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Mostrando postagens com o rótulo Drama de Guerra

Falcão Negro em Perigo: um docudrama com enorme poder bélico

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Falcão Negro em Perigo: direção de Ridley Scott UM FILME DE GUERRA INOVADOR Falcão Negro em Perigo , filme de 2001 dirigido por Ridley Scott, tornou-se uma realização desafiadora e complexa. Nasceu na cabeça do experiente e renomado produtor Jerry Bruckheimer, que decidiu adaptar o best seller escrito em 1999 pelo jornalista americano Mark Bowden, intitulado Falcão Negro em Perigo: Uma História de Guerra Moderna . Depois que o diretor Simon West abandonou o projeto, Bruckheimer jogou a batata quente nas mãos do seu velho amigo, Ridley Scott, o que foi uma sábia decisão. Antes de examinar o cinema resultante, porém, será preciso falar da história; esse é o tipo de filme que está fortemente agarrado à realidade e que exige um esforço narrativo compenetrado e quase documental.           Falcão Negro em Perigo é sobre uma ação militar empreendida pelos norte-americanos, que fracassou de forma estrondosa. O objetivo do filme, portanto, não é enaltecer os atos d...

Zona de Risco: tiros, drones e tecnologia da comunicação

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Zona de Risco: direção de Willian Eubank UM VISLUMBRE DA MODERNA GUERRA DE DRONES Quem aprecia um bom filme de ação, já não cai mais nesse tipo de armadilha: colocam na capa, com destaque, o nome de um ator hollywoodiano consagrado no gênero – um com idade avançada – e capricham na foto. Depois de dar o play, você descobre que o tal astro faz apenas uma ponta insignificante, sem qualquer relevância para o conteúdo dramático do filme. Cabe ao restante do elenco, composto por novatos inexpressivos, a tarefa de prender a atenção do espectador; geralmente não conseguem, porque o roteiro é mal costurado, as linhas de diálogo são óbvias e a trama vem ancorada apenas nas cenas de ação, repletas de clichês.           – Puxa vida! Como é que um ator com tão boa reputação veio parar num filme B? – você se pergunta, sem vontade de ouvir a resposta.           Confesso que quando me deparei no serviço de streaming com o filme Zona de Risco ...

Fomos Heróis: assim começou a guerra do Vietnã

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Fomos Heróis: direção de Randall Wallace VISÃO PLENA DE TODO O TEATRO DE OPERAÇÕES Nem todos os cinéfilos apreciam filmes de guerra. Alguns evitam exposições à violência, como quem evita tomar vento pelas costas, para se proteger das gripes e resfriados. Não abrem mão de suas suscetibilidades. O fato é que todos ficamos resfriados, em algum momento! Para quem gosta da sétima arte, certos filmes de guerra são inevitáveis, especialmente os que ampliaram os cânones do gênero e modelaram o jeito de fazer cinema. Apocalypse Now , O Resgate do Soldado Ryan , Nascido Para Matar , Platoon , Nada de Novo no Front ... São alguns dos títulos que me ocorrem quando quero falar de qualidade, para chamar a atenção dos cinéfilos mais... pacifistas.           Fomos Heróis , filme de 2002 dirigido por Randall Wallace, talvez não seja uma dessas obras inovadoras, que merecem estar no topo da lista, mas possui qualidades inegáveis. Trata-se da adaptação para as telas do livro ...

300: dos quadrinhos para as telas

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300: direção de Zack Snyder COMBATEREMOS À SOMBRA! A Batalha de Termópilas aconteceu há 2.500 anos. Todos já aprendemos sobre ela nos bancos escolares: durante três dias, 300 espartanos liderados pelo Rei Leônidas encurralaram 300 mil persas numa passagem estreita e resistiram até a morte para defender os valores que ergueram a civilização ocidental. Os gregos já empreendiam a busca racional pela verdade e entendiam que ela é tarefa de cada indivíduo. Já os persas, estavam mais preocupados em expandir seu império exuberante e multicultural, mas controlado por um poder central onipresente.           Aqueles espartanos corajosos, unidos pelo ideal de liberdade e independência, viraram símbolo de heroísmo. Além de inspirar as demais cidades-estados gregas a seguir na resistência aos invasores adeptos da servidão coletiva, protagonizaram um episódio incrível, que nos instiga até hoje. Quem se encantou com essa história desde garoto foi o escritor e desenhista F...

Uma Ponte Longe Demais: a história real da Operação Market Garden

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Uma Ponte Longe Demais: direção de Richard Attenborough UMA FAÇANHA LOGÍSTICA MOVIDA PELA VAIDADE Por qual motivo alguém ousaria realizar um filme como Uma Ponte Longe Demais , dirigido em 1977 por Richard Attenborough? Antes de começar a especular, vamos examinar do que ele trata. É um drama de guerra, estrelado por um elenco de famosos, que narra os meandros da fracassada Operação Market Garden, criada em setembro de 1944 pelo ambicioso general britânico Bernard Montgomery. O objetivo era pôr fim à Segunda Guerra Mundial antes daquele Natal. Foi a maior operação de paraquedistas da história, quando 41 mil homens saltaram atrás das linhas alemãs que dominavam a Holanda, com a missão de proteger algumas pontes estratégicas. Enquanto isso, os britânicos avançariam com seus blindados até a cidade de Arnhem e atravessariam a última ponte sobre o rio Reno, para finalmente invadir a Alemanha.           Uma sucessão de erros – rádios defeituosos e estradas estrei...

O Franco Atirador: filme de 1978 vencedor do Óscar

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O Franco Atirador: filme de Michael Cimino AS CONSEQUÊNCIAS DEVASTADORAS DA GUERRA DO VIETNÃ É lamentável ter que começar uma crônica sobre o filme O Franco Atirador , realizado em 1978 por Michael Cimino, falando do seu título. Sempre me incomodei com ele. Primeiro, porque a expressão franco-atirador leva hífen – sinal que nesse caso específico resistiu bravamente aos acordos ortográficos. Depois, porque a expressão está longe de manter diálogo com o título original, The Deer Hunter . Compreendo os motivos que levaram os distribuidores aqui no Brasil a evitar a mera tradução. O caçador de veados, naquele final dos anos 1970, estaria mais para título de pornochanchada e suscitaria alguns mal-entendidos. Em Portugal foram mais assertivos. Batizaram o filme de O Caçador .           A questão é que a expressão franco-atirador remete a um soldado, com ímpeto militar, envolvido em batalhas, com sangue nos olhos. Mas o protagonista de O Franco Atirador não é nad...

Sangue e Ouro: uma espécie de western germânico

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Sangue e Ouro: direção de Peter Thorwarth CONTRIBUIÇÃO DOS ALEMÃES PARA O CINEMA DE AÇÃO Os filmes de bangue-bangue espaguete foram uma invenção inusitada no início dos anos 1960. Rodados na Sicília e na Espanha por diretores italianos em busca da mesma atmosfera dos westerns americanos, trouxeram um sopro de renovação para o gênero, além de toques de um humor mais... mediterrâneo. E trouxeram também a certeza de que outras nacionalidades poderiam ousar seus próprios faroestes, apropriando-se dos clichês narrativos consolidados por cineastas como Sergio Leone e seus seguidores.           Dentre todos os países, o mais improvável de tal ousadia seria a Alemanha. Não por incompetência, é claro! Seu cinema de peso e repleto de contribuições significativas para a construção da sétima arte está nítido na mente de todo cinéfilo. Mas porque é dos alemães que nos costumam chegar algumas das produções mais compenetradas. Títulos como Metrópolis , O Enigma de Kaspar ...

O Pacto: será uma história é real?

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O Pacto: direção de Guy Ritchie NÃO SENTI FALTA DA TRADICIONAL EXTRAVAGÂNCIA DO DIRETOR No agitado mundo dos filmes de ação, o diretor britânico Guy Ritchie é uma usina de criatividade a serviço da diversão e do entretenimento. Desde que surgiu em 1998 com seu ótimo Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes , dirigiu vários sucessos, entre eles Sherlock Holmes , Snatch: Porcos e Diamantes , O Agente da U.N.C.L.E. e mais recentemente, Esquema de Risco - Operação Fortune . A narrativa sempre ágil e envolvente, letreiros que invadem a tela, diálogos afiados e um humor inteligente se tornaram suas marcas registradas; esperava ver todos esses elementos reunidos em O Pacto , filme que ele dirigiu em 2023, mas não! Ao invés disso, assisti a um thriller de guerra compenetrado, com boa profundidade dramática, um enredo sólido e altas doses de tensão.           Devo dizer que a tradicional extravagância de Guy Ritchie não faz a menor falta em O Pacto . Ao invés dela, ...

Midway – Batalha em Alto Mar: fatos históricos e personagens reais

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Midway - Batalha em Alto Mar: direção de Roland Emmerich UM FILME DE AÇÃO FIEL AOS FATOS Nas mãos de Roland Emmerich, até a guerra vira entretenimento! E dos bons! Mais conhecido por seus filmes de catástrofe, como O Dia Depois de Amanhã , 2012 , Idependence Day e Moonfall , o diretor alemão se tornou uma das máquinas mais lucrativas de Hollywood. Especializou-se num tipo de espetáculo grandioso, que atrai pelo ritmo acelerado e pela profusão de cenas de destruição, às quais jamais poderemos assistir no mundo real – provavelmente estaremos mortos antes de atinar para os acontecimentos ao redor! Em Midway – Batalha em Alto Mar , seu filme de 2019, Emmerich lança mão de todos os seus truques para narrar uma das mais importantes batalhas navais da Segunda Guerra Mundial. Agarrado a uma notável precisão histórica, mostrou a estratégia e as ações tanto dos americanos como dos japoneses, .           Por vinte anos, Emmerich alimentou o desejo de realizar um film...

O Último Samurai: até que ponto essa história é verdadeira?

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O Último Samurai: direção de Edward Zwick PERSONAGENS FICTÍCIOS E PREMISSAS VERDADEIRAS Há uma interseção entre os faroestes americanos e os filmes japoneses sobre samurais. Um gênero sempre inspirou o outro. Mais que isso, nutriram-se! Os arquétipos apresentados pelo mestre Akira Kurosawa em Os Sete Samurais , realizado em 1954 como uma homenagem aos cowboys, serviu de munição para filmes como Sete Homens e Um Destino , tanto o de 1960, dirigido por John Sturges, como o remake de 2016, de Antoine Fuqua. Cito aqui o exemplo mais óbvio, mas os cinéfilos antenados certamente serão capazes de resgatar outros, ainda mais surpreendentes. Mas em O Último Samurai , realizado em 2003 por Edward Zwick, os elementos se cruzaram para compor um drama épico, pontuado com cenas de guerra e personagens marcantes.           O filme conta a história de Nathan Algren (Tom Cruise), um atormentado capitão do exército americano – durante a Guerra Civil, participou do massacre ...

A Promessa: denunciando o genocídio do povo armênio

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A Promessa: direção de Terry George CINEMA DENSO, EMOCIONANTE E ÁGIL Numa época em que a indústria do cinema está mais dedicada a oferecer entretimento fácil, voltado para um público concentrado apenas em se divertir, já não há mais cineastas interessados naquele tipo de cinema sério e grandiloquente, assinado por nomes como David Lean. Títulos como Lawrence da Arábia e Doutor Jivago , por exemplo, hoje estão arquivados na prateleira dos... antiquados. Que outro diretor se arriscaria no formato, consciente de que poderia se distanciar do público jovem? Terry George, é claro! Em pleno 2016 ele arregaçou as mangas e realizou A Promessa , um filme denso e envolvente, com o porte de uma adaptação literária clássica: conta uma história de amor em primeiro plano, enquanto deixa que o espectador acompanhe no pano de fundo os tristes desdobramentos de fatos históricos marcantes.           Nascido em Belfast, Terry George construiu uma carreira sólida, ao cutucar t...

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