Jadotville: a história real do ataque à tropa de paz da ONU
Jadotville: fime com roteiro de Kevin Brodbin
OS MOCINHOS SÃO DA TROPA DE PAZ, MUNIDOS DE MUITA CORAGEM
A história da humanidade é a história das nossas guerras, geralmente narrada pelo lado vencedor. Basta abrir um livro didático do ensino médio e constatar que ele estará organizado de acordo com a expansão dos impérios, conquistas de territórios, revoluções, lutas por independência... As guerras estruturam a história que aprendemos nos bancos escolares, mas também são fontes inesgotáveis de... boas histórias! Me refiro aos dramas pessoais vividos durante as guerras, que sempre forneceram conteúdo para a literatura e depois para o cinema, onde o gênero se desdobrou em subgêneros, englobando desde os filmes que se detém especificamente nos combates, até aqueles onde a guerra vira apenas pano de fundo. Encontramos produções grandiosas e elaboradas, mas também tropeçamos em filmes B, onde o que manda é a ação, pura e simples.
O filme Jadotville, dirigido em 2016 por Richie Smyth, não é daquelas produções endinheiradas, mas surpreende. Foge ao padrão de Hollywood e está longe de ser um filme B. Há muitos tiros, explosões e correrias por todo o campo de batalha, mas o ótimo roteiro de Kevin Brodbin e o ponto de vista aguçado do diretor transformam esse filme de guerra em um drama de sobrevivência. E o melhor de tudo, aqui a batalha é travada no campo dos valores!
O filme Jadotville conta a história real de uma unidade do exército irlandês, com 150 soldados liderados pelo comandante Patrick Quinlan (Jamie Dornan). Sem qualquer experiência em batalhas, eles foram enviados em 1961 para o Congo, como parte da força de paz da ONU. A missão era defender a cidade de Jadotville. Porém, o improvável acontece: foram atacados por militares rebeldes em superioridade numérica, que contavam com o reforço de mercenários a soldo de interesses escusos. As ondas de ataques se sucederam ao logo de cinco dias e os irlandeses resistiram incrivelmente, contra todas as probabilidades. Ao final, para ocultar seus próprios erros e culpas, a ONU omitiu o feito heroico dos irlandeses. Os soldados voltaram para casa e foram recebidos como covardes e o episódio caiu no esquecimento.
Baseado no livro de Declan Power, The Siege at Jadotville: The Irish Army's Forgotten Battle, o filme Jadotville agora nos traz um vislumbre do que realmente aconteceu no Congo naquele ano de 1961. O projeto foi abraçado com empolgação pelo diretor Richie Smyth, que fez de Jadotville o seu filme de estreia. Ocorre que Smyth vem de uma longa carreira na publicidade, tendo realizado comerciais para grandes marcas, como Nike, Macy's Pepsi e Guinness. Além disso, o diretor assinou videoclipes de sucesso para a banda U2 e outras estrelas da música pop. Essa bagagem trouxe um tempero especial a esse filme de guerra!
Muito da ação coreografada no filme Jadotville baseou-se em depoimentos e informações do próprio filho de Patrick Quinlan, Leo, o que trouxe uma visão clara de todo o teatro de operações. Mas a preocupação dos realizadores não foi com a precisão documental. Estavam mais interessados na dramatização e preferiram explorar o embate dos personagens enquanto estavam munidos com seus valores e princípios.
É isso que faz de Jadotville um filme de guerra acima da média. Intenso e comovente, possui todos os elementos que o gênero exige: intrigas internacionais, dramas pessoais, tensão política e ótimas cenas de ação. Já me decepcionei com alguns filmes de guerra. Aqueles que exageram nas cenas de ação e tratam seus “heróis” com tosca superficialidade são os mais comuns nos serviços de streaming. Mas fiquei feliz com essa produção irlandesa.
Resenha crítica do filme Jadotville
Ano de produção: 2016Direção: Richie Smyth
Roteiro: Kevin Brodbin
Elenco: Jamie Dornan, Mark Strong, Mikael Persbrandt, Jason O'Mara, Danny Sapani, Michael McElhatton e Guillaume Canet
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