O Dia Depois de Amanhã: catástrofe climática vira pura diversão


O Dia Depois de Amanhã: filme de Roland Emmerich

PERSONAGENS VEROSSÍMEIS, PREMISSAS POUCO CIENTÍFICAS

Cá entre nós, acreditar que o mundo caminha na direção de uma catástrofe climática, decorrente do aquecimento global provocado pela atividade humana, é um exercício de pura arrogância do homo sapiens. Culpar o dióxido de carbono emitido pelos combustíveis fósseis – e também os gases ruminados pelas vacas que cultivamos em escala industrial – é uma desculpa fajuta, inventada por ideólogos mais interessados em praticar o controle social. A ciência só começou a monitorar a temperatura global a partir de meados do século XIX, há menos de dois séculos, portanto. Um piscar de olhos na turbulenta história climática do planeta, que já passou por incontáveis sobressaltos causados por fenômenos naturais mais poderosos do que qualquer bagunça que possamos causar – excetuando as explosões nucleares numa temida guerra apocalíptica!
        Veja bem: não estou dizendo que não possam acontecer eventuais catástrofes climáticas. O que estou dizendo é que se elas acontecerem, serão o resultado de processos naturais. Os estragos localizados da atividade humana não são suficientes para alterar a dinâmica do clima em escala planetária. Com base em pura invencionice, políticos ameaçam nossas faixas litorâneas desde os anos 70, afirmando que o nível dos oceanos haverá de subir rapidamente. Entretanto, passados cinquenta anos, só conseguiram tirar proveito da especulação imobiliária junto aos mais afoitos. Ambientalistas favoráveis aos interesses dos poderosos são mais paparicados pela mídia militante, enquanto os que argumentam com bases científicas sólidas são mantidos encarcerados nos círculos acadêmicos.
        Bem, pelos parágrafos acima, você já percebeu a qual dos grupos tenho dado ouvidos. Como não sou especialista no assunto, tomo o cuidado de formar opinião junto a quem apresenta os argumentos mais sólidos. De um lado, os alarmistas não conseguem ir além das cantilenas ambientalistas com refrão copiado das cartilhas coletivistas. Do outro, os climatologistas, geólogos e paleontólogos das instituições mais respeitáveis destroem essa narrativa com dados e informações consistentes. Quando está sozinho com sua consciência, não sei a qual dos grupos o diretor Roland Emmerich prefere escutar, mas quando está fazendo cinema, não perde a oportunidade de torcer pela catástrofe. E como isso tem sido lucrativo para ele!
        Aliás, o diretor alemão é um dos nomes mais lucrativos para Hollywood. Roland Emmerich já assinou os principais sucessos do cinema catástrofe, como Independence Day, Godzila, 2012 e Moonfall. O melhor deles é, sem dúvida, O Dia Depois de Amanhã, de 2004. É também um dos melhores do gênero, não pelas premissas científicas – duvidosas e sensacionalistas – nem pela profundidade dos seus personagens, caracterizados a partir de clichês clássicos. O que atrai nesse filme é o domínio mostrado pelo diretor sobre as ações paralelas, decupadas com ritmo e precisão. Ele também esbanja habilidade na hora de mostrar ao espectador aquilo que ele está ansioso para ver, mas apenas no momento certo e de um jeito surpreendente.
        O Dia Depois de Amanhã conta a história de Jack Hall (Dennis Quaid), um paleoclimatologista dedicado a investigar as modificações climáticas sofridas pelo nosso planeta ao longo dos milênios. Ele e sua equipe topam com descobertas desconcertantes, que não impressionam seus colegas cientistas, à exceção do renomado professor Terry Rapson (Ian Holm). Os dois trocam informações e chegam a uma conclusão estarrecedora: nos próximos 100 anos a Terra passará por uma nova era glacial e terá seu hemisfério norte congelado, resultando numa série de catástrofes.
        Acontece que Jack estava errado! A escala de tempo não deveria ser medida em séculos, mas em horas! Suas tentativas de alertar o governo, para salvar o maior número de pessoas, dão em nada. Enquanto vê seu país sendo arrasado por furacões, tornados, tempestades de neve, terremotos, ondas gigantes e o que mais a mãe natureza enfurecida tiver em seu cardápio de desgraças, Jack precisa tentar salvar o filho, Sam (Jake Gyllenhaal), isolado com os amigos em uma Nova Iorque arrasada e congelada.
        Convenhamos, não é fácil fazer um filme desses, voltado para o puro entretenimento. Longe de ser um drama psicológico, não lida com simbolismos ou conceitos filosóficos, nem exige recursos de interpretação dignos de atores shakespearianos, mas precisa partir de um bom roteiro. Esse que gerou o O Dia Depois de Amanhã,  assinado por Jeffrey Nachmanoff em parceria com o próprio Emmerich, conseguiu passar credibilidade e verossimilhança. Veja bem, não estou falando em precisão científica. Ainda que os acontecimentos narrados sejam pura invencionice, a linguagem científica e as reações dos personagens mantém o espectador grudado na poltrona, enquanto se delicia com o espetáculo visual.
        Os efeitos digitais, gerados por numerosas equipes de técnicos à frente dos seus computadores, dão conta de materializar qualquer ideia dos realizadores. Porém, isso exige postura gerencial por parte do diretor e o deixa mais próximo das práticas industriais de Hollywood. Em O Dia Depois de Amanhã a máquina de fazer dinheiro, digo, de fazer filmes, conseguiu ótimos resultados. Vemos Nova Iorque sendo destruída, com o 11 de setembro ainda aceso na memória do público. Vemos Los Angeles varrida por tornados em série, com direito a transmissões ao vivo pela TV. E vemos americanos cruzando a fronteira na contramão, guiados por coiotes, para tentar sobreviver no... México! Ah! Esse filme é para ser consumido junto com doses exageradas de pipoca!!

Resenha crítica do filme O Dia Depois de Amanhã

Data de produção: 2004
Direção: Roland Emmerich
Roteiro: Roland Emmerich e Jeffrey Nachmanoff
Elenco: 
Dennis Quaid, Jake Gyllenhaal, Emmy Rossum, Dash Mihok, Sela Ward, Ian Holm, Sasha Roiz, Austin Nichols, Tamlyn Tomita, Arjay Smith, Jay O. Sanders, Adrian Lester, Glenn Plummer, Perry King, Kenneth Welsh e Nestor Serrano

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