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Mostrando postagens com o rótulo Baseado em fatos

Alexandre: o grande rei que dominou o mundo antigo

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Alexandre: direção de Oliver Stone A MARCHA DO PROCESSO CIVILIZATÓRIO Sabia muito bem que, um dia, Alexandre o Grande acabaria caindo... na prova! Por isso tratei de estudar o básico: guardei na memória que aquele rei da Macedônia viveu no século 4 a.C, venceu suas mais importantes batalhas quando tinha apenas 18 anos e ao morrer, com 33, dominava 90% do mundo conhecido. Estudou com Aristóteles e montava Bucéfalo, um cavalo tão majestoso quanto ele. Era inteligente, corajoso e um líder capaz de mobilizar multidões em prol de sua desmedida ambição. Pacificou a Grécia, dominou o Egito, conquistou a Pérsia e rumou para o oriente, sem jamais aniquilar a cultura dos povos sob seu jugo. Ao contrário, promoveu uma integração com as crenças e valores que trazia de berço e assim disseminou a cultura helenística. Fundou várias cidades, todas elas chamadas de Alexandria. O sujeito foi rápido, implacável e eficiente. Em apenas 11 anos se tornou o homem mais poderoso do seu tempo e conquistou para

Som da Liberdade: uma história tristemente real

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Som da Liberdade: direção de Alejandro Monteverde LUTANDO CONTRA UM MONSTRO REAL Ah, o burburinho! Ele é essencial na promoção e divulgação de qualquer produto da indústria cultural. No caso de Som da Liberdade , filme de 2023 dirigido por Alejandro Monteverde, ele alcançou níveis de decibéis tão altos que virou estrondo nas bilheterias – façanha notável para uma produção independente de baixo orçamento. Espirrou polêmicas para todos os lados e alvoroçou as lombrigas ideológicas dos que se interessam por cinema e também por política. Ou seja, todos nós! Antes de comentar sobre esse filme, portanto, é melhor examinar como isso aconteceu.           O diretor começou a gestar o filme em 2015 e realizou as filmagens em 2018 com o financiamento de investidores mexicanos. A produção foi engavetada em 2019, quando a 21st Century Fox, que faria a distribuição, foi adquirida por uma Disney entupida de lançamentos já programados. Nesse meio tempo, o ator Jim Caviezel, que faz o papel do protagon

A Luta Pela Esperança: uma história incrivelmente real

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A Luta Pela Esperança: direção de Ron Howard ESTÁ MAIS PARA PAI DE FAMÍLIA DO QUE PARA PUGILISTA Minha última crônica foi sobre o lutador de boxe asqueroso e desagradável retratado por Martin Scorsese no seu excelente Touro Indomável . Para ficar no tema, decidi escrever agora sobre o seu exato oposto, o lutador de boxe bom caráter e aferrado a sólidos valores éticos, que foi nocauteado pela grande depressão econômica na década de 1930, despencou para a miséria, mas conseguiu se reerguer e conquistar o título de campeão mundial dos meio-pesados. Sua história está contada no filme A Luta Pela Esperança , dirigido em 2005 por Ron Howard.           O protagonista dessa história verdadeira e tocante é James J. Braddock, um boxeador compenetrado no ringue e pai de família dedicado fora dele. Sua trajetória de superação, que lembra um conto de fadas, rendeu-lhe o apelido de Cinderella Man, dado por um jornalista esportivo chamado Damon Runyan – o que explica o título original do filme. A dim

Touro Indomável: um clássico memorável

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Touro Indomável: direção de Martin Scorsese UM PERSONAGEM QUE NOS LEVA PARA AS CORDAS O boxeador Jake LaMotta nunca foi um sujeito agradável. Ao contrário, esbanjava mau-caratismo. Esteve na prisão, estuprou uma mulher, espancou uma vítima até quase matá-la durante um assalto, meteu-se com o crime organizado, foi casado sete vezes e bateu em todas as suas mulheres. A violência estava por toda a sua ficha corrida. Nova-iorquino nascido no Bronx, era descendente de italianos e começou no boxe profissional aos 19 anos, em 1941, tonando-se campeão mundial na categoria peso médio em 1950. Depois da aposentadoria, comprou alguns bares e virou comediante. Também foi ator e participou de vários filmes. Lançou alguns livros, entre eles Raging Bull: My Story , escrito em parceria com os jornalistas Joseph Carter e Peter Savage. Apesar da vida conturbada, virou símbolo de coragem e se tornou um herói para os apreciadores do esporte.           Sinceramente, jamais senti um pingo de empolgação em a

Treze Dias Que Abalaram o Mundo: a crise dos mísseis cubanos

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Treze Dias Que Abalaram o Mundo: direção de Roger Donaldson POLÍTICA É UM PROBLEMA, MAS TAMBÉM É A SOLUÇÃO! John F. Kennedy foi aquele presidente americano que teve um caso com a loira Marilyn Monroe e acabou morto enquanto passeava de conversível com a Jaqueline Onassis, ao levar um tiro na cabeça disparado por Lee Harvey Oswald. Resumi de forma tosca? Sim! Mas é praticamente tudo o que o grande público de hoje guarda na memória sobre um dos presidentes mais populares dos Estados Unidos. É curioso como ninguém mais se refere a esse personagem glamouroso como um político. Como tal, era dado a politicagens e badalações, mas sua curta carreira não foi uma festa permanente. Kenedy precisou lidar com o estresse de um dos episódios mais tensos da Guerra Fria. É assim que ele aparece em Treze Dias Que Abalaram o Mundo , filme de 2000 dirigido por Roger Donaldson.           O filme vai se esgueirando pelos bastidores da crise dos mísseis de Cuba, que em 1962 colocou o mundo à beira de uma gue

Horizonte Profundo: Desastre no Golfo: foi assim que tudo aconteceu!

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Horizonte Profundo: Desastre no Golfo: direção de Peter Berg HÁ MUITA EMOÇÃO POR TRÁS DE TODA A PIROTECNIA Sou um cinéfilo convicto, mas sigo uma dieta rica em outros produtos audiovisuais: séries, reality shows, documentários, programas de variedades... Quando meu lado nerd vem à tona, gosto de assistir às séries educativas do Discovery Chanel, como Mundo Gigante com Richard Hammond . Num dos episódios, lembro que o jornalista inglês visitou a maior plataforma de petróleo do mundo, em operação no Golfo do México. Hammond é carismático e sabe capturar o interesse dos espectadores. Além de nos pôr surpresos com o gigantismo da plataforma e suas complexidades operacionais, desceu ao nível dos detalhes mais banais, mostrando o dia-a-dia dos trabalhadores que lá passam confinados de quinze em quinze dias. Mais que isso, Hammond conseguiu passar uma noção espacial de toda a plataforma, dando uma compreensão das distâncias e da localização dos seus diferentes recintos. Ao final do programa,

Destemida: com a família dando apoio, sobra determinação!

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Destemida: direção de Sarah Spillane UMA HISTÓRIA INSPIRADORA, QUE NOS SERVE DE MODELO Colocar o filme Destemida , dirigido em 2022 pela australiana Sarah Spillane, lado a lado com o agora clássico Eu, Christiane F. - 13 Anos, Drogada e Prostituída , dirigido em 1981 pelo alemão Ulrich Edel, pode parecer uma aberração. Mas é justamente o que estou fazendo nesta sequência de crônicas, porque enxerguei entre os dois filmes uma forte conexão: a família. No primeiro, ela se impõe pela presença. No segundo, pela ausência! Ambos são protagonizados por meninas, personagens reais que alcançaram, cada uma ao seu modo, alguma projeção mundial. O primeiro filme é edificante e inspirador. O segundo é didático e nos serve de alerta.           Quarenta anos depois que a triste história de Christiane F. chocou o mundo, podemos assistir a um filme que segue na direção oposta. Destemida nos conta a jornada de Jessica Watson (Teagan Croft), uma australiana de apenas 16 anos que, em 2009, tornou-se a pe

Eu, Christiane F. - 13 Anos, Drogada e Prostituída: filme de 1981

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Eu, Christiane F. - 13 Anos, Drogada e Prostituída: direção de Ulrich Edel CONTUNDENTE, DIDÁTICO, REALISTA E ATUAL Neste fim de semana, Ludy e eu vivemos uma experiência de cinema um tanto peculiar. Assistimos a dois filmes protagonizados por meninas, um completamente diferente do outro. No entanto, encontramos neles uma conexão surpreendente: ambos falam de família, só que um nasceu pela falta dela e o outro, por causa dela. No primeiro, a família é uma abstração tão desfocada, que em momento algum lembramos dela. No segundo, a concretude da família é tão nítida, que não há como esquecer dela em nenhuma cena. O primeiro filme é Eu, Christiane F. - 13 Anos, Drogada e Prostituída , dirigido em 1981 por Ulrich Edel. O segundo é Destemida , dirigido em 2022 por Sarah Spillane.           Pensei em desenvolver uma única crônica falando dos dois filmes, mas logo percebi que seria impossível. Primeiro, porque exigiria muitos parágrafos além do usual. Depois, porque fugiria ao padrão da Crônic

Midway – Batalha em Alto Mar: fatos históricos e personagens reais

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Midway - Batalha em Alto Mar: direção de Roland Emmerich UM FILME DE AÇÃO FIEL AOS FATOS Nas mãos de Roland Emmerich, até a guerra vira entretenimento! E dos bons! Mais conhecido por seus filmes de catástrofe, como O Dia Depois de Amanhã , 2012 , Idependence Day e Moonfall , o diretor alemão se tornou uma das máquinas mais lucrativas de Hollywood. Especializou-se num tipo de espetáculo grandioso, que atrai pelo ritmo acelerado e pela profusão de cenas de destruição, às quais jamais poderemos assistir no mundo real – provavelmente estaremos mortos antes de atinar para os acontecimentos ao redor! Em Midway – Batalha em Alto Mar , seu filme de 2019, Emmerich lança mão de todos os seus truques para narrar uma das mais importantes batalhas navais da Segunda Guerra Mundial, mostrando a estratégia e as ações tanto dos americanos como dos japoneses. E faz isso agarrado a uma notável precisão histórica.           Por vinte anos, Emmerich alimentou o desejo de realizar um filme sobre a batalha

O Último Samurai: até que ponto essa história é verdadeira?

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O Último Samurai: direção de Edward Zwick PERSONAGENS FICTÍCIOS E PREMISSAS VERDADEIRAS Há uma interseção entre os faroestes americanos e os filmes japoneses sobre samurais. Um gênero sempre inspirou o outro. Mais que isso, nutriram-se! Os arquétipos apresentados pelo mestre Akira Kurosawa em Os Sete Samurais , realizado em 1954 como uma homenagem aos cowboys, serviu de munição para filmes como Sete Homens e Um Destino , tanto o de 1960, dirigido por John Sturges, como o remake de 2016, de Antoine Fuqua. Cito aqui o exemplo mais óbvio, mas os cinéfilos antenados certamente serão capazes de resgatar outros, ainda mais surpreendentes. Mas em O Último Samurai , realizado em 2003 por Edward Zwick, os elementos se cruzaram para compor um drama épico, pontuado com cenas de guerra e personagens marcantes.           O filme conta a história de Nathan Algren (Tom Cruise), um atormentado capitão do exército americano – durante a Guerra Civil, participou do massacre de milhares de nativos durante

Marshall: Igualdade e Justiça: retrato de um herói autêntico

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Marshall: Igualdade e Justiça: direção de Reginald Hudlin TODOS NÓS SABEMOS O QUE É JUSTIÇA Dramas de tribunal acabaram agrupados em um gênero específico, tanto na literatura como no cinema. Autores como John Grisham, Aaron Sorkin e William Diehl exploraram as diferentes dinâmicas que se estabelecem nas cortes de justiça, usando elementos de mistério e suspense para segurar o leitor – e o espectador – até que o martelo seja finalmente batido. Souberam recitar os cânones e contornar os clichês, sem desapontar o público ávido por... justiça!           Sim, no final das contas, é esse o foco de qualquer drama de tribunal. Sejam leigos, sejam bacharelados, o que todos estão interessados é em ver a justiça sendo exercida em sua plenitude. Reconhecê-la no final, com suas imperfeições e promessas, porém cega e equilibrada e sendo exposta sem disfarces. Mesmo que, no final da trama, ela tropece em parcialidades, ainda assim saberemos que é ela, apenas representada por sua exata negação.       

Tempo de Glória: o melhor filme sobre a Guerra Civil Americana

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Tempo de Glória: direção de Edward Zwick UM DRAMA DE GUERRA EMOCIONANTE Filmes que narram dramas de guerra são aqueles aos quais costumo assistir sozinho, geralmente tarde da noite, quando Ludy está dormindo. Minha mulher não gosta do gênero. A violência que exibe e a tristeza que provoca a incomodam. Por isso, quando avisei que ia assistir a Tempo de Glória , dirigido em 1989 por Edward Zwick, ela torceu o nariz e retrucou que preferia se agarrar a um livro. Mas, enquanto se preparava, ficou sentada na beiradinha do sofá, só observando. E foi ficando, cena após cena, até se esquecer de que não gosta de dramas de guerra e de que a violência a entristece. Foi vencida por um cinema emocionante e de alta qualidade!           Tempo de Glória é um grande filme, capaz de deixar qualquer cinéfilo de olhos arregalados. Baseado em fatos históricos, é construído com sólido material ficcional e nos apresenta a personagens desenvolvidos com grande habilidade. A história, que se passa durante a Gu

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