Quatro Irmãos: fazendo justiça, inspirados nos bons westerns

Quatro Irmãos: filme de John Singleton
UM FILME DE AÇÃO ANCORADO NUMA IDEIA PODEROSA
No cinema, o gênero western jamais desapareceu. Vez ou outra ele ressurge das cinzas, para alegria dos fãs. Hoje, os filmes de bangue-bangue não são realizados na mesma profusão que marcou as décadas de 1950 e 1960, mas quando chegam, ressaltam os elementos clássicos com os quais Hollywood os moldou: caubóis e seus cavalos, pistoleiros rápidos no gatilho, xerifes destemidos, duelos até a morte, índios sorrateiros, saloons abarrotados de bêbados e prostitutas a festejar ao som das pianolas... E, é claro, muita violência.
Há filmes que não exibem tais elementos, mas se fizermos neles um exame de DNA, encontraremos motivos de sobra para afirmar: são filhotes de western! O cinéfilo atento já entendeu meu ponto. São filmes que trazem personagens amargos, acossados pela solidão e dispostos a fazer justiça com as próprias mãos, já que as instituições não dão conta, as autoridades são corruptas e os criminosos insistem em delinquir impunes. Isso sem falar no sentimento de vingança, que move todos os personagens, tanto os que caminham dentro como fora da lei.
Quatro Irmãos, dirigido em 2005 por John Singleton, é um desses filmes que exalam a atmosfera que respiramos nos westerns, ainda que se passe num ambiente urbano infectado de atualidade. Além disso, foi francamente inspirado num faroeste clássico, intitulado Os Filhos de Katie Elder, realizado em 1965 por Henry Hathaway e estrelado por John Wayne, Dean Martin, Michael Anderson Jr e Earl Hilliman. Aquele era um autêntico bangue-bangue, conduzido de acordo com os cânones do gênero, para que o brilho dos seus astros fosse intenso. Já este é um filme de ação moderno, que parte do mesmo argumento, mas toma rumos diferentes. Antes de continuar, vejamos a sinopse:
Em Quatro Irmãos, Bobby (Mark Wahlberg), Angel (Tyrese Gibson), Jeremiah (André Benjamin) e Jack (Garrett Hedlund) trazem o mesmo sobrenome: Mercer. Mas na aparência são diferentes. Dois são brancos e dois são negros. Além do sobrenome que herdaram da mãe adotiva, Evelyn (Fionnula Flanagan), trazem em comum uma infância atribulada e a profunda gratidão pela mulher que os criou com amor e os educou dentro de princípios e valores familiares. A vida separou os quatro, mas eis que estão de volta à cidade de Detroit por um motivo trágico: a morte da mãe. Descobrem que ela foi assassinada e decidem fazer a única coisa podem: encontrar os assassinos e se vingar.
Antes de começar a falar sobre os detalhes do filme, gostaria de lembrar o peso enorme que tem a palavra irmão, especialmente quando empregada em ambientes tensos, onde questões raciais e religiosas se interpõem entre as pessoas. Aqui ela é pronunciada quatro vezes, mas para lembrar que se tratam de quatro filhos da mesma mãe. Esse sentido de família é a tônica de Quatro Irmãos, um filme de ação repleto de tiros, socos e mortes, mas que até consegue ser... edificante!
O cineasta John Singleton, que morreu prematuramente aos 51 anos, foi o mais jovem já indicado ao Óscar de melhor diretor, por seu trabalho em Os Donos da Rua, filme que escreveu e dirigiu em 1991. Em Quatro Irmãos ele faz cinema americano por excelência, onde o que está em jogo são as mazelas causadas pelo crime organizado, a tentação de fazer justiça com as próprias mãos, as dificuldades de manter a lei e a ordem numa Detroit já à beira da falência – com cara de Gothan City no inverno! – e as tensões raciais que marcam a cultura e o tecido social americano.
Quatro Irmãos é um filme que pretende ser mais alegórico do que realista, enquanto incorpora toda a superficialidade que o gênero ação exige. Tem personagens carismáticos, um ritmo excelente e não deixa dúvida sobre quem são os mocinhos e quem são os bandidos. Torcemos sem pudor pelos irmãos Mercer, apesar de toda a violência e impetuosidade que exibem na tela. São espertos, mas certamente estariam mortos – ou na prisão – se não fosse a educação recebida da mãe adotiva. É esse vínculo emocional que ajuda a construir um filme envolvente.
O roteiro escrito por David Elliot e Paul Lovet costura um enredo voltado para destacar cada um dos personagens. Tem espaço para o drama, mas deixa muita margem para que o diretor John Singleton se divirta, enquanto realiza as cenas típicas dos filmes de ação. E ele sabe preparar uma ótima mistura de humor com drama, que enche a tela de diversão. O elenco carismático é outro elemento poderoso em Quatro Irmãos. Os astros Mark Wahlberg e Tyrese Gibson estão à frente, mas o personagem que tem maior presença ao longo de todo o filme é a finada mãe dos inusitados irmãos. É um ótimo filme, para ser consumido com doses exageradas de pipoca!Título original: Four Brothers
Há filmes que não exibem tais elementos, mas se fizermos neles um exame de DNA, encontraremos motivos de sobra para afirmar: são filhotes de western! O cinéfilo atento já entendeu meu ponto. São filmes que trazem personagens amargos, acossados pela solidão e dispostos a fazer justiça com as próprias mãos, já que as instituições não dão conta, as autoridades são corruptas e os criminosos insistem em delinquir impunes. Isso sem falar no sentimento de vingança, que move todos os personagens, tanto os que caminham dentro como fora da lei.
Quatro Irmãos, dirigido em 2005 por John Singleton, é um desses filmes que exalam a atmosfera que respiramos nos westerns, ainda que se passe num ambiente urbano infectado de atualidade. Além disso, foi francamente inspirado num faroeste clássico, intitulado Os Filhos de Katie Elder, realizado em 1965 por Henry Hathaway e estrelado por John Wayne, Dean Martin, Michael Anderson Jr e Earl Hilliman. Aquele era um autêntico bangue-bangue, conduzido de acordo com os cânones do gênero, para que o brilho dos seus astros fosse intenso. Já este é um filme de ação moderno, que parte do mesmo argumento, mas toma rumos diferentes. Antes de continuar, vejamos a sinopse:
Em Quatro Irmãos, Bobby (Mark Wahlberg), Angel (Tyrese Gibson), Jeremiah (André Benjamin) e Jack (Garrett Hedlund) trazem o mesmo sobrenome: Mercer. Mas na aparência são diferentes. Dois são brancos e dois são negros. Além do sobrenome que herdaram da mãe adotiva, Evelyn (Fionnula Flanagan), trazem em comum uma infância atribulada e a profunda gratidão pela mulher que os criou com amor e os educou dentro de princípios e valores familiares. A vida separou os quatro, mas eis que estão de volta à cidade de Detroit por um motivo trágico: a morte da mãe. Descobrem que ela foi assassinada e decidem fazer a única coisa podem: encontrar os assassinos e se vingar.
Antes de começar a falar sobre os detalhes do filme, gostaria de lembrar o peso enorme que tem a palavra irmão, especialmente quando empregada em ambientes tensos, onde questões raciais e religiosas se interpõem entre as pessoas. Aqui ela é pronunciada quatro vezes, mas para lembrar que se tratam de quatro filhos da mesma mãe. Esse sentido de família é a tônica de Quatro Irmãos, um filme de ação repleto de tiros, socos e mortes, mas que até consegue ser... edificante!
O cineasta John Singleton, que morreu prematuramente aos 51 anos, foi o mais jovem já indicado ao Óscar de melhor diretor, por seu trabalho em Os Donos da Rua, filme que escreveu e dirigiu em 1991. Em Quatro Irmãos ele faz cinema americano por excelência, onde o que está em jogo são as mazelas causadas pelo crime organizado, a tentação de fazer justiça com as próprias mãos, as dificuldades de manter a lei e a ordem numa Detroit já à beira da falência – com cara de Gothan City no inverno! – e as tensões raciais que marcam a cultura e o tecido social americano.
Quatro Irmãos é um filme que pretende ser mais alegórico do que realista, enquanto incorpora toda a superficialidade que o gênero ação exige. Tem personagens carismáticos, um ritmo excelente e não deixa dúvida sobre quem são os mocinhos e quem são os bandidos. Torcemos sem pudor pelos irmãos Mercer, apesar de toda a violência e impetuosidade que exibem na tela. São espertos, mas certamente estariam mortos – ou na prisão – se não fosse a educação recebida da mãe adotiva. É esse vínculo emocional que ajuda a construir um filme envolvente.
O roteiro escrito por David Elliot e Paul Lovet costura um enredo voltado para destacar cada um dos personagens. Tem espaço para o drama, mas deixa muita margem para que o diretor John Singleton se divirta, enquanto realiza as cenas típicas dos filmes de ação. E ele sabe preparar uma ótima mistura de humor com drama, que enche a tela de diversão. O elenco carismático é outro elemento poderoso em Quatro Irmãos. Os astros Mark Wahlberg e Tyrese Gibson estão à frente, mas o personagem que tem maior presença ao longo de todo o filme é a finada mãe dos inusitados irmãos. É um ótimo filme, para ser consumido com doses exageradas de pipoca!
Resenha crítica do filme Quatro Irmãos
Data de produção: 2005
Direção: John Singleton
Roteiro: David Elliot e Paul Lovett
Elenco: Mark Wahlberg, Tyrese Gibson, André Benjamin, Garrett Hedlund, Terrence Howard, Josh Charles, Sofía Vergara, Fionnula Flanagan, Chiwetel Ejiofor, Taraji P. Henson e Kenneth Welsh
Direção: John Singleton
Roteiro: David Elliot e Paul Lovett
Elenco: Mark Wahlberg, Tyrese Gibson, André Benjamin, Garrett Hedlund, Terrence Howard, Josh Charles, Sofía Vergara, Fionnula Flanagan, Chiwetel Ejiofor, Taraji P. Henson e Kenneth Welsh
Ótimo filme para entretenimento. Para alegrar os olhos há também a presença de uma jovem Sofia Vergara no papel da namorada (caliente) de um dos irmãos.
ResponderExcluirBelo texto!
Ah, muito obrigado! E sim, a presença dela é mesmo marcante!
Excluir