Druk - Mais uma Rodada: um filme... etílico!

Druk - Mais uma Rodada: filme de Thomas Vinterberg
BEBER É ARRISCADO, MAS PODE SER UMA JORNADA DE APRENDIZADO
Apenas quatro dias depois de iniciar as filmagens de Druk - Mais uma Rodada, seu filme de 2020, o diretor Thomas Vinterberg recebeu uma ligação que o pôs devastado: tragicamente, sua filha Ida, de 19 anos, perdera a vida num acidente de carro. Ela estava escalada para interpretar a filha de um dos protagonistas e se mostrava empolgada com a produção, que abordaria o universo dos estudantes do ensino médio; inclusive, várias cenas seriam filmadas na sala de aula que frequentava, com alguns de seus colegas como figurantes. Vinterberg, certo de que seria desejo da filha ver o filme concluído, encontrou forças para seguir em frente. Realizou um filme denso, complexo e tocante.Começar a escrever sobre um filme a partir de circunstâncias trágicas, que não têm relação direta com seu enredo, pode ser arriscado; pode criar um gatilho emocional que termine por contaminar a opinião do leitor interessado em assistir ao filme. No caso de Druk - Mais uma Rodada, porém, concluí que seria o certo a fazer. Essa produção dinamarquesa fala do consumo exagerado de álcool pelos jovens, mostra seus efeitos na vida de gente em busca de felicidade e termina por fazer uma celebração à vida, onde a bebida está sempre presente. Vinterberg, sua equipe e seu elenco, fizeram um filme... etílico! Dificilmente saberemos em que medida o álcool foi usado por eles como recurso para abrandar a dor – os atores beberam de fato ao longo do filme. Mas ficamos com uma certeza: o filme resultou numa homenagem emocionada de todos à filha do cineasta.
Druk - Mais uma Rodada conta a história de quatro homens de meia-idade, todos professores em uma escola do ensino médio em Copenhague. Martin (Mads Mikkelsen) há muito perdeu o vínculo com seus alunos e não consegue motivá-los. Seus colegas Tommy (Thomas Bo Larsen), Peter (Lars Ranthe) e Nikolaj (Magnus Millang) também vivem momentos de depressão. Então conversam sobre uma teoria do psiquiatra Finn Skårderud. Segundo acredita o especialista, todos temos uma deficiência no teor de álcool do sangue; ao ser normalizado, isso pode aliviar as tensões e estimular a criatividade. Pronto! Encontram a desculpa perfeita para conduzir um “experimento acadêmico”, onde passam a beber controladamente, para testar os supostos benefícios do álcool. É claro que a trajetória de bebedeiras sairá do controle e se estenderá por meses. Isso trará consequências familiares e profissionais para todos, com passagens ora cômicas, ora trágicas, mas sempre marcadas pelo temperamento frio dos nórdicos.
O roteiro foi escrito por Vinterberg em parceria com seu colaborador habitual, Tobias Lindholm, a partir de uma peça escrita pelo diretor anos antes. Na tela, a história sofreu adaptações e adquiriu um tom mais edificante, o que resultou numa celebração à vida. Mas tomaram cuidado para que o filme não se fixasse em lições de moral sobre o consumo desenfreado de álcool. Os personagens buscam mais do que aplacar suas frustrações e suas mágoas: querem subverter a ordem social que controla suas vidas e os mantém em território previsível. Querem descobrir o que acontece quando perdem o controle!
Alcoolismo é um tema complexo e pode ser abordado por diversas frentes. Vinterberg escolheu um caminho mais caloroso e emotivo; nos colocou diante de quatro sujeitos de meia-idade que, por estarem cercados de jovens por todos os lados, desejam parecer mais descolados e leves. Misturou vários gêneros no mesmo cinema: drama, comédia, tragédia, romance... Há momentos para boas risadas, mas também há espaço para reflexões e para vivenciar as diferentes dores dos personagens.
No final das contas, Druk - Mais uma Rodada é uma celebração ao álcool. Não daquelas esfuziantes e desmensuradas que costumamos ver por aqui, nos nossos tristes trópicos, mas uma contida e consequente, como preferem os nórdicos. Acompanhamos personagens dispostos a colocar a vida pessoal, familiar e profissional em risco, mas que sabem se colocar numa jornada de aprendizado. Sabem que tudo fará sentido se conseguirem extrair lições desse... “experimento acadêmico”.
O roteiro foi escrito por Vinterberg em parceria com seu colaborador habitual, Tobias Lindholm, a partir de uma peça escrita pelo diretor anos antes. Na tela, a história sofreu adaptações e adquiriu um tom mais edificante, o que resultou numa celebração à vida. Mas tomaram cuidado para que o filme não se fixasse em lições de moral sobre o consumo desenfreado de álcool. Os personagens buscam mais do que aplacar suas frustrações e suas mágoas: querem subverter a ordem social que controla suas vidas e os mantém em território previsível. Querem descobrir o que acontece quando perdem o controle!
Alcoolismo é um tema complexo e pode ser abordado por diversas frentes. Vinterberg escolheu um caminho mais caloroso e emotivo; nos colocou diante de quatro sujeitos de meia-idade que, por estarem cercados de jovens por todos os lados, desejam parecer mais descolados e leves. Misturou vários gêneros no mesmo cinema: drama, comédia, tragédia, romance... Há momentos para boas risadas, mas também há espaço para reflexões e para vivenciar as diferentes dores dos personagens.
No final das contas, Druk - Mais uma Rodada é uma celebração ao álcool. Não daquelas esfuziantes e desmensuradas que costumamos ver por aqui, nos nossos tristes trópicos, mas uma contida e consequente, como preferem os nórdicos. Acompanhamos personagens dispostos a colocar a vida pessoal, familiar e profissional em risco, mas que sabem se colocar numa jornada de aprendizado. Sabem que tudo fará sentido se conseguirem extrair lições desse... “experimento acadêmico”.
Resenha crítica do filme Druk - Mais uma Rodada
Título original: DrukTítulo em Portugal: Mais Uma Rodada
Ano de produção: 2020
Direção: Thomas Vinterberg
Roteiro: Thomas Vinterberg e Tobias Lindholm
Elenco: Mads Mikkelsen, Thomas Bo Larsen, Lars Ranthe, Magnus Millang, Maria Bonnevie e Susse Wold
Esse filme é uma OBRA PRIMA!!!!
ResponderExcluirAh, Éric, o filme é uma grande provocação!!! Gostei muito!
ExcluirEsse filme é uma OBRA PRIMA!!!!
ResponderExcluirComo sempre , excelente crônica! Este filme é extraordinário, nada de exageros Hollywoodianos, perfeito e simples , mas profundo. Mads Mikkelsen, um dos meus favoritos, brilhante no sua forma de atuar!!!
ResponderExcluirAh, muito obrigado! Valeu pelo feedback positivo!
ExcluirFilme legal, com equilíbrio entre o lúdico e o perverso. Triste pela tragédia relatado na pré-produção
ResponderExcluirSim, Venâncio, o filme chama a atenção porque toca num tema espinhoso, enquanto consegue investigar os personagens com certa profundidade. Quanto à tragédia, para o espectador que não tem ciência dela, não há prejuízo na fruição da obra; depois de saber do ocorrido, porém, o filme ganha novas camadas emocionais!
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