A Onda: baseado em fatos que um dia podem acontecer!

A Onda: filme dirigido por Roar Uthaug
CINEMA NORUEGUÊS MANIPULA CLICHÊS E ACABA NUMA GRANDE CATÁSTROFE
Cineastas costumam ser fisgados pela sétima arte logo na infância. A possibilidade de criar realidades alternativas, iludir com efeitos especiais e dar asas à imaginação, confere um tom lúdico à criação cinematográfica; sugere que tudo não passa de pura diversão. Aqueles com habilidades narrativas logo encontram o caminho da profissão, o que não os impede de se divertir bastante ao longo do processo. Esse parece ser o caso do diretor norueguês Roar Uthaug. Seu filme A Onda, realizado em 2015, é um autêntico exemplar do cinema catástrofe; mistura ação, tensão e destruição, numa fórmula que esperamos encontrar nos melhores parques de diversões. Tem efeitos visuais dignos de Hollywood, mas também uma forte personalidade nórdica.Fã declarado dos filmes de terror e de catástrofe, Roar Uthaug embarca aqui num gênero consagrado, que lida com conceitos já estabelecidos na indústria do cinema e que parecem embutidos nas expectativas do público. Aqui ele filma um roteiro preciso, escrito por John Kåre Raake e Harald Rosenløw-Eeg, que nada deve aos modelos nos quais foi inspirado. O diretor lidou com todos os clichês que conseguiu, mas o fez com bom senso e competência. Os personagens principais têm densidade dramática, há uma incômoda atmosfera de suspense e o senso de urgência, quando finalmente chega o momento da tão esperada catástrofe, é de tirar o fôlego.
A história de A Onda se passa na Noruega, mais precisamente no povoado turístico de Geiranger, encravado em um dos mais belos fiordes do mundo. A paisagem espetacular é dominada pela montanha Åkerneset, que ameaça desabar e criar a tal onda gigante do título; ninguém sabe quando isso acontecerá, apenas que é uma questão de tempo. Kristian Eikjord (Kristoffer Joner) é o geólogo que melhor entende as dinâmicas da montanha, mas deixa o centro de alerta de Geiranger para assumir um novo emprego na indústria perolífera. Justamente no dia em que sai de mudança com a família, descobre que há algo muito errado para acontecer. Em pleno pico da temporada, com a região repleta de turistas, ninguém quer acreditar na iminência do grande desmoronamento, que poderá criar um tsunami de 80 metros e causar grande destruição. Quando isso acontecer, as pessoas só terão dez minutos para subir até um local seguro. Contra o relógio, Kristian terá que correr para salvar a mulher, Idun (Ane Dahl Torp), os filhos Sondre (Jonas Hoff Oftebro) e Julia (Edith Haagenrud-Sande) e quem mais conseguir.
Roar Uthaug se tornou um dos diretores com maior visibilidade na Escandinávia. Ele já havia realizado Presos no Gelo e Fuga, dois filmes fortes com sólidos elementos de suspense e ação. Em A Onda ele reafirma sua preferência por lidar com personagens femininas fortes. Idun, a mulher de Kristian não faz exatamente o tipo que precisa ser salva. Quando o pior acontece, ela sabe agir e tomar decisões sob pressão. Então, depois dos dramáticos minutos que cobrem as cenas da catástrofe, o que vemos é uma sucessão de acontecimentos enervantes e complicações em série que prendem a atenção.
Outra característica que marca o cinema de Roar Uthaug é sua insistência em dar densidade dramática e camadas psicológicas a todos os personagens, inclusive aos coadjuvantes. Como resultado, vemos personagens secundários ganhar certa importância na tela. Talvez seja por influência das tradições escandinavas, ou talvez resultado de limitações orçamentárias. Será que na falta de verba para incluir mais cenas espetaculares, com efeitos especiais e malabarismos digitais, o diretor optou por compensar sua narrativa com uma abordagem mais... humanizada?
Outra característica que marca o cinema de Roar Uthaug é sua insistência em dar densidade dramática e camadas psicológicas a todos os personagens, inclusive aos coadjuvantes. Como resultado, vemos personagens secundários ganhar certa importância na tela. Talvez seja por influência das tradições escandinavas, ou talvez resultado de limitações orçamentárias. Será que na falta de verba para incluir mais cenas espetaculares, com efeitos especiais e malabarismos digitais, o diretor optou por compensar sua narrativa com uma abordagem mais... humanizada?
Provocações à parte, A Onda é certamente um filme de catástrofe diferente. Tem todos os ingredientes que você espera: é realizado com competência técnica, segue uma narrativa envolvente e resulta em entretenimento de qualidade. Mas há uma frieza emocional que soa estranha para nós, brasileiros. Além disso, pode trazer algo de profético, afinal, a destruição que vemos na tela pode de fato acontecer a qualquer momento na vida real. É assustador!
Resenha crítica do filme A Onda
Data de produção: 2015
Direção: Roar Uthaug
Roteiro: John Kåre Raake e Harald Rosenløw-Eeg
Elenco: Kristoffer Joner, Thomas Bo Larsen, Mette Horn, Fridtjov Såheim, Ane Dahl Torp, Jonas Hoff Oftebro, Edith Haagenrud-Sande, Herman Bernhoft, Arthur Berning, Silje Breivik, Laila Goody e Eili Harboe
Direção: Roar Uthaug
Roteiro: John Kåre Raake e Harald Rosenløw-Eeg
Elenco: Kristoffer Joner, Thomas Bo Larsen, Mette Horn, Fridtjov Såheim, Ane Dahl Torp, Jonas Hoff Oftebro, Edith Haagenrud-Sande, Herman Bernhoft, Arthur Berning, Silje Breivik, Laila Goody e Eili Harboe
Muito bom!
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