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Mostrando postagens com o rótulo Ficção Científica

Tron: Ares: um filme de ação desenfreada

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Tron: Ares: direção de Joachim Rønning NO CINEMA, O IMPERATIVO VISUAL JÁ NÃO É O MEMSMO! Quando Tron , filme dirigido por Steven Lisberger foi lançado em 1982, corri para o cinema. Já trabalhava com criação publicitária e tinha grande interesse pelo futuro da computação gráfica, cujas promessas só conseguia vislumbrar nas matérias das revistas; aliás, o mundo da computação acessível a todos os mortais ainda era assunto para a ficção científica, outra das minhas paixões. Para meu deleite, o filme misturava ambos os temas; este cinéfilo afoito voltou àquela sala de cinema na mesma semana, depois de ler o que pode sobre os detalhes da produção.           É claro que a ideia de que o protagonista podia ser desmaterializado por um feixe de raios, para então ser sugado para um micromundo existente dentro de um chip de computador, soou para mim um tanto absurda; mas a considerei plausível diante do contexto narrativo. Confesso, porém, que me decepcionei quando des...

Gattaca: A Experiência Genética

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Gattaca: A Experiência Genética TECNOCRATAS EUGENISTAS ROBOTIZANDO CIDADÃOS Ah, lá vamos nós, conversar novamente sobre distopias! Já escrevi uma crônica sobre o tema, onde listei alguns filmes provocativos – para ler, basta clicar aqui ! Dessa vez, porém, vou me deter em Gattaca: A Experiência Genética , filme escrito e dirigido em 1997 pelo cineasta neozelandês Andrew Niccol. Trata-se de uma obra de ficção científica instigante e inteligente, que nos embriaga os sentidos com qualidades cinematográficas inquestionáveis, mas traz uma mensagem subliminar perturbadora. Para articular uma conversa proveitosa, entretanto, terei primeiro que esmiuçar a sua sinopse:           O filme se passa num futuro próximo, quando a sociedade decide estratificar-se a partir de uma política eugenista, sustentada por uma avançada tecnologia de manipulação do DNA humano. São criadas duas categorias de cidadãos: os válidos, geneticamente modificados e por isso dotados de qualida...

Brazil – O Filme: uma distopia inspirada em George Orwell

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Brazil - O Filme: direção de Terry Gillian QUANDO MONTY PYTHON ENCONTRA GEORGE ORWELL No Brasil do começo dos anos 1980, o humor anárquico do grupo inglês Monty Python não era popular; poucos tiveram a oportunidade de assistir no cinema ao filme Monty Python em Busca do Cálice Sagrado . Com o advento dos videocassetes, as fitas com os programas de TV da trupe britânica apareceram nas locadoras e atraíram mais fãs; serviram de chamariz para os filmes A Vida de Brian e Monty Python – O Sentido da Vida , que vieram na sequência. Na época, poucos enxergaram a conexão entre esses títulos e Brasil – O Filme , dirigido em 1985 por Terry Gillian – aliás, uma conexão sutil e se a menciono aqui, é apenas para criar um efeito narrativo.           Acontece que Terry Gillian, o diretor, foi um dos integrantes dos Monty Python – o único americano do grupo. Como cartunista, contribuiu com as animações que permeiam os filmes da trupe, além de ter colaborado nos roteiros e...

Dredd: juiz, mas também policial, promotor, júri e carrasco

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Dredd: filme dirigido por Pete Travis UM SISTEMA INFECTADO DE CINISMO E HIPOCRISIA Para escrever sobre o ótimo Dredd , filme de ação e ficção científica com estética cyberpunk, dirigido em 2012 por Pete Travis, quero falar de... pragmatismo! Baseado na história em quadrinhos criada em 1977 por John Wagner e Carlos Ezquerra e publicada na revista inglesa 2000 AD, o filme mantém a essência do protagonista, que combate o crime em Mega City One, uma megalópole distópica incrivelmente violenta. Lá, o tal Juiz Dredd exerce as funções de policial, promotor, juiz, júri e carrasco, tudo ao mesmo tempo. Sim, ele e seus colegas juízes, que estão na rua para impor a lei e a ordem, agilizam o processo. Ganham tempo e poupam os recursos dos pagadores de impostos. São legitimados por um sistema pragmático, desenhado pelos detentores do poder para garantir resultados palpáveis, medidos estatisticamente.           Quando comecei a frequentar os bancos da universidade, meus ...

O Homem do Castelo Alto: uma série envolvente e distópica

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O Homem do Castelo Alto: série criada por Frank Spotnitz PERSONAGENS BEM CONSTRUÍDOS, NUMA JORNADA DESAFIADORA Você já pensou como o mundo seria tenebroso caso os nazistas e fascistas tivessem saído vencedores da Segunda Guerra Mundial? Philip K. Dick já perdeu noites de sono a imaginar os infelizes desdobramentos dessa péssima ideia. Escritor talentoso, tornou-se um dos principais nomes da ficção cientifica, tendo escrito Blade Runner , Minority Report , O Vingador do Futuro , O Vidente e Os Agentes do Destino , entre tantos outros livros que resultaram em adaptações para o cinema. Quando publicou O Homem do Castelo Alto , em 1962, provocou a imaginação do público. Descreveu como as potências do Eixo poderiam ter derrotado os Aliados, conquistado definitivamente a Europa e ocupado os Estados Unidos.           No romance de Philip K. Dick, o infortúnio da humanidade começa quando Franklin D. Roosevelt é assassinado em 1933. Seus sucessores não conseguem ti...

Star Trek: um rebbot criativo e empolgante

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Star Trek: direção de J. J. Abrams NÃO PRECISA SER FÃ INVETERADO PARA SE DELICIAR Por que Star Trek , a série de TV criada em 1966 por Gene Roddenberry, funcionou tão bem no imaginário popular, a ponto de se tornar um latifúndio na cultura pop? Os star trekkers já devem ter se apoderado de um significativo percentual de todos os megabytes da internet, tamanha a vastidão de informações disponíveis sobre as séries, filmes, games, quadrinhos, livros, brinquedos e outras bugigangas derivadas da série original. Geração após geração, o número de fãs incondicionais só aumenta. Os anos passam e o sucesso de Star Trek segue em velocidade de dobra, rumo ao infinito e além – para usar aqui um tom de propositada heresia!           Aposto que nem mesmo os marqueteiros detentores dos direitos da franquia conhecem a resposta para a pergunta lá do começo. Talvez colecionem um punhado de respostas, que ensejam dezenas de novas perguntas. Vejo esse estrondoso sucesso como ...

1984: a data continua como um mau presságio

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1984: direção de Michael Radford AINDA NÃO FOI EM 1984, MAS... Estava com 23 anos em 1984. Já não era mais um estudante e labutava numa multinacional para fazer minha carreira na publicidade. Então aconteceu uma revolução! Um comercial inovador, dirigido por ninguém menos que Ridley Scott, invadiu nossas televisões e mudou o jeito de pensar a comunicação. O produto anunciado era um novo computador da Apple, batizado de Macintosh – nome de uma variedade de maçã cultivada na Califórnia. O roteiro, criado pelos publicitários Steve Hayden, Brent Thomas e Lee Clow, da agência Chiat\Day, usava como mote o romance 1984 , escrito por George Orwell.           Observe que este famoso comercial de TV, com apenas um minuto de duração, não foi feito para vender um computador, mas para vender uma ideia! Recria a perturbadora cena dos pálidos trabalhadores robotizados, que servem de audiência para uma imensa tela com a imagem ameaçadora do Big Brother. Mas então, acontece...

THX 1138: a desumanidade dos delírios coletivistas

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THX 1128: direção de George Lucas CINEMA PREMONITÓRIO? Só assisti à ficção científica THX 1138 , dirigida por George Lucas em 1981, quando entrou em cartaz na minha cidade, com dez anos de atraso. Foi num cinema de rua, como agora são chamadas as salas de exibição que não ficam plantadas em shopping centers – na época, o que não havia em Curitiba eram shopping centers! Apesar do visual apurado, o filme me pareceu preso em uma distopia temporal: trazia uma concepção futurista, mas mostrava traquitanas tecnológicas com design menos arrojado do que vi em Guerra nas Estrelas . Não fiquei empolgado com o ritmo arrastado, mas guardei na memória a história perturbadora das pessoas desumanizadas, contabilizadas como números e mantidas vivas com o único propósito de servir à coletividade. Fiquei com receio de que o filme pudesse trazer algum sentido... premonitório.           Então, ao zapear pelos canais da TV por assinatura, me deparei novamente com THX 1138 , des...

Jogador Nº1: ficção científica embriagada de nostalgia

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Jogador N⁰1: direção de Steven Spielberg UM ÉPICO FUTURISTA ENVOLTO EM MELANCOLIA Os cinéfilos costumam reservar seus adjetivos mais suntuosos para a sétima arte: imersiva, simbólica, elevada, envolvente, reflexiva... Mas quem rouba a cena é mesmo a paixão pelos filmes. São eles que guardamos na memória e revisitamos sempre que precisamos fruir algumas doses de regozijo. Geralmente empregamos a palavra filme para nos referir a um longa-metragem, porém, há mais de um século o cinema se expressa por meio de outros formatos: curtas, seriados, comerciais de TV, telenovelas, videoclipes, reality shows, histórias em quadrinhos e... videogames. Os cinéfilos também têm olhos para esses outros formatos, afinal, todos empregam linguagens derivadas do cinema. Em todos, o imperativo é a narrativa, mas nos videogames, a interatividade coloca a narrativa nas mãos do jogador!          As últimas gerações testemunharam o crescimento exponencial da indústria dos videogames, cuj...

Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo: nada importa, nem o cinema!

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Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo: direção de Daniel Kwan e Daniel Scheinert É SÓ MAIS UM FILME DE SUPER-HERÓIS PROTAGONIZADO POR GENTE COMUM O humor anárquico e absurdo sempre foi um instrumento de demolição, usado sem piedade para estilhaçar o sistema e os poderosos da vez. Nas mãos de cineastas talentosos e criativos, o estilo irônico e mordaz costumava irradiar críticas para todas as direções, com zombarias que faziam pensar. Além de escarnecer, com elementos mórbidos e macabros, desconcertavam e tiravam o espectador da zona de conforto, o fazendo duvidar das verdades que trazia consigo para a sala de cinema. Infelizmente, em  Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo , realizado em 2022 por Daniel Kwan e Daniel Scheinert, o humor anárquico e absurdo é usado para acalmar os ímpetos contestadores e distrair. O maior esforço do filme é para estabelecer três conceitos mentirosos:           Conceito mentiroso 1: nada importa, realmente! – A fr...

Jurassic Park - Parque dos Dinossauros

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Jurassic Park: direção de Steven Spielberg ANTES DE TUDO, UMA FAÇANHA NARRATIVA! Desde que a palavra "dinosauria" foi inventada pelo cientista britânico Richard Owen, em 1842, os lagartos terríveis que dominaram a Terra há milhões de anos voltaram à vida no imaginário popular. O cinema, valeu-se de toscas animações em stop motion, onde bonecos são fotografados quadro a quadro para simular movimento, para materializá-los em sua gigantesca monstruosidade. Mas foi em Jurassic Park - Parque dos Dinossauros , filme de 1993 dirigido por Steven Spielberg, que eles ressuscitaram, numa façanha ousada e lucrativa, que entrou para a história da sétima arte.           Há exatos 30 anos, cinéfilos do mundo todo se deliciaram com imagens de um realismo inédito, geradas por meio da computação gráfica. Tal técnica revolucionária ganhou relevância aos olhos da plateia, a ponto de se tornar, ela mesma, uma presença marcante no filme. A partir dali não haveria limites para a ...

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