Hair: uma renovação importante na arte dos musicais

Hair: filme dirigido por Milos Forman
A POTÊNCIA ARTÍSTICA E MUSICAL DA ERA DE AQUÁRIO
Em 1968, foram uns poucos privilegiados que assistiram ao musical Hair, enquanto ficou em cartaz na Broadway. A peça flagrava um bando de hippies em pleno exercício da paz e do amor – festejavam o hedonismo, bradavam contra a guerra, repudiavam o conservadorismo e pregavam a contracultura da época. Hoje, porém, qualquer um de nós tem acesso ao filme que eternizou essas ideias: Hair, dirigido em 1979 por Miloš Forman. Essa adaptação não se limitou a registrar algumas canções marcantes, ou mostrar o visual peculiar da tribo hippie; extraiu do material original uma enorme potência artística e musical. Ao trazer o foco para os personagens, nos trouxe uma trama envolvente, que retrata as inquietações e os conflitos de toda uma geração – que para alguns continuam pertinentes. Vamos à sinopse:Nos anos 1960, enquanto a guerra do Vietnã ferve na TV, Claude Bukowski (John Savage) chega a Nova Iorque vindo de Oklahoma, para se alistar no exército. O que tem para fazer um caipira certinho, com pinta de cowboy, naquela cidade grande? Ir ao Central Park, ora! Lá ele conhece autênticos exemplares da tribo hippie, no momento em que exercem seu espírito juvenil: George Berger (Treat Williams), Jeannie Ryan (Annie Golden), Woof (Donnie Dacus) e LaFayette Johnson (Dorsey Wright). Logo Bukowski está entrosado, embriagado de ousadia e disposto a ampliar seus horizontes... criativos. É quando conhece Sheila Franklin (Beverly D’Angelo), a garota rica por quem se apaixona perdidamente. A partir daí os jovens se juntam e só fazem celebrar: o amor livre, a paz mundial, as drogas, a música e o que mais convier; até que a realidade se impõe. Lá se vai Claude Bukowski para a rotina de treinamento que o levará ao Vietnã conflagrado. Mas talvez os jovens pacifistas consigam impedi-lo de embarcar! Talvez mudem o mundo ao seu redor!
O título completo do musical que deu origem ao filme era Hair: An American Tribal Love-Rock Musical. Estreou fora da Broadway em 1967 e foi escrito por Gerome Ragni e James Rado. Ambos eram atores desempregados e vagavam pela agitada cena cultural do East Village em Nova Iorque. Descobriram suas afinidades criativas e um ano depois estavam na Broadway, a desfrutar de um estrondoso sucesso, que se repetiu também na Europa e em outros continentes. Miloš Forman conheceu o espetáculo em suas primeiras encenações e ansiava por transformá-lo em filme.
Dos palcos para o cinema, a história sofreu transformações; Claude Bukowski não era de Oklahoma, mas sim um dos líderes da comunidade hippie e a socialite Sheila também pertencia à tribo. O musical da Broadway bradava pelo fim da guerra, em sintonia com os movimentos pacifistas que marcaram os Estados Unidos naquela década; já o filme celebra o modo de vida hippie e sua influência na cultura e nas artes. Miloš Forman mudou o final da trama e incorporou uma mensagem edificante sobre o valor da amizade e da lealdade, o que aumentou a empatia do espectador para com os personagens.
Também precisamos lembrar que num palco, a música tem função narrativa muito mais importante, enquanto que num filme a força das imagens e o fluxo da história precisam ser valorizados. Na sua concepção cinematográfica, o diretor cortou várias canções e deu à sua versão algo que o espetáculo original não tinha: um enredo propriamente dito. Para ajudá-lo nessa tarefa, ele convocou Michael Weller, um jovem sem experiências com roteiros, mas com sólido envolvimento na contracultura da época e com a estética da sua geração. O roteirista se concentrou principalmente na construção das linhas de diálogo, para trabalhar os personagens com mais detalhes; foi assim que conseguiu pôr um enredo na cantoria e dar uma direção para o fluxo dramático.
As músicas de Hair são assinadas por Galt MacDermot, com letras de Gerome Ragni e James Rado. Marcaram toda uma geração e ainda hoje emocionam; mexem com o imaginário de muita gente. Aquarius/Let the Sunshine In, certamente está incluída entre as canções mais memoráveis de todos os tempos. Os números de dança são assinados pela coreógrafa Twyla Tharp – ela figura entre os maiores nomes da dança contemporânea – e foram executados pelos bailarinos da Twyla Tharp Dance Foundation. Apesar da excelência alcançada por Miloš Forman, os criadores do musical não ficaram satisfeitos – divergências criativas, imagino!Data de produção: 1979
Direção: Miloš Forman
Roteiro: Michael Weller
Elenco: John Savage, Treat Williams, Beverly D'Angelo, Annie Golden, Dorsey Wright, Don Dacus, Nell Carter, Cheryl Barnes, Richard Bright, Ellen Foley, Miles Chapin, Charlotte Era, Laurie Beechman, Nicholas Ray, Antonia Rey, Geogre J. Manos, Michael Jeter, Renn Woods e David Rose
Assistir a esse filme, que contribuiu para renovar a arte dos musicais no cinema, é sempre prazeroso. E é interessante reparar que, assim como os jovens de hoje, os daquela época também faziam questão de expressar sua rebeldia por meio dos... cabelos!
Resenha crítica do filme Hair
Direção: Miloš Forman
Roteiro: Michael Weller
Elenco: John Savage, Treat Williams, Beverly D'Angelo, Annie Golden, Dorsey Wright, Don Dacus, Nell Carter, Cheryl Barnes, Richard Bright, Ellen Foley, Miles Chapin, Charlotte Era, Laurie Beechman, Nicholas Ray, Antonia Rey, Geogre J. Manos, Michael Jeter, Renn Woods e David Rose
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