Operação França: linguagem inovadora e Gene Hackman na linha de frente

Cena do filme Operação França
Operação França: filme dirigido por Willian Friedkin

O FILME QUE DITOU UM PADRÃO ESTÉTICO PARA O GÊNERO

Sim... Operação França já foi um filme moderno, intenso, ousado e arrebatador. Isso foi há mais de 50 anos. Em 1971, quando William Friedkin o realizou, causou comoção nos cinemas. Era um filme para adultos, que escancarava o submundo do tráfico de drogas em Nova Iorque – uma cidade que, vejam só, se mostrava suja, com bolsões de pobreza, barulhenta... Os protagonistas eram policiais, mas ficavam a dever em refinamento. Desgrenhados, vulgares e moralmente questionáveis, não se furtavam ao uso da brutalidade e da violência. Os bandidos, bem... esses eram refinados, elegantes, sutis, discretos...
        Câmera instável, cores não saturadas, cortes secos, locações realistas... Aos olhos do espectador atual, nenhuma novidade. Há meio século, uma linguagem inovadora, que fez escola e influenciou os thrillers policiais. Podemos encontrar em Operação França a gênese das perseguições de carros que fazem a festa nos filmes de ação e nas séries de TV. O ritmo da narrativa, entretanto, é bem mais lento. O mundo todo era muito mais lento naquela época!
        O filme é baseado em uma história real, contada no romance The French Connection: A True Account of Cops, Narcotics and International Conspiracy escrito em 1969 por Robin Moore. Segue Jimmy Doyle (Gene Hackman) – conhecido como Popeye – e Buddy Russo (Roy Scheider), policiais do Departamento de Narcóticos, durante suas incursões à cata de pequenos transgressores e traficantes de drogas. Quando descobrem o fio da meada para uma grande remessa vinda da Europa, topam com Alain Charnier (Fernando Rey), um empresário francês residente em Marselha. Inicia-se então uma árdua investigação, pontuada por entraves e complicações, até que eles consigam elucidar o que passa a ser conhecida como a tal Conexão França.
        Operação França não é um filme otimista. Ao contrário. Os protagonistas, interpretados com maestria, comem o pão que o diabo amassou, enquanto o vilão passa muito bem, obrigado! O roteiro de Ernest Tidyman é cuidadoso em buscar oportunidades para caracterizar os personagens e seus conflitos morais, rompendo com os clichês da época. William Friedkin, com sua estética crua e brutal, imprimiu um incômodo clima de suspense – que aperfeiçoaria logo depois ao filmar O Exorcista.
        O filme arrasou no Óscar. Faturou as estatuetas de melhor filme, melhor diretor, melhor ator – para Gene Hackman – melhor roteiro adaptado e melhor montagem. Sem contar as várias indicações em outras categorias. Hoje em dia é preciso assistir a esse filme com o respeito e reverência que cabem a um senhor distinto, cujas realizações marcaram uma época.

Resenha crítica do filme Operação França

Ano de produção: 1971
Direção: William Friedkin
Roteiro: Ernest Tidyman
Elenco: Gene Hackman, Fernando Rey, Roy Scheider, Tony Lo Bianco, Marcel Bozzuffi, Frédéric de Pasquale, Bill Hickman, Harold Gary, Ann Rebbot e Arlene Farber

Comentários

  1. Ah.....
    Várias vezes revisitado, aqui também.
    UM marco na época de seu lançamento, do gênero policial que ainda se apegava às velhas fórmulas e padrões que foram rompidos por essa "revolução do gênero policial" na lente de Willian Friedkin, sua visão dark dos corredores de um NPD NW onde seus protagonistas são carne e osso sem auras de paladinos como também os contraventores. Isto se deve em muito ao roteiro, baseado num fato verídico, e escrito pelos próprios agentes da polícia que estavam envolvidos, ajudaram não somente na autencidade como na forma que nos é apresentada essa caçada e sua consequencia (não há, o combate ao tráfico continua)
    Hoje, quase ninguém da geração atual o conhece e ou sabe do valor dessa película como cada cena impacta a nós. Nem por um momento é ultrapassado porque é simplesmente um clássico. É copiado, fez escola.
    Uma cena que chocou as plateias e rodou o mundo e faz a fama do filme :
    Quando o personagem de Hackman mata um bandido (não posso falar, mas a estética frenética da cena como seu ponto final é perturbador)
    Oscares merecidos
    Hackman finalmente alçado ao primeiro time de Hollywood com todo louvor que sua carreira em diante nos confirmaria
    E uma trilha sonora inigualável, uma das melhores do cinema que minemitiza diálogos ao longo deste "conexão francesa" desfechando no final da incerteza duma conclusão, pois a guerra contra o tráfico e crime continua.

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    Respostas
    1. Ah, Alexander, você lembra aqui vários elementos importantes desse filme, que não mencionei na minha crônica. Obrigado por acrescentar! Abração!

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  2. Melhor análise sintética quanto explanação geral desse clássico ainda não li.
    Very Good

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