Gainsbourg - O Homem Que Amava as Mulheres

Cena do filme Gainsbourg - O Homem Que Amava as MulheresGainsbourg: Filme dirigido por Joann Sfar

O ÍCONE DA CULTURA POP FRANCESA RETRATADO POR UM DOS MAIORES NOMES DOS QUADRINHOS

Dentro de todo autor de histórias em quadrinhos vibra uma alma de cineasta e todo cineasta é aficionado por histórias em quadrinhos. É claro que uma afirmação tão categórica soa arrogante e generalista, mas é a impressão que se tem depois de assistir ao filme Gainsbourg - O Homem Que Amava as Mulheres. Realizado por Joann Sfar em 2010, o filme é uma cinebiografia de Serge Gainsbourg, o ícone da cultura pop francesa, que fez sucesso como compositor, poeta, músico e pintor, além de ter transitado pelo cinema. Polêmico, para dizer o mínimo, foi profícuo em provocar e escandalizar os franceses ao longo de décadas.
        Já o diretor Joann Sfar, também francês, tornou-se um dos mais consagrados artistas do mundo dos quadrinhos e é autor de inúmeros títulos que se tornaram best-sellers. É um contador de histórias inveterado, e desenvolveu um estilo inconfundível, que encanta fãs internacionalmente. Sua primeira incursão no cinema não poderia ser mais surpreendente. O domínio da linguagem, a criatividade e a disposição em inovar faz jus ao biografado e resulta num filme encantador.
        Gainsbourg - O Homem Que Amava as Mulheres começa sua narrativa em plena Segunda Guerra Mundial, quando Gainsbourg ainda criança se chamava Lucien. Vemos seu talento musical latente, sua paixão pelas artes visuais e sua vocação para seduzir as mulheres. Acompanhamos o fumante inveterado na sua juventude, testemunhando seu envolvimento com os mais diversos gêneros musicais e sua veia poética, enquanto ele compõe canções para os mais importantes artistas populares, namora estrelas do cinema como Brigite Bardot e casa-se com Jane Birkin. Como todo artista assombrado por seus fantasmas internos, envolve-se com as drogas e sofre as consequências.
        O grande mérito do diretor Joann Sfar foi dedicar o maior esforço estético e narrativo na infância de Gainsbourg. Adotando uma linguagem gráfica e fantasiosa, ele nos apresenta a um garoto criativo, carismático e sedutor, que aprendemos de cara a admirar e por quem temos vontade de torcer por todo o restante do filme. No terceiro ato em diante, o filme segue atropelado, mas a culpa é do biografado, que realizou tanto no mundo das artes que não há metragem que chegue para um longa desse tipo.
        Quem conhece a obra e os feitos de Serge Gainsbourg – conhecia apenas a sua canção mais famosa, Je T'aime Moi Non Plus – aproveitará melhor as miudezas do filme. Quem não o conhecia, talvez duvide das proezas apresentadas, mas acabará se rendendo ao talento do artista, que morreu em 1991 de ataque cardíaco, exatamente como havia previsto anos antes.
        O ator Éric Elmonsino está excelente no papel de Gainsbourg, por sua semelhança física com o personagem e pela credibilidade que consegue transmitir. Laetitia Casta, no papel de Brigitte Bardot e Lucy Gordon interpretando Jane Birkin, também estão ótimas. Mas as soluções gráficas encontradas pelo diretor, que elevaram a qualidade do filme são, de fato, o ponto forte.
        Cheguei a esse filme por acaso, quando procurava pelo título O Homem Que Amava as Mulheres, dirigido por François Truffaut em 1977. Fiquei surpreso, porque encontrei o filme de Joann Sfar na íntegra, disponível no YouTube. Viva a internet!

Resenha crítica do filme Gainsbourg – O Homem Que Amava as Mulheres

Ano de produção: 2010
Diretor: Joann Sfar
Roteiro: Joann Sfar
Elenco: Éric Elmosnino, Lucy Gordon e Laetitia Casta

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