conflito vão ao limite para tentar sobreviver. Raiva, medo, fome, ...

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