Um Sonho de Liberdade: o tema é a redenção!
Um Sonho de Liberdade: filme dirigido por Frank Darabont
Direção: Frank Darabont
Roteiro: Frank Darabont
Elenco: Tim Robbins, Morgan Freeman, Bob Gunton, William Sadler, Clancy Brown, Gil Bellows, Mark Rolston, James Whitmore, Jeffrey DeMunn, Larry Brandenburg, Neil Giuntoli, Brian Libby, David Proval, Joseph Ragno, Jude Ciccolella, Paul McCrane, Renee Blaine e Scott Mann
UM FILME DE PRESÍDIO QUE NÃO EXALTA A FAÇANHA DA FUGA
Redenção. Eis a palavra que falta no título adotado para esse filme aqui no Brasil – em Portugal, onde foi batizado de Os Condenados de Shawshank, a palavra também não aparece. Sua omissão rouba uma boa fatia de significado e nos leva a sentar na poltrona com a expectativa de acompanhar a saga de personagens ansiosos apenas por liberdade – palavra que também vem amputada de significados, já que soa pronunciada apenas como antônimo de cárcere. Entretanto, Um Sonho de Liberdade, filme de 1994 dirigido por Frank Darabont, está longe de ser um filme de presídio feito, para exaltar a façanha da fuga. É um filme sobre... redenção!
Baseado no conto Rita Hayworth and Shawshank Redemption, escrito por Stephen King e publicado no livro Quatro Estações, o filme se tornou uma das mais celebradas produções do cinema e conquistou uma legião de fãs de todas as idades. Quando foi lançado, porém, amargou um estrondoso fracasso nas bilheterias, atribuído à concorrência de Pulp Fiction e Forrest Gump, que arrasaram todos os quarteirões naquele ano. Sua posterior redenção, por meio da presença maciça nas locadoras de vídeo e nas TVs por assinatura, também se tornou espetacular e só aconteceu por um motivo: o filme é excelente!
Um Sonho de Liberdade conta a história de Andy Dufresne, interpretado por Tim Robbins, um banqueiro bem-sucedido que vai ocupar ad aeternum uma cela na tal penitenciária de Shawshank. O motivo: foi condenado por assassinar a esposa e o amante depois de flagrá-los em pleno ato de traição. Confinado num ambiente cruel, violento e injusto, ele passará a conviver com agentes penitenciários corruptos e prisioneiros desumanos, que vão tirar tudo dele, exceto a esperança. Lá ele conhecerá Ellis “Red” Redding, vivido por Morgan Freeman, um prisioneiro que cumpre 20 anos de pena e se revela um grande amigo.
Desde que pôs os pés no presídio, em 1946, Andy Dufresne nutre o seu sonho de liberdade. Como e quando ele o concretizará, só saberemos no final da história, narrada de modo envolvente por seu amigo Red. Enquanto o sonho não se realiza, somos apresentados a personagens intensos e marcantes, que impõem sofrimento e dor ao protagonista e criam situações limites, que serão transformadoras para ele.
A adaptação para o cinema, escrita por Frank Darabont, é brilhante; ele soube aproveitar os recursos interpretativos de Morgan Freeman e deu ao personagem Red uma voz envolvente, capaz de nos entreter por mais de duas horas. O texto que ele recita ao longo do filme é, em alguns momentos, descritivo, indo na contramão do que pregam os mestres do roteiro – enquanto a página impressa conta, o roteiro tem que mostrar! Mas esse truque ousado funcionou, trazendo para o filme a narrativa em primeira pessoa que Stephen King preferiu empregar nessa sua história.
A adaptação para o cinema, escrita por Frank Darabont, é brilhante; ele soube aproveitar os recursos interpretativos de Morgan Freeman e deu ao personagem Red uma voz envolvente, capaz de nos entreter por mais de duas horas. O texto que ele recita ao longo do filme é, em alguns momentos, descritivo, indo na contramão do que pregam os mestres do roteiro – enquanto a página impressa conta, o roteiro tem que mostrar! Mas esse truque ousado funcionou, trazendo para o filme a narrativa em primeira pessoa que Stephen King preferiu empregar nessa sua história.
Um elemento que chama a atenção no roteiro de Darabont é a ampliação do personagem Brooks Hatlen, o idoso bibliotecário interpretado por James Whitmore; no livro ele aparece rapidamente em um parágrafo, mas no filme, vemos que ele passou a vida na prisão e de repente se vê de volta à sociedade. Décadas de rotina na instituição penitenciária o tornaram inepto para a vida fora das grades – o que o espectador entende como destino plausível que poderá acontecer também com os protagonistas. Com esse recurso narrativo, o roteirista conseguiu expressar conceitos que King pôs apenas em palavras.
Outra cena acrescentada no filme é a que mostra Andy pondo Mozart para tocar nos autofalantes da prisão. Um recurso típico da linguagem audiovisual que contribuiu para expressar uma gama de emoções, que vão da pura contemplação estética à recuperação da dignidade e da esperança por parte dos prisioneiros.
Em Um Sonho de Liberdade, Darabont também incluiu cenas de violência gráfica – mortes de personagens que não acontecem no livro – como forma de amarrar a história para as telas, aumentando a sua força dramática e tornando o resultado mais impactante para o espectador, que precisa lidar com campos narrativos mais limitados, ao contrário do leitor. Ou seja: o diretor se exercitou na arte do cinema!
Em Um Sonho de Liberdade, Darabont também incluiu cenas de violência gráfica – mortes de personagens que não acontecem no livro – como forma de amarrar a história para as telas, aumentando a sua força dramática e tornando o resultado mais impactante para o espectador, que precisa lidar com campos narrativos mais limitados, ao contrário do leitor. Ou seja: o diretor se exercitou na arte do cinema!
Um Sonho de Liberdade é repleto de momentos emocionantes, vividos por personagens verdadeiros; gente criminosa, sim, mas que se alimenta de esperança e sonha com a liberdade. Uma liberdade que só se torna plena no momento em que alcançam a redenção. Há muito mais o que dizer sobre o filme, mas isso implicaria em spoilers. Prefiro ficar por aqui e reservar o espaço dos comentários para os seguidores da Crônica de Cinema que desejarem se manifestar.
Resenha crítica do filme Um Sonho de Liberdade
Título original: The Shawshank Redemption
Título em Portugal: Os Condenados de Shawshank
Ano de produção: 1994 Direção: Frank Darabont
Roteiro: Frank Darabont
Elenco: Tim Robbins, Morgan Freeman, Bob Gunton, William Sadler, Clancy Brown, Gil Bellows, Mark Rolston, James Whitmore, Jeffrey DeMunn, Larry Brandenburg, Neil Giuntoli, Brian Libby, David Proval, Joseph Ragno, Jude Ciccolella, Paul McCrane, Renee Blaine e Scott Mann
Verdade, é um excelente filme, onde a fuga ficou em outro plano não inferior, mas secundário entre tantos fatos .....
ResponderExcluirEste é um filme que sempre que deparo com ele assisto!
ExcluirUma história fantástica pelo anseio da liberdade .
Revisitar de tempos em tempo é muito proveitoso.
ExcluirAmo muito ✨👌
ResponderExcluirFilme emblemático, com excelentes atores e personagens inesquecíveis
ResponderExcluirSua paixão pelo cinema , sua forma simples, sem deixar de ser interessante, e ao mesmo tempo competente fazem de sua crônica uma leitura prazerosa. É com transparência e entusiasmo que seu texto , refaz a emoção e sensibilidade que sentimos com esta obra que tem sido considerada ,um dos mais belos filmes já produzidos.
ResponderExcluirMuito agradecido. Seu comentário me anima a continuar nessa direção. Valeu!
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