Spotlight - Segredos Revelados: jornalistas investigam uma história real

Cena do filme Spotlight - Segredos Revelados
Spotlight - Segredos Revelados: filme de Tom McCarthy

MANTER O ESPECTADOR ATENTO E CURIOSO É TAREFA PARA UMA EQUIPE COMPETENTE

– Já sei! Vou dar o play nesse filme e em minutos estarei dormindo profundamente – foi o que pensei naquela noite de insônia, depois de um dia cansativo. Que ingenuidade! Spotlight – Segredos Revelados, filme de 2015 dirigido por Tom McCarthy, prendeu minha atenção com sua narrativa minuciosa e um vasto arsenal de recursos dramáticos. Imaginei que um tema tão espinhoso, congestionado de personagens e repleto de desdobramentos, poria minha paciência a nocaute e soaria aborrecido. Acontece que o diretor tinha em mãos um roteiro consistente, que escreveu em parceria com Josh Singer. Realizou um grande filme!
        Spotlight – Segredos Revelados conta como a equipe de jornalistas investigativos do jornal The Boston Globe passou meses revirando os arquivos da igreja católica local para esclarecer casos de abuso sexual e pedofilia, cometidos ao longo de anos por vários de seus padres. Trabalho triste e pesado, mas que rendeu à equipe o Prêmio Pulitzer de 2003. Trabalho crucial e muito bem narrado, que também acabou rendendo ao filme as estatuetas de melhor filme e melhor roteiro original na festa do Óscar.
        Antes de entrar nos detalhes cinematográficos, vamos a uma rápida sinopse: o editor Marty Baron (Liev Schreiber), editor contratado pelo jornal em 2001, toma conhecimento pela imprensa que o arcebispo de Boston, Cardeal Law (Len Cariou) foi negligente quanto a casos de pedofilia praticados por um padre. Percebe que o fato pode ter desdobramentos e convoca a equipe Spotlight – um time de jornalistas dedicados exclusivamente a pesquisas e investigações de longo prazo – para descobrir a verdadeira história por trás das especulações. O chefe da equipe, Walter Robinson (Michael Keaton), lidera os jornalistas Michael Rezendes (Mark Ruffalo), Sacha Pfeiffer (Rachel McAdams) e Matt Carroll (Brian d”Arcy James) numa jornada incansável, que durou meses. O caso inicial revelou outros casos, outros abusos e outros atos de negligência, revirando histórias de angústia e sofrimento que marcaram profundamente mais de 90 pessoas. Um tal escândalo não poderia vir à tona facilmente, pois iria de encontro aos interesses de várias autoridades civis e religiosas. Para conseguir publicar sua história, a equipe Spootlight precisou vencer uma difícil batalha.
        Para costurar o roteiro, Tom McCarthy e Josh Singer empreenderam um verdadeiro trabalho... investigativo! Entrevistaram os jornalistas da Spotlight e atuaram feito repórteres, desvendando a história real da investigação. De certa forma, usaram a linguagem jornalística para conduzir o enredo, mas souberam fazer cinema! Focaram nos dramas dos vários personagens que foram encontrando pelo caminho. O maior desafio foi estabelecer uma narrativa capaz capturar o arco emocional desses personagens – não apenas os jornalistas, mas também as vítimas e seus algozes – sem descambar para o enfadonho campo intelectual ou judicial.
        Em meio a tantos nomes, rostos, fatos e atos, Tom McCarthy conseguiu pavimentar o caminho do espectador, compactando as informações que reuniu para ressaltar os momentos certos da trama. Arrancando ótimas atuações do elenco competente, ele soube manteve um ritmo ágil e envolvente. Em Spotlight – Segredos Revelados percebemos um excelente trabalho em equipe, conduzido por gente que sabe atiçar a nossa curiosidade e nos prender a atenção.

Resenha crítica do filme Spotlight - Segredos Revelados

Data de produção: 2015
Direção: Tom McCarthy
Roteiro: Tom McCarthy e Josh Singer
Elenco: Mark Ruffalo, Michael Keaton, Rachel McAdams, Liev Schreiber, John Slattery e Stanley Tucci

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