Planeta dos Macacos: A Origem: feito a partir de um grande roteiro

Cena do filme Planeta dos Macacos: A Origem
Planeta dos Macacos: A Origem: filme dirigido por Rupert Wyatt

FICÇÃO CIENTÍFICA ANCORADA EM ÓTIMOS PERSONAGENS

Em 1963 o francês Pierre Boulle escreveu um romance de ficção científica onde narrava o autoextermínio da raça humana pelo uso descontrolado das tecnologias que criou, o que abriria o caminho para que os símios dominassem o planeta. Deu ao seu romance o título de La Planète Des Singes. Pronto! Cinco anos depois, surgiu nas telas O Planeta dos Macacos, filme estrelado por Charlton Heston, que amealhou fãs no mundo todo, ditou novas possibilidades para a ficção científica e originou uma franquia que nunca mais saiu de cartaz. Uma das etapas mais vistosas dessa trajetória aconteceu com o lançamento de Planeta dos Macacos: A Origem, produção realizada dez anos atrás. É sobre ela que gostaria de me deter.
        As incríveis técnicas de captura de imagens digitais conseguiram a proeza de se tornar, elas próprias, transparentes para o espectador. Nada de maquiagem ou truques cosméticos para caracterizar os personagens símios e nos lembrar, o tempo todo, que estamos diante de atores fantasiados; agora, o realismo desconcertante de Planeta dos Macacos: A Origem chega como um convite para embarcar numa história incrível. Dirigido pelo então desconhecido Rupert Wyatt, o filme despontou como uma surpresa: não desapontou os fãs da franquia e trouxe credibilidade para reiniciar a saga, com fôlego renovado.
        O filme nos conta a história de Will Rodman, interpretado por James Franco, um químico que trabalha para uma grande corporação, onde tenta descobrir a cura para o Alzheimer – motivado em salvar o próprio pai, acometido pela doença. Seus experimentos com chipanzés se mostram desastrosos e os animais têm que ser sacrificados; um deles, porém, consegue escapar: um recém-nascido que Will leva para casa e é batizado por seu pai como César. O chipanzé passa a ser criado como um membro da família e com o passar dos anos desenvolve uma inteligência impressionante, como resultado da droga inventada por Will.
        O cientista usa seu pai como cobaia e consegue resultados impressionantes, porém, quando o chipanzé vira um adolescente forte e ameaçador, surgem as complicações. O pai de Will tem uma recaída e César se envolve em encrencas com a vizinhança; acaba confinado num abrigo público, enjaulado com outros macacos. Mas a inteligência superior tornará César o líder que está destinado a ser e provocará uma verdadeira revolução símia.
        Planeta dos Macacos: A Origem é muito mais que uma façanha tecnológica, é uma façanha narrativa! O filme nos apresenta a personagens carismáticos e perfeitamente críveis; mérito do casal de roteiristas Amanda Silver e Rick Jaffa. Marido e mulher, os dois já escreviam juntos havia 20 anos quando tiveram a ideia para o roteiro; Rick já se interessava por assuntos relacionados a chipanzés e colecionava matérias e relatos sobre esses animais criados como crianças em ambientes domésticos, que se tornam agressivos na adolescência – por volta dos 7 ou 8 anos. Quando veio o estalo criativo de usar esse conceito num novo filme para a franquia Planeta dos Macacos, Rick e Amanda trabalharam na ideia e a apresentaram aos executivos da Fox. Foram contratados para escrever o roteiro e produzir o filme.
        Nos primeiros tratamentos, a motivação de César era a vingança pela morte da mãe, mas depois de 30 rascunhos o personagem assumiu sua vocação de líder revolucionário,
 diante da responsabilidade que a inteligência superior lhe impõe sobre os ombros. Certamente, o cuidado em focalizar o envolvimento emocional entre os personagens, trouxe densidade dramática à história e deu ao espectador a oportunidade de criar uma forte empatia com todos. Embora vejamos César e seus macacos como uma ameaça à nossa soberania no planeta, compreendemos suas motivações e torcemos por eles ao longo do filme.
        Com um roteiro brilhante nas mãos, Rupert Wyatt mostrou competência na direção. Além de moldar os detalhes do roteiro à estética que tinha em mente, escalou um ótimo elenco e o integrou à equipe de efeitos visuais. Num filme com fortes demandas dramáticas e todo um aparato tecnológico a ser gerenciado, o diretor soube colocar o enredo na frente dos efeitos visuais, mas sem diminuir seu impacto.
        Andy Serkis, o ator por trás da performance de César, recebeu a maior parte das atenções, pela forma como conseguiu dar credibilidade ao personagem e comunicar uma ampla gama de emoções. James Franco, no entanto, não ficou para trás; numa atuação econômica e competente, ele compreendeu que o protagonismo de César era o elemento motor do filme. Convenceu como o cientista que brinca de Deus, mas sem estar motivado por egoísmos.
        No filme A Conquista do Planeta dos Macacos, de 1972, o personagem de Cesar já aparecia como “o primeiro macaco que falou”. Em Planeta dos Macacos: A Origem, os realizadores conseguiram desenvolver eventos convincentes para explicar o que ocorreu antes e depois desse fato. Criaram um excelente filme de ficção científica, mas para isso tiveram que passar por cima do remake Planeta dos Macacos, dirigido por Tim Burton em 2001; simplesmente agiram como se tal filme jamais tivesse existido. Para a maioria dos fãs da franquia, isso não foi problema algum!

Resenha crítica do filme Planeta dos Macacos: A Origem

Ano de produção: 2011
Direção: Rupert Wyatt
Roteiro: Amanda Silver e Rick Jaffa
Elenco: James Franco, Andy Serkis, John Lithgow, Freida Pinto e Tom Felton

Comentários

  1. Fiquei maravilhada com os detalhes desta filmagem, parecia que estavs acontecendo do meu lad.

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    1. Empregaram uma narrativa fluente, colocando todos os recursos trabalhando a favor dela.

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