O Nome da Rosa: a Idade Média em tom de mistério policial

Cena do filme O Nome da Rosa
O Nome da Rosa: direção de Jean-Jacques Annaud

PANORAMA SOMBRIO DA IDADE MÉDIA

A literatura deixa o leitor viajar nas entrelinhas e se abre para várias interpretações. Esta possibilidade foi trabalhada com prazeroso empenho por Umberto Eco, filósofo da arte que difundiu o conceito de obra aberta e ganhou fama mundial como romancista no início dos anos 80. O Nome da Rosa, seu romance mais famoso, virou filme nas mãos do diretor Jean-Jacques Annaud em 1986 e deu ao ator Sean Cannery uma das melhores oportunidades em sua carreira de exibir o imenso carisma que irradia nas telas.
        Acontece que, no cinema, uma história narrada em livro não consegue ser tão... aberta! A sétima arte nos entrega um pacote mais fechado, com imagens, vozes e atmosfera musical arquitetadas em minúcias e precisão. Os realizadores devem impor sua visão e, aquela que nos chega pelo filme O Nome da Rosa, forma um retrato sombrio da idade média na Europa – bem mais soturno que o apresentado no livro. Ainda assim, o monge franciscano com ares de Sherlock Holmes, vivido por Sean Connery, continua o elemento racional que enfrenta as forças do obscurantismo.
        A história, narrada pelo jovem Adso de Melk, um noviço franciscano, conta como ele e seu mentor, o frei Willian de Baskerville, chegam a um mosteiro no norte da Itália para investigar a morte misteriosa de um monge copista. O ano é 1327 e o mosteiro em questão abriga um importante scriptorium, onde são copiadas e guardadas obras fundamentais para a Igreja. Willian de Baskerville não está ali por acaso: reconhecido por suas capacidades investigativas, é mestre na arte da dedução. Na medida em que se aprofunda no caso, novos assassinatos ocorrem, desencadeando uma sucessão de bizarrices violentas que só fazem aumentar o clima de mistério.
        Verter O Nome da Rosa para o cinema foi tarefa que coube a toda uma equipe de roteiristas, da qual participou o diretor, Jean-Jacques Annaud, além do próprio Umberto Eco. No filme, os créditos pelo roteiro foram dados a Andrew Birkin, Gerard Brach, Howard Franklin e Alain Godard. Nas telas, encarnado por Sean Connery, o monge William de Baskerville ficou ainda mais parecido com o consagrado Sherlock Holmes, a ponto de, em certos momentos, nos dar a impressão de que poderia muito bem se sair com a velha tirada: “Elementar, meu caro Adso!”
        O diretor Jean-Jacques Annaud, que também dirigiu A Guerra do Fogo e Sete Anos no Tibet,  mostrou grande entusiasmo na realização de O Nome da Rosa. Os preparativos para a produção se estenderam por quatro anos e envolveram muita pesquisa para composição do elenco, construção de cenários e definição das locações. O resultado final é envolvente e nos mostra um panorama crível da Idade Média, repleto de rostos marcantes perambulando por entre as sombras e luzes tremulantes que estão impressas em nosso imaginário.
        O Nome da Rosa continua atraindo o interesse do público, tanto é que John Turturro encarnou William de Baskerville novamente, interpretando o personagem numa série com oito episódios dirigida por Giacomo Battiato e disponível nos serviços de streaming. Também merece ser conferida.

Resenha crítica do filme O Nome da Rosa

Data de produção: 1986
Direção: Jean-Jacques Annaud
Roteiro: Andrew Birrkin, Gérard Brach, Howard Franklin e Alain Godard
Elenco: Sean Connery, Christian Slater, Helmut Qualtinger, F. Murray Abraham, Elya Baskin, Michael Lonsdale, Volker Prechtel, Feodor Chaliapin, Jr., William Hickeyl, Michael Habeck, Ron Perlman e Valentina Vargas

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