Looper - Assassinos do Futuro: thriller sobre viagem no tempo
Looper - Assassinos do Futuro: filme dirigido pot Rian Johnson
Ah, que série memorável! Foram 30 episódios levados ao ar entre 1966 e 1967. As peripécias dos dois cientistas que saltavam a esmo pela quarta dimensão, enquanto tomavam parte em eventos históricos e esbarravam em grandes vultos, mexiam com a minha imaginação de criança. As tramas irradiavam ingenuidade e dispensavam grandes explicações científicas; tudo o que precisávamos saber é que a tal máquina do tempo era parte de um megaprojeto governamental, enterrado vários andares no meio do deserto – por certo o mesmo que testemunhou o nascimento da bomba atômica. Depois de cada episódio, era só interrogar o professor de história na sala de aula, para saber sobre os erros e os acertos no roteiro.
O fato é que o diretor e produtor Irwin Allen acertava sempre! Ele também era o principal nome por trás de outras séries populares da televisão, como Perdidos no Espaço, Terra de Gigantes e Viagem ao Fundo Mar; e foi além das séries moldadas para a telinha: dirigiu megassucessos do cinema catástrofe, como O Destino do Poseidon e Inferno na Torre. Era um sujeito com vocação para o espetáculo e contribuiu para preencher o imaginário de uma geração inteira com seus devaneios futuristas.
Dentre todas as substâncias manipuladas pela ficção científica, a viagem no tempo é a mais fascinante, mas é algo espinhosa. Criar uma trama convincente, com idas e vindas temporais verossímeis, exige elaboração em alto nível de detalhamento; o pretenso roteirista tem que ser capaz de fornecer explicações plausíveis para qualquer ação que escape ao senso comum. É aí que está o problema: fica difícil evitar as cenas explicativas, o que pode arrastar a narrativa para o terreno do didático e do enfadonho. Um dos filmes mais consistentes sobre o tema é Looper – Assassinos do Futuro, filme de 2012 dirigido por Rian Johnson. O cineasta conseguiu contornar essa dificuldade e escreveu um ótimo thriller de ação, com fartas doses de ficção científica.
Nessa produção empolgante, Joe é um “looper”, um matador de aluguel pago por gângsteres do futuro, que despacham suas vítimas para serem executadas e desovadas no passado. O protagonista faz seu trabalho com afinco e sem remorsos; sabe que, cedo ou tarde, verá o seu próprio eu do futuro surgindo na sua frente, amarrado e encapuzado, para que ele mesmo o mate. Esse é o combinado e é isso que Joe pretende fazer, sem pestanejar.
O problema é que quando o Joe do futuro aparece, 30 anos mais velho, consegue escapar da morte e causar um rebuliço entre os gângsteres. O jovem Joe, viciado em drogas, moralmente fraco e aferrado ao código de honra dos bandidos, tem que fugir para não ser punido com a morte, enquanto persegue seu eu do futuro, para executá-lo sem piedade – só pensa em se redimir. Já o velho Joe, calejado e moldado pelos anos, tem forte motivo para permanecer vivo: vingar a morte da mulher que no futuro se tornará o grande amor da sua vida.
O ponto alto de Lopper – Assassinos do Futuro é juntamente o confronto de Joe consigo mesmo. O jovem, interpretado por Joseph Gordon-Levitt, rivaliza em frieza e determinação com o velho, vivido por Bruce Willis. O trabalho dos atores é excelente, mas o roteiro bem estruturado de Rian Johnson, com diálogos afiados, também elevou o nível da produção. E é preciso destacar também a participação de Emily Blunt, que enche a tela com sua presença hipnótica – aliás, todo o elenco desse filme está de parabéns!
Apesar de realizar um filme independente, com grande potencial para discutir temas maduros em maior profundidade, o diretor não resistiu à tentação de ampliar o espectro de público. Incluiu sequências mais palatáveis aos jovens que apreciam o universo das produções ao estilo X-Men. Agiu correto do ponto de vista comercial e conquistou espaço na indústria do cinema para realizar sucessos como Star Wars: Os Últimos Jedi e Entre Facas e Segredos; nos cinéfilos mais exigentes, porém, só conseguiu atiçar o desejo de assistir a um filme sobre viagem no tempo mais denso e elaborado. Pelo menos conseguiu nos entregar entretenimento de qualidade.
Direção: Rian Johnson
Roteiro: Rian Johnson
Elenco: Bruce Willis, Joseph Gordon-Levitt, Emily Blunt, Paul Dano, Noah Segan, Piper Perabo e Jeff Daniels
VIAGEM NO TEMPO, NUM ÓTIMO TRABALHO DE ATRORES
Os cinéfilos da minha geração aprenderam desde cedo que as viagens no tempo são perfeitamente possíveis. Nasci em 1960, o mesmo ano em que foi lançado o filme A Máquina do Tempo, dirigido por George Pal. Trata-se de uma adaptação do romance de 1895 escrito por H. G. Wells, o autor que trouxe o tema para a linha de frente da ficção científica. Só fui assistir a esse filme nos anos 1970, quando foi exibido na televisão; o acompanhei com certo desinteresse, já que não percebi grandes novidades na trama – o tema era repisado com insistência semanal na série O Túnel do Tempo, a minha favorita na infância.Ah, que série memorável! Foram 30 episódios levados ao ar entre 1966 e 1967. As peripécias dos dois cientistas que saltavam a esmo pela quarta dimensão, enquanto tomavam parte em eventos históricos e esbarravam em grandes vultos, mexiam com a minha imaginação de criança. As tramas irradiavam ingenuidade e dispensavam grandes explicações científicas; tudo o que precisávamos saber é que a tal máquina do tempo era parte de um megaprojeto governamental, enterrado vários andares no meio do deserto – por certo o mesmo que testemunhou o nascimento da bomba atômica. Depois de cada episódio, era só interrogar o professor de história na sala de aula, para saber sobre os erros e os acertos no roteiro.
O fato é que o diretor e produtor Irwin Allen acertava sempre! Ele também era o principal nome por trás de outras séries populares da televisão, como Perdidos no Espaço, Terra de Gigantes e Viagem ao Fundo Mar; e foi além das séries moldadas para a telinha: dirigiu megassucessos do cinema catástrofe, como O Destino do Poseidon e Inferno na Torre. Era um sujeito com vocação para o espetáculo e contribuiu para preencher o imaginário de uma geração inteira com seus devaneios futuristas.
Dentre todas as substâncias manipuladas pela ficção científica, a viagem no tempo é a mais fascinante, mas é algo espinhosa. Criar uma trama convincente, com idas e vindas temporais verossímeis, exige elaboração em alto nível de detalhamento; o pretenso roteirista tem que ser capaz de fornecer explicações plausíveis para qualquer ação que escape ao senso comum. É aí que está o problema: fica difícil evitar as cenas explicativas, o que pode arrastar a narrativa para o terreno do didático e do enfadonho. Um dos filmes mais consistentes sobre o tema é Looper – Assassinos do Futuro, filme de 2012 dirigido por Rian Johnson. O cineasta conseguiu contornar essa dificuldade e escreveu um ótimo thriller de ação, com fartas doses de ficção científica.
Nessa produção empolgante, Joe é um “looper”, um matador de aluguel pago por gângsteres do futuro, que despacham suas vítimas para serem executadas e desovadas no passado. O protagonista faz seu trabalho com afinco e sem remorsos; sabe que, cedo ou tarde, verá o seu próprio eu do futuro surgindo na sua frente, amarrado e encapuzado, para que ele mesmo o mate. Esse é o combinado e é isso que Joe pretende fazer, sem pestanejar.
O problema é que quando o Joe do futuro aparece, 30 anos mais velho, consegue escapar da morte e causar um rebuliço entre os gângsteres. O jovem Joe, viciado em drogas, moralmente fraco e aferrado ao código de honra dos bandidos, tem que fugir para não ser punido com a morte, enquanto persegue seu eu do futuro, para executá-lo sem piedade – só pensa em se redimir. Já o velho Joe, calejado e moldado pelos anos, tem forte motivo para permanecer vivo: vingar a morte da mulher que no futuro se tornará o grande amor da sua vida.
O ponto alto de Lopper – Assassinos do Futuro é juntamente o confronto de Joe consigo mesmo. O jovem, interpretado por Joseph Gordon-Levitt, rivaliza em frieza e determinação com o velho, vivido por Bruce Willis. O trabalho dos atores é excelente, mas o roteiro bem estruturado de Rian Johnson, com diálogos afiados, também elevou o nível da produção. E é preciso destacar também a participação de Emily Blunt, que enche a tela com sua presença hipnótica – aliás, todo o elenco desse filme está de parabéns!
Apesar de realizar um filme independente, com grande potencial para discutir temas maduros em maior profundidade, o diretor não resistiu à tentação de ampliar o espectro de público. Incluiu sequências mais palatáveis aos jovens que apreciam o universo das produções ao estilo X-Men. Agiu correto do ponto de vista comercial e conquistou espaço na indústria do cinema para realizar sucessos como Star Wars: Os Últimos Jedi e Entre Facas e Segredos; nos cinéfilos mais exigentes, porém, só conseguiu atiçar o desejo de assistir a um filme sobre viagem no tempo mais denso e elaborado. Pelo menos conseguiu nos entregar entretenimento de qualidade.
Resenha crítica do filme Looper: Assassinos do Futuro
Ano de produção: 2012Direção: Rian Johnson
Roteiro: Rian Johnson
Elenco: Bruce Willis, Joseph Gordon-Levitt, Emily Blunt, Paul Dano, Noah Segan, Piper Perabo e Jeff Daniels
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