A Queda! As Últimas Horas de Hitler: um ditador acuado em seu bunker
A Queda! As Últimas Horas de Hitler:filme dirigido por Oliver Hirschbielgel
Roteiro: Bernd Eichinger
Elenco: Bruno Ganz, Alexandra Maria Lara, Corinna Harfouch, Ulrich Matthes, Juliane Köhler, Heino Ferch, Christian Berkel, Matthias Habich, Thomas Kretschmann, Michael Mendl, André Hennicke, Birgit Minichmayr, Rolf Kanies, Justus von Dohnanyi, Dieter Mann, Christian Redl, Götz Otto, Ulrich Noethen, Thomas Limpinsel, Thomas Thieme, Gerald Alexander Held, Bettina Redlich, Heinrich Schmieder, Anna Thalbach, Dietrich Hollinderbäumer, Thorsten Krohn, Jürgen Tonkel, Christian Hoening, Alexander Slastin e Yelena Zelenskaya
O SER HUMANO REFLETIDO EM SEUS DETALHES MAIS SÓRDIDOS
Engana-se quem acredita que o mal se apresenta horrendo, repugnante e com feições monstruosas. Nada disso! Ele se mostra afável, sedutor, carismático e inspirador; é assim que consegue alcançar seus objetivos. O Hitler que vemos em A Queda! As Últimas Horas de Hitler, filme de 2004 dirigido por Oliver Hirschbiegel, é aquele que já deixou cair a máscara, mas vez ou outra se lembra de colocá-la. É aquele que se enfurnou no seu bunker, cercado de capangas, mas rosna feroz à espera do fim; chafurda em podridão e ainda se nega a enxergar sua condição humana. Posa de divindade!
Este é um filme triste e pesado. Os acontecimentos que narra estão numa página que gostamos de arrancar dos livros de história, mas se fizermos isso, corremos o risco de encontrá-los descritos novamente, nas páginas que haveremos de publicar mais adiante; talvez por isso o produtor e roteirista Bernd Eichinger tenha se esforçado tanto para viabilizar essa produção. Nas mãos do diretor Oliver Hirschbiegel, o filme ganhou uma intensidade dramática que não vemos nos documentários sobre a Segunda Guerra Mundial. As figuras históricas que o povoam não são tratadas como vultos em fotos borradas e desbotadas; viram personagens reais, que agem, fazem escolhas e usam palavras e gestos para comandar e impor suas vontades.
Este é um filme triste e pesado. Os acontecimentos que narra estão numa página que gostamos de arrancar dos livros de história, mas se fizermos isso, corremos o risco de encontrá-los descritos novamente, nas páginas que haveremos de publicar mais adiante; talvez por isso o produtor e roteirista Bernd Eichinger tenha se esforçado tanto para viabilizar essa produção. Nas mãos do diretor Oliver Hirschbiegel, o filme ganhou uma intensidade dramática que não vemos nos documentários sobre a Segunda Guerra Mundial. As figuras históricas que o povoam não são tratadas como vultos em fotos borradas e desbotadas; viram personagens reais, que agem, fazem escolhas e usam palavras e gestos para comandar e impor suas vontades.
A Queda! As Últimas Horas de Hitler abre em 1942, para retratar como foi o processo de seleção de uma nova integrante para o corpo de secretárias particulares de Adolf Hitler (Bruno Ganz). Tudo é feito de acordo com as técnicas de recrutamento, segundo as melhores práticas da área de recursos humanos (perceba que estou tentando ser irônico!). A vencedora é Traudl Junge (Alexandra Maria Lara). Saltamos então para 1945 e percebemos que Traudl Junge ficou bastante próxima de Hitler; também percebemos que o Exército Vermelho está próximo – apenas 12 km de Berlim. O momento derradeiro da guerra com a Alemanha está chegando e Hitler bem que tenta esboçar rações; esbraveja com seus generais, mas é inútil. Seu bunker tem feitio de prisão e vai sendo povoado por todos aqueles que até ontem eram mais poderosos que os deuses do Olimpo; há os que mandam e os que obedecem; há os que sabem que estão ali para morrer e os que lutam para sobreviver. O que passamos a acompanhar é a instalação do caos e seus efeitos sobre os personagens.
O mais notável em A Queda! As Últimas Horas de Hitler – mais ainda que sua precisão histórica e o tratamento visual realista – é o minucioso trabalho executado pelo competente elenco; é claro que o destaque vai para Bruno Ganz, um ator superlativo, que personificou um Hitler assustadoramente verdadeiro. Muitos se revoltaram: onde já se viu interpretar o ditador nazista com lampejos de humanidade? Mas assim é o cinema, uma arte feita para que o ser humano se veja refletido, até mesmo nos seus detalhes mais sórdidos.
Esta milionária produção alemã não é a primeira a cavucar os acontecimentos no bunker que enterrou as ambições de Hitler. Em 1955 o cineasta G.W. Pabst realizou O Último Ato; em 1973, Ennio De Concini filmou Hitler: Os Últimos Dez Dias, estrelado por Alec Guinness; em 1981 foi a vez de Anthony Hopkins personificar o ditador nazista no filme O Bunker, dirigido por George Schaefer. Para escrever o roteiro de A Queda! As Últimas Horas de Hitler, Bernd Eichinger empreendeu uma vasta pesquisa, mas concentrou-se basicamente em dois livros: a reconstituição histórica escrita por Joachim Fest em Der Untergang: Hitler und das Ende des Dritten Reiches, e as memórias da tal secretária de Hitler, Traudl Junge, publicada com título Bis Zur Letzten Stunde.
Esta milionária produção alemã não é a primeira a cavucar os acontecimentos no bunker que enterrou as ambições de Hitler. Em 1955 o cineasta G.W. Pabst realizou O Último Ato; em 1973, Ennio De Concini filmou Hitler: Os Últimos Dez Dias, estrelado por Alec Guinness; em 1981 foi a vez de Anthony Hopkins personificar o ditador nazista no filme O Bunker, dirigido por George Schaefer. Para escrever o roteiro de A Queda! As Últimas Horas de Hitler, Bernd Eichinger empreendeu uma vasta pesquisa, mas concentrou-se basicamente em dois livros: a reconstituição histórica escrita por Joachim Fest em Der Untergang: Hitler und das Ende des Dritten Reiches, e as memórias da tal secretária de Hitler, Traudl Junge, publicada com título Bis Zur Letzten Stunde.
Embora tenha sido exitoso em expor o significado horroroso da guerra, A Queda! As Últimas Horas de Hitler gerou espasmos de humor na internet; incontáveis memes com falsas legendas, que alteravam as falas de Bruno Ganz para gerar paródias inusitadas, provocaram boas risadas. Nem mesmo esse humor nervoso, porém, conseguiu alterar o fato de que se trata, sim, de um filme triste e pesado; foi realizado com competência, sensibilidade e forte senso de realidade, mas a melancolia é tudo o que nos resta quando chegam os créditos finais.
Resenha crítica do filme A Queda! As Últimas Horas de Hitler
Ano de produção: 2004
Direção: Oliver Hirschbiegel Roteiro: Bernd Eichinger
Elenco: Bruno Ganz, Alexandra Maria Lara, Corinna Harfouch, Ulrich Matthes, Juliane Köhler, Heino Ferch, Christian Berkel, Matthias Habich, Thomas Kretschmann, Michael Mendl, André Hennicke, Birgit Minichmayr, Rolf Kanies, Justus von Dohnanyi, Dieter Mann, Christian Redl, Götz Otto, Ulrich Noethen, Thomas Limpinsel, Thomas Thieme, Gerald Alexander Held, Bettina Redlich, Heinrich Schmieder, Anna Thalbach, Dietrich Hollinderbäumer, Thorsten Krohn, Jürgen Tonkel, Christian Hoening, Alexander Slastin e Yelena Zelenskaya
Um ótimo filme, excelente crônica.
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