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Mostrando postagens com o rótulo Drama de Guerra

Zona de Risco: tiros, drones e tecnologia da comunicação

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Zona de Risco: direção de Willian Eubank UM VISLUMBRE DA MODERNA GUERRA DE DRONES Quem aprecia um bom filme de ação, já não cai mais nesse tipo de armadilha: colocam na capa, com destaque, o nome de um ator hollywoodiano consagrado no gênero – um com idade avançada – e capricham na foto. Depois de dar o play, você descobre que o tal astro faz apenas uma ponta insignificante, sem qualquer relevância para o conteúdo dramático do filme. Cabe ao restante do elenco, composto por novatos inexpressivos, a tarefa de prender a atenção do espectador. Geralmente não conseguem, porque o roteiro é mal costurado, as linhas de diálogo são óbvias e a trama vem ancorada apenas nas cenas de ação, repletas de clichês.           – Puxa vida! Como é que um ator com tão boa reputação veio parar num filme B? – você se pergunta, sem vontade de ouvir a resposta.           Confesso que quando me deparei no serviço de streaming com o filme Zona de Risco ...

Fomos Heróis: assim começou a guerra do Vietnã

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Fomos Heróis: direção de Randall Wallace VISÃO PLENA DE TODO O TEATRO DE OPERAÇÕES Nem todos os cinéfilos apreciam filmes de guerra. Alguns evitam exposições à violência, como quem evita tomar vento pelas costas, para se proteger das gripes e resfriados. Não abrem mão de suas suscetibilidades. O fato é que todos ficamos resfriados, em algum momento! Para quem gosta da sétima arte, certos filmes de guerra são inevitáveis, especialmente os que ampliaram os cânones do gênero e modelaram o jeito de fazer cinema. Apocalypse Now , O Resgate do Soldado Ryan , Nascido Para Matar , Platoon , Nada de Novo no Front ... São alguns dos títulos que me ocorrem quando quero falar de qualidade, para chamar a atenção dos cinéfilos mais... pacifistas.           Fomos Heróis , filme de 2002 dirigido por Randall Wallace, talvez não seja uma dessas obras inovadoras, que merecem estar no topo da lista, mas possui qualidades inegáveis. Trata-se da adaptação para as telas do livro ...

300: dos quadrinhos para as telas

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300: direção de Zack Snyder COMBATEREMOS À SOMBRA! A Batalha de Termópilas aconteceu há 2.500 anos. Todos já aprendemos sobre ela nos bancos escolares: durante três dias, 300 espartanos liderados pelo Rei Leônidas encurralaram 300 mil persas numa passagem estreita e resistiram até a morte para defender os valores que ergueram a civilização ocidental. Os gregos já empreendiam a busca racional pela verdade e entendiam que ela é tarefa de cada indivíduo. Já os persas, estavam mais preocupados em expandir seu império exuberante e multicultural, mas controlado por um poder central onipresente.           Aqueles espartanos corajosos, unidos pelo ideal de liberdade e independência, viraram símbolo de heroísmo. Além de inspirar as demais cidades-estados gregas a seguir na resistência aos invasores adeptos da servidão coletiva, protagonizaram um episódio incrível, que nos instiga até hoje. Quem se encantou com essa história desde garoto foi o escritor e desenhista F...

Uma Ponte Longe Demais: a história real da Operação Market Garden

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Uma Ponte Longe Demais: direção de Richard Attenborough UMA FAÇANHA LOGÍSTICA MOVIDA PELA VAIDADE Por qual motivo alguém ousaria realizar um filme como Uma Ponte Longe Demais , dirigido em 1977 por Richard Attenborough? Antes de começar a especular, vamos examinar do que ele trata. É um drama de guerra, estrelado por um elenco de famosos, que narra os meandros da fracassada Operação Market Garden, criada em setembro de 1944 pelo ambicioso general britânico Bernard Montgomery. O objetivo era pôr fim à Segunda Guerra Mundial antes daquele Natal. Foi a maior operação de paraquedistas da história, quando 41 mil homens saltaram atrás das linhas alemãs que dominavam a Holanda, com a missão de proteger algumas pontes estratégicas. Enquanto isso, os britânicos avançariam com seus blindados até a cidade de Arnhem e atravessariam a última ponte sobre o rio Reno, para finalmente invadir a Alemanha.           Uma sucessão de erros – rádios defeituosos e estradas estrei...

O Franco Atirador: filme de 1978 vencedor do Óscar

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O Franco Atirador: filme de Michael Cimino AS CONSEQUÊNCIAS DEVASTADORAS DA GUERRA DO VIETNÃ É lamentável ter que começar uma crônica sobre o filme O Franco Atirador , realizado em 1978 por Michael Cimino, falando do seu título. Sempre me incomodei com ele. Primeiro, porque a expressão franco-atirador leva hífen – sinal que nesse caso específico resistiu bravamente aos acordos ortográficos. Depois, porque a expressão está longe de manter diálogo com o título original, The Deer Hunter . Compreendo os motivos que levaram os distribuidores aqui no Brasil a evitar a mera tradução. O caçador de veados, naquele final dos anos 1970, estaria mais para título de pornochanchada e suscitaria alguns mal-entendidos. Em Portugal foram mais assertivos. Batizaram o filme de O Caçador .           A questão é que a expressão franco-atirador remete a um soldado, com ímpeto militar, envolvido em batalhas, com sangue nos olhos. Mas o protagonista de O Franco Atirador não é nad...

Sangue e Ouro: uma espécie de western germânico

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Sangue e Ouro: direção de Peter Thorwarth CONTRIBUIÇÃO DOS ALEMÃES PARA O CINEMA DE AÇÃO Os filmes de bangue-bangue espaguete foram uma invenção inusitada no início dos anos 1960. Rodados na Sicília e na Espanha por diretores italianos em busca da mesma atmosfera dos westerns americanos, trouxeram um sopro de renovação para o gênero, além de toques de um humor mais... mediterrâneo. E trouxeram também a certeza de que outras nacionalidades poderiam ousar seus próprios faroestes, apropriando-se dos clichês narrativos consolidados por cineastas como Sergio Leone e seus seguidores.           Dentre todos os países, o mais improvável de tal ousadia seria a Alemanha. Não por incompetência, é claro! Seu cinema de peso e repleto de contribuições significativas para a construção da sétima arte está nítido na mente de todo cinéfilo. Mas porque é dos alemães que nos costumam chegar algumas das produções mais compenetradas. Títulos como Metrópolis , O Enigma de Kaspar ...

O Pacto: será uma história é real?

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O Pacto: direção de Guy Ritchie NÃO SENTI FALTA DA TRADICIONAL EXTRAVAGÂNCIA DO DIRETOR No agitado mundo dos filmes de ação, o diretor britânico Guy Ritchie é uma usina de criatividade a serviço da diversão e do entretenimento. Desde que surgiu em 1998 com seu ótimo Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes , dirigiu vários sucessos, entre eles Sherlock Holmes , Snatch: Porcos e Diamantes , O Agente da U.N.C.L.E. e mais recentemente, Esquema de Risco - Operação Fortune . A narrativa sempre ágil e envolvente, letreiros que invadem a tela, diálogos afiados e um humor inteligente se tornaram suas marcas registradas. Esperava ver todos esses elementos reunidos em O Pacto , filme que ele dirigiu em 2023, mas não! Ao invés disso, assisti a um thriller de guerra compenetrado, com boa profundidade dramática, um enredo sólido e altas doses de tensão.           Devo dizer que a tradicional extravagância de Guy Ritchie não faz a menor falta em O Pacto . Ao invés dela, ...

Midway – Batalha em Alto Mar: fatos históricos e personagens reais

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Midway - Batalha em Alto Mar: direção de Roland Emmerich UM FILME DE AÇÃO FIEL AOS FATOS Nas mãos de Roland Emmerich, até a guerra vira entretenimento! E dos bons! Mais conhecido por seus filmes de catástrofe, como O Dia Depois de Amanhã , 2012 , Idependence Day e Moonfall , o diretor alemão se tornou uma das máquinas mais lucrativas de Hollywood. Especializou-se num tipo de espetáculo grandioso, que atrai pelo ritmo acelerado e pela profusão de cenas de destruição, às quais jamais poderemos assistir no mundo real – provavelmente estaremos mortos antes de atinar para os acontecimentos ao redor! Em Midway – Batalha em Alto Mar , seu filme de 2019, Emmerich lança mão de todos os seus truques para narrar uma das mais importantes batalhas navais da Segunda Guerra Mundial. Agarrado a uma notável precisão histórica, mostrou a estratégia e as ações tanto dos americanos como dos japoneses, .           Por vinte anos, Emmerich alimentou o desejo de realizar um film...

O Último Samurai: até que ponto essa história é verdadeira?

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O Último Samurai: direção de Edward Zwick PERSONAGENS FICTÍCIOS E PREMISSAS VERDADEIRAS Há uma interseção entre os faroestes americanos e os filmes japoneses sobre samurais. Um gênero sempre inspirou o outro. Mais que isso, nutriram-se! Os arquétipos apresentados pelo mestre Akira Kurosawa em Os Sete Samurais , realizado em 1954 como uma homenagem aos cowboys, serviu de munição para filmes como Sete Homens e Um Destino , tanto o de 1960, dirigido por John Sturges, como o remake de 2016, de Antoine Fuqua. Cito aqui o exemplo mais óbvio, mas os cinéfilos antenados certamente serão capazes de resgatar outros, ainda mais surpreendentes. Mas em O Último Samurai , realizado em 2003 por Edward Zwick, os elementos se cruzaram para compor um drama épico, pontuado com cenas de guerra e personagens marcantes.           O filme conta a história de Nathan Algren (Tom Cruise), um atormentado capitão do exército americano – durante a Guerra Civil, participou do massacre d...

A Promessa: denunciando o genocídio do povo armênio

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A Promessa: direção de Terry George CINEMA DENSO, EMOCIONANTE E ÁGIL Numa época em que a indústria do cinema está mais dedicada a oferecer entretimento fácil, voltado para um público concentrado apenas em se divertir, já não há mais cineastas interessados naquele tipo de cinema sério e grandiloquente, assinado por nomes como David Lean. Títulos como Lawrence da Arábia e Doutor Jivago , por exemplo, hoje estão arquivados na prateleira dos... antiquados. Que outro diretor se arriscaria no formato, consciente de que poderia se distanciar do público jovem? Terry George, é claro! Em pleno 2016 ele arregaçou as mangas e realizou A Promessa , um filme denso e envolvente, com o porte de uma adaptação literária clássica: conta uma história de amor em primeiro plano, enquanto deixa que o espectador acompanhe no pano de fundo os tristes desdobramentos de fatos históricos marcantes.           Nascido em Belfast, Terry George construiu uma carreira sólida, ao cutucar t...

Tempo de Glória: o melhor filme sobre a Guerra Civil Americana

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Tempo de Glória: direção de Edward Zwick UM DRAMA DE GUERRA EMOCIONANTE Filmes que narram dramas de guerra são aqueles aos quais costumo assistir sozinho, geralmente tarde da noite, quando Ludy está dormindo. Minha mulher não gosta do gênero. A violência que exibe e a tristeza que provoca a incomodam. Por isso, ao avisar que ia assistir a Tempo de Glória , dirigido em 1989 por Edward Zwick, ela torceu o nariz e retrucou que preferia se agarrar a um livro. Mas, enquanto se preparava, ficou sentada na beiradinha do sofá, só a observar. E ficou, cena após cena, até se esquecer de que não gosta de dramas de guerra e de que a violência a entristece. Foi vencida por um cinema emocionante e de alta qualidade!           Tempo de Glória é um grande filme, capaz de deixar qualquer cinéfilo de olhos arregalados. Baseado em fatos históricos, é construído com sólido material ficcional e nos apresenta a personagens desenvolvidos com grande habilidade. A história, que se...

Resistência: será que Marcel Marceau fez isso tudo?

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Resistência: direção de Jonathan Jakubowicz SOBROU AÇÃO E FALTOU PROTAGONISTA Ah, o impulso de contar histórias! Para os amantes da sétima arte ele é praticamente vegetativo – é como respirar! Mas há os apressados, que não conseguem se conter e tagarelam de empolgação, assim que encontram uma trama das boas. O diretor venezuelano Jonathan Jakubowicz – conhecido por seu filme Mãos de Pedra – encontrou uma com potencial de sensibilizar a audiência, mas dessa vez meteu os pés pelas mãos! Seu filme de 2020, intitulado Resistência , embora bem produzido, tropeçou na narrativa. Soa incompleto, raso e só faz atiçar a vontade de conhecer mais a fundo o personagem que homenageia.           Sua história é protagonizada por ninguém menos do que Marcel Marceau, um artista superlativo, considerado um dos maiores mímicos de todos os tempos, que também atuou como coreógrafo. Criou personagens inesquecíveis e encantou plateias do mundo todo, com performances silenciosas, ...

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