Postagens

Mostrando postagens com o rótulo Tribunal

Marshall: Igualdade e Justiça: retrato de um herói autêntico

Imagem
Marshall: Igualdade e Justiça: direção de Reginald Hudlin TODOS NÓS SABEMOS O QUE É JUSTIÇA Dramas de tribunal acabaram agrupados em um gênero específico, tanto na literatura como no cinema. Autores como John Grisham, Aaron Sorkin e William Diehl exploraram as diferentes dinâmicas que se estabelecem nas cortes de justiça, usando elementos de mistério e suspense para segurar o leitor – e o espectador – até que o martelo seja finalmente batido. Souberam recitar os cânones e contornar os clichês, sem desapontar o público ávido por... justiça!           Sim, no final das contas, é esse o foco de qualquer drama de tribunal. Sejam leigos, sejam bacharelados, o que todos estão interessados é em ver a justiça sendo exercida em sua plenitude. Reconhecê-la no final, com suas imperfeições e promessas, porém cega e equilibrada e sendo exposta sem disfarces. Mesmo que, no final da trama, ela tropece em parcialidades, ainda assim saberemos que é ela, apenas representada por sua exata negação.       

55 Passos: a história real de Eleanor Riese

Imagem
55 Passos: direção de Bille August A AMIZADE ENTRE DUAS MULHERES MUITO DIFERENTES O dinamarquês Bille August está entre os mais conceituados diretores de cinema da Europa. Venceu a Palma de Ouro do Festival de Cannes duas vezes: em 1982, pelo filme Pelle, o Conquistador e em 1992, por As Melhores Intenções . Além disso, também traz no currículo os excelentes Trem Noturno para Lisboa e Um Homem de Sorte . Portanto, quando me deparei com seu nome na capa do filme 55 Passos , dei por encerrada minha busca pelos serviços de streaming para aquele domingo à noite. Convidei Ludy, que rapidamente veio se acomodar no sofá, para mais uma excelente sessão de cinema.           55 Passos é um drama baseado na história real de Eleanor Riese, vivida aqui pela atriz Helena Bonham Carter. Sua trajetória de vida é marcada por dificuldades e sofrimentos. Diagnosticada com esquizofrenia paranóide crônica, tinha a profundidade mental de uma criança de 12 anos, o que jamais a impediu de levar uma vida au

Questão de Honra: um empolgante filme de tribunal

Imagem
Questão de Honra: direção de Rob Reiner OS PERIGOS DE DAR PODER AOS IRREFREÁVEIS Instituições militares só funcionam por causa da disciplina. Reguladas por normas rígidas, as relações de subordinação entre os níveis hierárquicos asseguram obediência cega às ordens vindas de cima. Porém, há um risco inerente: o juízo pessoal dos líderes, vulneráveis a personalismos e à fome de poder, eventualmente gera distorções ao longo da cadeia de comando, sempre em favor de interesses escusos. No seu filme Questão de Honra , realizado em 1992, o diretor Rob Reiner mostra um desses episódios, ainda que fictício, onde a injustiça vem de atos burocráticos envolvendo oficiais da Marinha americana. Trata-se de um típico filme de tribunal – um dos melhores, diga-se de passagem – onde promotores e defensores lutam para fazer justiça, enquanto se dão conta de que não conhecem todos os fatos e tentam lidar com as manobras jurídicas. Mas antes de entrar nos detalhes, é mais prudente conhecer a sinopse.     

Sleepers: A Vingança Adormecida: uma história real, mas não muito

Imagem
Sleepers: A Vinganã Adormecida: Direção de Barry Levinson A VERACIDADE FICA EM SEGUNDO PLANO Realidade e ficção são dois conceitos antagônicos, que sempre ocuparam lugar central na criação literária. Histórias que aconteceram de fato, ainda que contadas com ênfase na dramatização, ganham profundidade emocional e arrebatam a atenção do leitor. Histórias inventadas, quando costuradas com engenhosidade, ganham verossimilhança e geram encantamento. Porém, quando a fronteira entre realidade e ficção se confunde, quem surge para atrapalhar é o descrédito, comprometendo o alcance da obra. Por certo que na pena de um Jorge Luis Borges, as tintas da fantasia, do sonho e da realidade conseguem criar um universo ampliado, para deleite dos aficionados por boas histórias, mas entrar no terreno do realismo fantástico não foi a intenção do escritor americano Lorenzo Carcaterra, quando publicou seu romance Sleepers , em 1995. Disposto a causar impacto, ele garantiu que sua triste história era verdadei

As Duas Faces de um Crime: o final é surpreendente

Imagem
As Duas Faces de um Crime: direção de Gregory Hoblit A PRESENÇA MEMORÁVEL DE UM COAJUVANTE TALENTOSO Nos anos 1990, a indústria cultural fabricava um produto com grande saída junto ao público americano: o telefilme. O formato era um pouco diferente daquele adotado nas produções para o cinema. A estrutura dos atos era construída de modo a acomodar os vários intervalos comerciais, deixando espaço para que os patrocinadores pudessem vender seus peixes. As cenas e sequências eram captadas em planos mais próximos, privilegiando closes dos atores, para que ficassem mais visíveis nas telinhas da TV. E os temas eram apresentados com dramaticidade atenuada, já que, em casa, os sofás das salas estavam ocupados por famílias inteiras. Telefilmes eram produtos de segundo escalão, mas nem por isso menos populares. Um diretor que se adaptou muito bem ao formato, tornando-se um dos principais nomes da TV dos Estados Unidos, foi Gregory Hoblit. Quando migrou para a tela grande, estreou com um estrondos

Um Crime de Mestre: um honesto suspense de tribunal

Imagem
Um Crime de Mestre: dirigido por Gregory Hoblit TIRANDO PROVEITO DO EMARANHADO JURÍDICO Lá pelos doze anos, o que me estimulou para a leitura foi Sherlock Holmes. As histórias do famoso detetive e seu assistente, Doutor Watson, mantinham-me ocupado por horas nas tardes de férias. Foi nas páginas de Sir Arthur Conan Doyle que encontrei a comprovação: o crime não compensa, mentira tem perna curta e não existe crime perfeito! O arrogante criminoso sempre deixará pistas na cena do crime, que estarão gritando na direção da verdade. Basta usar as ferramentas da dedução para montar o quebra-cabeça e fechar o circuito lógico.           Quando virava a última página do livro e encontrava a palavra “fim”, começava uma nova aventura: a de tentar imaginar como o autor havia construído tão intrincada história. A única possibilidade, conforme minhas próprias deduções lógicas, era seguir o caminho reverso: começar bolando a trama e depois criar os detalhes do crime, imaginando as pistas que seriam de

Os Sete de Chicago: fatos reais que chocaram o mundo

Imagem
Os Sete de Chicago: filme dirigido por Aaron Sorkin UM FILME DE TRIBUNAL ONDE RESPIRAMOS O GÁS LACRIMOGÊNEO DOS ANOS 60 Ao lidar com temas políticos, um diretor sabe que será julgado pela plateia sob dois parâmetros: pela sua ideologia e pelo seu cinema. No filme os Sete de Chicago , de 2020, Aaron Sorkin soube manter sua ideologia a uma distância discreta, mas não poupou espaço para o seu ótimo cinema! Realizou essencialmente um filme de tribunal, com todos os cacoetes do gênero e repleto de momentos eletrizantes.           Como roteirista, Aaron Sorkin já revelou seu talento em filmes como Questão de honra , Jogos de Poder e A Rede Social . Como diretor, já havia realizado A Grande Jogada . Agora, escreveu e dirigiu o filme  Os Sete de Chicago , depois que o diretor destacado originalmente – ninguém menos que Steven Spielberg – teve que abandonar o projeto. Saiu-se bem! O filme narra um episódio histórico na vida jurídica e política dos americanos, que contribuiu para es

Tempo de Matar: uma história onde o racismo interfere nos julgamentos

Imagem
Tempo de Matar: filme de Joel Schumacher CINEMA DENUNCIANDO PRECONCEITO RACIAL, DILEMAS MORAIS E LABIRINTOS JURÍDICOS  O escritor John Grisham ficou famoso por seus romances de tribunal. Já vendeu mais de 300 milhões de exemplares ao redor do mundo e se tornou o número um no segmento dos thrillers de tribunal. Nove dos seus romances foram adaptados para o cinema, mas o primeiro que escreveu – em 1989, apenas três anos depois de se formar advogado – foi Tempo de Matar , que chegou às telas em 1996 dirigido por Joel Schumacher. O autor já havia visto três dos seus títulos virarem filme: A Firma , O Dossiê Pelicano e O Cliente , mas dessa vez decidiu interferir mais diretamente na adaptação. Envolveu-se como produtor, convocou Joel Schumacher para a direção e tratou de impor a concepção de filme que havia imaginado quando concebeu a história.           Tempo de Matar traz uma história bem costurada. Jake Tyler Brigance (Matthew McConaughey) é um advogado trabalhando no estado do Mississ

The Night Of: minissérie com John Turturro e Riz Ahmed

Imagem
The Night Of: minissérie é oito episódios UMA MINISSÉRIE COM A DENSIDADE DE VÁRIOS LONGA-METRAGENS Desde garoto me tornei viciado em TV. Nasci em 1960 e faço parte da primeira geração de brasileiros criada na frente desse aparelho mágico – ainda em branco e preto e a válvula. Acumulei horas de desenhos animados, séries, novelas, programas de auditório, filmes... muitos filmes! Foi através da TV que tomei contato com preciosos clássicos, como A Noite Americana , Amarcord e Glória Feita de Sangue . Todos foram exibidos na TV, ainda que com anos de atraso em relação aos cinemas.           Mas é claro que a TV também exibia lixo! Além das séries bobinhas e despretensiosas, era frequente tropeçar em filmes tolos, produzidos especialmente para a televisão. Nesses, a temática era leve, a abordagem superficial e os planos sempre fechados, com enquadramentos mais adequados à telinha. Mas desenvolvi um macete para evitar esse tipo de filme: ficava de olho nos créditos iniciais, até o mo

Siga a Crônica de Cinema