Hitchcock: a história real do filme Psicose

Cena do filme Hitchcock
Anthony Hopkins vive Alfred Hitchcock no filme Hitchcock

A MULHER DE HITCHCOCK É ALMA DO FILME!

Vamos direto ao ponto: Hitchcock é um filme de 2012, dirigido por Sacha Gervasi e roteirizado por John J. McLaughlin com base no livro de Stephen Rebello intitulado Alfred Hitchcock and the Making of Psycho. O problema é que todas essas palavras estão longe de fornecer uma definição exata sobre o que é esse filme. Por certo, os fãs de Alfred Hitchcock vão logo sentando na poltrona para se deliciar com as histórias de bastidores de um dos maiores clássicos do gênero suspense, tal como Stephen Rebello narrou em detalhes no seu livro. Porém, se esperam acompanhar uma narrativa em tom de documentário, ou satisfazer o voyeurismo cinéfilo que domina o imaginário sobre Psicose, é preciso ligar o alerta de frustração iminente. Esse filme segue uma outra abordagem. É leve, divertido, fantasioso e nos apresenta a um personagem que conhecemos muito pouco: Alma Reville!
        Nesse filme, o Alfred Hitchcock que conhecemos não é o mesmo que perambula pelas páginas daquele meticuloso e revelador livro lançado em 1990. É genial, sim. E temperamental! E astuto! É dono da própria carreira, mas atormentado pela rejeição da crítica especializada, que põe em cheque a qualidade dos seus filmes. Tem na esposa Alma Reville uma colabora criativa e um ponto de apoio inestimável. O filme Hitchcock é mais sobre o relacionamento duradouro do casal do que sobre as curiosidades nos sets de filmagem e as revelações biográficas. Vamos a uma sinopse:
        O filme flagra Alfred Hitchcock (Anthony Hopkins) em 1959, buscando um caminho a seguir depois do sucesso de seu filme Intriga Internacional. Ele recusa propostas tentadoras e acaba topando com o livro Psicose, escrito por Robert Bloch. Pronto! Realizar o filme vira uma obsessão. Sua esposa Alma (Helen Mirren) também se entusiasma com a produção e propõe soluções criativas – como matar a protagonista vivida por Janet Leigh (Scarlett Johansson) logo no início do filme. Mas ela dá mais do que boas ideias: dá motivos para alimentar os ciúmes do marido. Para complicar, o cineasta se vê em conflitos com os chefões do estúdio e com a necessidade de empenhar as próprias finanças para concluir seu filme. Como pano de fundo, acompanhamos os bastidores da produção e os incontáveis problemas que precisam ser superados. Enquanto isso, em primeiro plano, o que nos preocupa é a crise entre Alfred e Alma e a possibilidade que a vida conjugal deles chegue ao fim.
        Hitchcock é um drama romântico. Ele nos mostra que o biografado não era exatamente um primor de marido, mas mantinha com Alma um relacionamento complexo, pessoal, profissional e... criativo. Ela, por sua vez, é o elemento de novidade, que o diretor Sacha Gervasi encontrou para se desviar da armadilha temática do seu filme. Caso se limitasse a mostrar as filmagens de uma obra que o mundo inteiro já conhece de cor e salteado, arrancaria apenas bocejos da plateia. Ainda bem que optou pela dramatização.
        O roteirista John J. McLaughlin abraçou a tarefa de adaptar um livro de não-ficção e transformá-lo num drama com certa tensão. Em seu roteiro, contou com a colaboração não creditada do próprio autor, Stephen Rebello, que ajudou a focalizar a trama em Alma Reville. Ainda assim o roteirista encontrou espaço para incluir algumas cenas representativas do drama verdadeiro que foi realizar Psicose. A batalha com os censores, as tensões com a estrela Janet Leigh, a escalação de Anthony Perkins, a criação da famosa cena do chuveiro, a escolha da trilha sonora... Mais do que uma homenagem ao cineasta, os realizadores conseguiram inserir esses detalhes no contexto dramático do filme de forma coerente e pertinente.
        É claro que a atuação de Helen Mirren precisa ser destacada. A atriz é convincente e trouxe um charme especial à personagem de Alma. Mas é para Anthony Hopkins que vão as nossas expressões de assombro. Já nos primeiros instantes ele nos convence de que estamos diante do próprio Alfred Hitchcock. Bons atores são carismáticos e esbanjam recursos dramáticos. Mas os grandes atores vão além: têm compreensão da natureza gráfica do cinema e sabem se por emoldurados para o espectador. Aplausos para Anthony Hitchcock, digo Alfred Hopkins, digo... Vocês entenderam!

Resenha crítica do filme Hitchcock

Ano de produção: 2012
Direção: Sacha Gervasi
Roteiro: John McLaughlin
Elenco: Anthony Hopkins, Helen Mirren, Scarlett Johansson, Toni Collette, Danny Huston, Jessica Biel, James D'Arcy, Michael Stuhlbarg, Ralph Macchio, Kurtwook Smith, Michael Wincott, Richard Portnow e Wallace Langham

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