Kill Bill: o poder narrativo de um diretor inovador

Kill Bill: direção de Quentin Tarantino UM SÓLIDO CASTELO DE REFERÊNCIAS CINEMATOGRÁFICAS Tinha doze para treze anos quando entrei pela primeira vez no Cine Arlequim, um pulgueiro no centro de Curitiba, que mantinha uma promoção imperdível: pelo preço de um único ingresso, era possível assistir a três filmes, exibidos em sequência. Esse não era, entretanto, o maior atrativo; o que me animava era o fato de que um dos três filmes era sempre uma pornochanchada, proibida para menores de 18 anos. Se chegasse no começo da sessão e comprasse uma entrada inteira, o bilheteiro fazia vista grossa. Uma vez na plateia, teria que esperar uma eternidade para finalmente ver o que de fato interessava; teria que passar por dois filmes de kung fu, daqueles produzidos na China, com legendas em português. Nos primeiros anos da década de 1970, as pornochanchadas que alvoroçavam meus hormônios eram produções ingênuas e leves, se comparadas às de hoje – no máximo exibia...