Eu, Robô: filme mostra que a revolução da I.A. pode ser perigosa

Cena do filme Eu Robô
Eu, Robô: filme dirigido por Alex Proyas

O VISUAL É ARREBATADOR, MAS O RESULTADO LEMBRA APENAS VAGAMENTE AS HISTÓRIAS DE ASIMOV

Quando comecei a me tornar um leitor independente – aquele que não se detém às exigências das salas de aula – meu gênero preferido era o romance policial. Tinha uns 12 anos. Depois de ler alguns Sherlock Holmes e 007s, parti para os livros de ficção científica. Foi aí que Arthur C. Clark e Isaac Asimov se tornaram meus ídolos. O primeiro, cutucando minha imaginação de viajante espacial, o segundo, metendo medo com a ideia de que um dia os humanos deixarão de ser os habitantes mais inteligentes da Terra.
        No cinema, Arthur C. Clark ganhava disparado de Isaac Asimov. O primeiro, tinha sido eternizado por Stanley Kubrick com o brilhante 2001: Uma Odisseia no Espaço. Já o segundo, tinha que se contentar com o raso Viagem Fantástica, de Richard Fleischer. Queria que Asimov virasse o jogo. Tentava imaginar como ficariam suas histórias de robôs transpostas para o cinema, mas confesso que com o passar dos anos me desinteressei delas. Ficaram guardadas apenas como fantasias de infância.
        Então veio Will Smith e produziu filme Eu, Robô, dirigido em  2004 por Alex Proyas. As peças de divulgação eram lindas e insinuavam uma concepção visual arrojada. Corri para o cinema e... gostei do filme. Mas tinha muito pouco de Isaac Asimov! A ênfase ficou toda na ação, no suspense e na celebração da tecnologia, que permitiu a realização de incríveis façanhas digitais.
        Eu, Robô, o livro, é um apanhado de contos, costurados a partir do relato da Dra. Susan Calvin, uma psicóloga de robôs, sobre o comportamento e a evolução dos autômatos. Já o filme Eu,
Robô
partindo de uma história de Jeff Vintar, incluiu o personagem da Dra. Calvin e incorporou as famosas três leis da robótica de Isaac Asimov. O roteiro foi reescrito pelo experiente Akiva Goldsman, para fazer caber um Will Smith com status de astro hollywoodiano.
        O filme Eu, Robô se passa em 2035 e conta a história do detetive Del Spooner (Will Smith), que investiga a morte de um velho amigo, o cientista Dr. Alfred Lanning (James Cromwell). Para desvendar o mistério, ele conta com a ajuda da Dra. Susan Calvin (Bridget Moynahan). E quem acaba se tornando o suspeito número um do assassinato? Sonny, um robô de última geração, tão avançado que ainda não está no mercado. Mas a questão é: como ele teria burlado as três leis da robótica e assassinado um humano? O fio de dúvida que o detetive puxa acaba desfiando uma trama conspiratória de proporções apocalípticas, que envolve Lawrence Robertson (Bruce Greenwood), o CEO da US Robotics, corporação que domina o mercado de robôs.
        O cinema em escala industrial do diretor Alex Proyas, bem realizado e visualmente deslumbrante, nos explica toda a trama com boas doses de tiros, lutas e perseguições. Como entretenimento, o filme Eu, Robô valeu o ingresso, mas saí do cinema com aquela sensação de que Asimov continua em desvantagem. Suas histórias vertidas para o cinema continuam parecendo as fantasias infantis que trago na memória – não diminuí minha frustração causada pelo filme O Homem Bicentenário, dirigido por Chris Columbus, que exagerou no tom de comédia dramática.

Resenha crítica do filme Eu, Robô

Ano de produção: 2004
Direção: Alex Proyas
Roteiro: Jeff Vintar e Akiva Goldsman
Elenco: Will Smith, Bridget Moynahan, James Cromwell, Bruce Greenwood e Alan Tudyk

Comentários

  1. Eu me lembro decter visto este filme há uns 20 anos e me lembro que gostei embora nem sempre gostei deste tipo de filmes. Eu me lembro do momento em que ele pergunta: - o que é a consciencia? Um conjunto de percepções? Uma pergunta importante esta.

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    1. Sim, importantíssima. Isaac Asimov, na sua obra, tocou nesse tema com insistência. O filme deu mais espaço para a pirotecnia tecnológica e preferiu ficar apenas no entretenimento.

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