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Mostrando postagens com o rótulo Ficção Científica

Star Trek: um rebbot criativo e empolgante

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Star Trek: direção de J. J. Abrams NÃO PRECISA SER FÃ INVETERADO PARA SE DELICIAR Por que Star Trek , a série de TV criada em 1966 por Gene Roddenberry, funcionou tão bem no imaginário popular, a ponto de se tornar um latifúndio na cultura pop? Os star trekkers já devem ter se apoderado de um significativo percentual de todos os megabytes da internet, tamanha a vastidão de informações disponíveis sobre as séries, filmes, games, quadrinhos, livros, brinquedos e outras bugigangas derivadas da série original. Geração após geração, o número de fãs incondicionais só aumenta. Os anos passam e o sucesso de Star Trek segue em velocidade de dobra, rumo ao infinito e além – para usar aqui um tom de propositada heresia!           Aposto que nem mesmo os marqueteiros detentores dos direitos da franquia conhecem a resposta para a pergunta lá do começo. Talvez colecionem um punhado de respostas, cada uma delas ensejando dezenas de novas perguntas. Vejo esse estrondoso sucesso como um daqueles fenô

1984: a data continua como um mau presságio

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1984: direção de Michael Radford AINDA NÃO FOI EM 1984, MAS... Estava com 23 anos em 1984. Já não era mais um estudante e labutava numa multinacional para fazer minha carreira na publicidade. Então aconteceu uma revolução! Um comercial inovador, dirigido por ninguém menos que Ridley Scott, invadiu nossas televisões e mudou o jeito de pensar a comunicação. O produto anunciado era um novo computador da Apple, batizado de Macintosh – nome de uma variedade de maçã cultivada na Califórnia. O roteiro, criado pelos publicitários Steve Hayden, Brent Thomas e Lee Clow, da agência Chiat\Day, usava como mote o romance 1984 , escrito por George Orwell.           Observe que este famoso comercial de TV, com apenas um minuto de duração, não foi feito para vender um computador, mas para vender uma ideia! Recria a perturbadora cena dos pálidos trabalhadores robotizados, que servem de audiência para uma imensa tela com a imagem ameaçadora do Big Brother. Mas então, acontece algo que não estava no scrip

THX 1138: a desumanidade dos delírios coletivistas

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THX 1128: direção de George Lucas CINEMA PREMONITÓRIO? Só assisti à ficção científica THX 1138 , dirigida por George Lucas em 1971, quando entrou em cartaz na minha cidade, com dez anos de atraso. Foi num cinema de rua, como agora são chamadas as salas de exibição que não ficam plantadas em shopping centers – na época, o que não havia em Curitiba eram shopping centers! Apesar do visual apurado, o filme me pareceu preso em uma distopia temporal: trazia uma concepção futurista, mas mostrava traquitanas tecnológicas com design menos arrojado do que vi em Guerra nas Estrelas . Não fiquei empolgado com o ritmo arrastado, mas guardei na memória a história perturbadora das pessoas desumanizadas, contabilizadas como números e mantidas vivas com o único propósito de servir à coletividade. Fiquei com receio de que o filme pudesse trazer algum sentido... premonitório.           Então, zapeando pelos canais da TV por assinatura, me deparei novamente com THX 1138, desta vez com um atraso de 52 anos

Jogador Nº1: ficção científica embriagada de nostalgia

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Jogador N⁰1: direção de Steven Spielberg UM ÉPICO FUTURISTA ENVOLTO EM MELANCOLIA Os cinéfilos costumam reservar seus adjetivos mais suntuosos para a sétima arte: imersiva, simbólica, elevada, envolvente, reflexiva... Mas quem acaba roubando a cena é mesmo a paixão pelos filmes. São eles que guardamos na memória e revisitamos sempre que precisamos fruir algumas doses de regozijo. Geralmente empregamos a palavra filme para nos referir a um longa-metragem, porém, há mais de um século o cinema vem se expressando por meio de outros formatos: curtas, seriados, comerciais de TV, telenovelas, videoclipes, reality shows, histórias em quadrinhos e... videogames. Os cinéfilos também têm olhos para esses outros formatos, afinal, todos empregam linguagens derivadas do cinema. Em todos, o imperativo é a narrativa, mas nos videogames, a interatividade coloca a narrativa nas mãos do jogador!           As últimas gerações testemunharam o crescimento exponencial da indústria dos videogames, cuja receit

Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo: nada importa, nem o cinema!

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Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo: direção de Daniel Kwan e Daniel Scheinert É SÓ MAIS UM FILME DE SUPER-HERÓIS PROTAGONIZADO POR GENTE COMUM O humor anárquico e absurdo sempre foi um instrumento de demolição, usado sem piedade para estilhaçar o sistema e os poderosos da vez. Nas mãos de cineastas talentosos e criativos, o gênero costumava irradiar críticas para todas as direções, em estilo irônico e mordaz, escrachando zombarias que faziam pensar. Além de escarnecer, usando até mesmo os elementos mais mórbidos e macabros, o objetivo era desconcertar, desmascarar, encabular, tirar o espectador da zona de conforto, o fazendo duvidar das verdades que trazia consigo para a sala de cinema. Infelizmente, aqui, o humor anárquico e absurdo é usado para acomodar, acalmar os ímpetos contestadores, distrair... Em Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo , realizado em 2022 por Daniel Kwan e Daniel Scheinert, o maior esforço é para estabelecer três conceitos mentirosos:           Conceito mentiroso 1:

Jurassic Park - Parque dos Dinossauros

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Jurassic Park: direção de Steven Spielberg ANTES DE TUDO, UMA FAÇANHA NARRATIVA! Desde que a palavra "dinosauria" foi inventada pelo cientista britânico Richard Owen, em 1842, os lagartos terríveis que dominaram a Terra há milhões de anos voltaram à vida no imaginário popular. O cinema, valendo-se de toscas animações em stop motion, onde bonecos são fotografados quadro a quadro para simular movimento, tratou de materializá-los em sua gigantesca monstruosidade. Mas foi em Jurassic Park - Parque dos Dinossauros , filme de 1993 dirigido por Steven Spielberg, que eles ressuscitaram, numa façanha ousada e lucrativa, que entrou para a história da sétima arte.           Há exatos 30 anos, cinéfilos do mundo todo se deliciaram com imagens de um realismo inédito, geradas por meio da computação gráfica. Tal técnica revolucionária acabou ganhando relevância aos olhos da plateia, a ponto de se tornar, ela mesma, uma presença marcante no filme. A partir dali não haveria limites para a ous

Mente Criminosa: pacote completo com ação, ficção científica, espionagem e suspense

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Mente Criminosa: direção de Ariel Vromen ROTEIRO BEM COSTURADO E UM ELENCO CARISMÁTICO Com perdão do pleonasmo, gosto de definir os enredos de filmes de ação como peças cinematográficas por excelência. Quero com isso dizer que, em geral, não são adaptações de romances, história em quadrinhos ou videogames. São criados para as telas e formatados a partir do uso otimizado da linguagem audiovisual. Normalmente, o gênero não abre espaço para investigações aprofundadas sobre o mundo interno dos personagens. O que interessa são as decisões que eles tomam, quase sempre sob pressão de forças externas urgentes. Filmes de ação não demandam longas cenas expositivas, nem subtramas costuradas com apuro. Basta a boa e velha narrativa linear e a escolha dos melhores pontos de vista para expor a ação – normalmente o assumido pelo protagonista heroico ou pelo antagonista abjeto. Mente Criminosa , dirigido em 2016 pelo israelense Ariel Vromen, é um filme de ação, mas recebeu alguns “upgrades” extraídos

O Homem Bicentenário: baseado em um conto de Isaac Asimov

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O Homem Bicentenário: direção de Chris Columbus EXCESSO DE SENTIMENTALISMO E PRESSA EM FAZER RIR A comédia Uma Babá Quase Perfeita , dirigida por Chris Columbus e estrelada por Robin Williams, tornou-se um estrondoso sucesso no verão de 1993. Em 1999, o estúdio – a Disney – tratou de repetir a dose, apostando que o filme O Homem Bicentenário alcançaria os mesmos resultados nas bilheterias. Convocou o diretor badalado e o astro consagrado novamente, mas dessa vez deu tudo errado! O filme naufragou estrondosamente e deixou legiões de espectadores decepcionados. Ao invés de uma comédia ágil e leve, toparam com uma história sentimental, densa e pontuada de reflexões. Os poucos rompantes de humor terminaram diluídos ao longo das duas horas e dez minutos de duração.           Os estrategistas de marketing responsáveis pela divulgação do filme tiveram suas orelhas puxadas e com razão. Seus trailers e materiais promocionais insistiam em vender O Homem Bicentenário como uma comédia, mas a pro

Invasão do Mundo: Batalha de Los Angeles

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Invasão do Mundo: Batalha de Los Angeles: direção de Jonathan Liebesman DIVERSÃO COSTURADA COM REALISMO, HUMOR E CRIATIVIDADE Este é um filme dirigido por um sul-africano, que fala de alienígenas chegando ao planeta Terra e foi filmado com a câmera no ombro, para conseguir uma atmosfera realista e documental. Mas observe que não se trata de Distrito 9 , a distopia inteligente e original realizada em 2009 por Neill Blomkamp. Invasão do Mundo: Batalha de Los Angeles é uma produção hollywoodiana, dirigida em 2011 por Jonathan Liebesman, outro sul-africano que, para deleite dos amantes de ficção científica, conseguiu seguir os passos do conterrâneo e fundiu dois gêneros capazes de proporcionar ótimas sequências de ação: guerra e invasão alienígena.           Antes de mais nada é preciso que se diga: a origem dos dois diretores não é mera coincidência. Liebesman, é claro, tornou-se admirador do cinema inovador de Blomkamp e foi pedir ajuda a ele quando decidiu entrar na disputa para concor

Independence Day: trazendo a fantasia para o mundo real

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Independence Day: direção de Roland Emmerich LUTA PELA SOBREVIVÊNCIA, DURANTE O FERIADO AMERICANO Para quem vive na Região Sul, como é meu caso, o mês de julho tem as feições do inverno. As temperaturas baixas nos obrigam a tirar do guarda-roupa os casacos mais pesados e as bebidas quentes se tornam as mais apreciadas. Enquanto isso, lá no hemisfério norte, dá-se o oposto: o verão representa a cara das férias e da diversão. É quando a indústria do cinema aproveita para lançar seus filmes arrasa-quarteirão, na certeza de alcançar as maiores bilheterias. Naquele 2 de julho de 1996, a aposta vencedora foi Independence Day , dirigido por Roland Emmerich. Nunca a expressão arrasa-quarteirão – ou blockbuster, como preferem os anglófonos – foi tão bem empregada. Os trailers exibidos à exaustão, mostravam a Casa Branca sendo pulverizada por raios alienígenas e a cidade de Nova Iorque sendo reduzida a escombros, num realismo desconcertante. Durante semanas, não se falou de outra coisa.        

Interestelar: um banho de ciência!

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Interestelar: direção de Christopher Nolan QUANDO CINEASTAS E CIENTISTAS TRABALHAM EM PARCERIA Há inúmeras maneiras pelas quais a vida pode se extinguir na Terra: erupções solares, mudanças no escudo magnético que nos protege da radiação cósmica, impactos de meteoros e cometas... Nosso planeta, da maneira como nos valemos dele hoje, está destinado a desaparecer. É questão de tempo. Portanto, se temos pretensão de continuar existindo, teremos que nos aventurar no espaço e encontrar outros mundos colonizáveis. Essa noção é o motor da epopeia humana em busca de conhecimento científico e, em última instância, da própria corrida espacial, que já nos legou importantes conquistas. É também o motor de vários filmes de ficção científica, que há décadas têm nos colocado íntimos do espaço sideral, seus perigos e desafios.           O gênero encontrou no cinema um suporte perfeito para se desenvolver. Enquanto a literatura, para misturar especulação científica, drama, ação, mistério e suspense, co

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