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Mostrando postagens com o rótulo Comédia Dramática

O Fabuloso Destino de Amélie Poulin: é uma comédia divertida, mas o tema é a solidão

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O Fabuloso Destino de Amélie Poulin: filme dirigido por  Jean-Pierre Jeunet É FABULOSO O QUE UMA GAROTA SOLITÁRIA E INVENTIVA É CAPAZ DE VIVER EM PARIS Perguntei à minha mulher qual era, afinal, o tema do filme  O Fabuloso Destino de Amélie Poulin . Surpresa com o meu interesse, ela foi logo avisando:           – É comédia, mas tem romance, um pouco de drama... Assisto de novo com você!           Ludy detesta repetir filmes. Para se dispor a ver novamente, é porque gostou muito. E se ela gostou... Tratei de conferir.   Esse filme francês é de 2001, mas de tão conservado, poderia ser deste ano. Nas mãos do diretor Jean-Pierre Jeunet, o roteiro de Guillaume Laurant ganhou uma atmosfera mágica e algo fantasiosa, com pitadas generosas de bom humor. É leve, envolvente, ágil e divertido, mas o que primeiro salta aos olhos é a direção de arte. Já no início percebemos nele a sensibilidade artística que o cinema francês tanto valoriza. Mérito do diretor e da designer de produção Aline Bonetto.

O Palhaço: sublimando a crise existencial

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O Palhaço: filme dirigido por Selton Mello SE HÁ ALGUM MOTIVO PARA FAZER CINEMA, É PARA REALIZAR BONS FILMES COMO ESSE – Esse negócio de crise existencial é palhaçada – diria meu pai, emendando algum comentário politicamente incorreto sobre ter mais o que fazer ao invés de ficar ouvindo nhenhenhém de gente afrescalhada. Conhecendo o senso de humor dele, é claro daria um desconto. Esse era apenas o seu jeito de mostrar que preferia manter a mente ocupada com as demandas práticas da vida a remoer assuntos filosóficos.           Não puxei ao meu pai. Filosofar e divagar são hábitos que trago desde que fui alfabetizado. Nesses momentos, nós, os sonhadores, ficamos vulneráveis ao assalto das dúvidas. Pior, levamos as dúvidas conosco e esbarramos nelas quando temos que tomar decisões cruciais: trocar o emprego estável e sufocante por uma aposta empreendedora, tornar-se coadjuvante no sonho de quem se ama para continuar seguindo juntos, assumir o fato de que as crianças já estão todas criadas

Forrest Gump - O Contador de Histórias: Jenny é sua razão de ser

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Forrest Gump - O Contador de Histórias: filme dirigido por Robert Zemeckis NESSE FILME, A SENHORA FORREST GUMP ESTÁ PRESENTE O TEMPO TODO Depois de um dia intenso trabalhando na frente do computador, a oportunidade de se esparramar no sofá e zapear à procura de um filme no serviço de streaming veio como uma dádiva. Cansado, senti como se estivesse me arriscando num jogo de azar, numa espécie de roleta cinematográfica onde a bolinha poderia parar sobre qualquer título. Para minha sorte, naquela noite ela parou bem em cima do filme  Forrest Gump – O Contador de Histórias .         – De novo! – pensei em voz alta. Já assisti a esse filme tantas vezes que não consigo contar. Desdenhando do destino, continuei zapeando. Então, lembrei que a última vez fora há quatro ou cinco anos, pelo menos. Feliz por ter arranjado uma boa desculpa, voltei e apertei o play. Foi a melhor coisa que fiz naquela noite!          Forrest Gump – O Contador de Histórias  é um clássico, considerado um dos maiores

E La Nave Va: a expressão de um cinema superlativo

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E La Nave Va: filme dirigido por Federico Fellini CINEMA SINGRANDO OS MARES DA ÓPERA E La Nave Va é um filme... musical! Não apenas no sentido que empregamos para evocar o gênero consagrado em Hollywood, onde as canções ocupam a fala dos personagens e conduzem toda a narrativa. Esse é musical porque foi feito da mesma substância com a qual os músicos materializam suas criações. É ópera, é circo, é uma invenção surreal, é uma comédia, é abordagem histórica... É Federico Fellini. Foi realizado em 1983 e está entre os seus grandes filmes. Aqui o cineasta empenhou considerável esforço criativo e nos brindou com sua inconfundível sensibilidade artística. É cinema superlativo, costurado com metáforas, provocações metalinguísticas, rompantes de humor e momentos de um delicioso regozijo estético.           E La Nave Va é sobre o vapor Glória N, que parte de algum porto italiano. O ano é 1914 e o objetivo é seguir num cruzeiro fúnebre até a ilha de Erimo, terra natal da falecida cantora Edmea

Pequena Miss Sunshine: uma família, uma Konbi e um objetivo em comum

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Pequena Miss Sunshine: filme dirigido por Jonathan Dayton e Valerie Faris UMA COMÉDIA DELICIOSA, RECHEADA DE DRAMA AUTÊNTICO Uma velha Kombi amarela e branca, empurrada por uma família inteira. Uma família com problemas, mas inteira! Que se reconhece como família, depois que seus membros perturbados exercitam um pouco do bom e velho... convívio. Seguem para um futuro desconhecido, empanturrados de presente e preparados para encarar seus dramas com bom humor. O que é preciso para realizar um filme assim? Criatividade? Persistência? Coragem? Bem... todos esses ingredientes são essenciais, mas de nada servem sem um bom roteiro. E o filme Pequena Miss Sunshine , dirigido em 2006 pelo casal Jonathan Dayton e Valerie Faris tem um dos bons! Essa produção encantadora nos mostra que o cinema, mesmo quando não é feito em escala industrial, é resultado da soma dos talentos que se reúnem ao redor de uma ótima ideia.           Tudo começou com o roteirista iniciante Michael Arndt. Certo de que havi

Bastardos Inglórios: Quentin Tarantino subverte a verdade em favor do bom cinema

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Bastardos Inglórios: filme de Quentin Tarantino UMA TRILHA SONORA REPLETA DE BOAS SURPRESAS Ludy detesta filmes violentos e não compartilha meu gosto por thrillers de guerra. Quando decido revisitar um desses filmes pela enésima vez, minha mulher se lembra que tem mais o que fazer e sai da sala. Prefere me deixar sozinho, exercendo minha obsessão de cinéfilo esmiuçador. Entre os filmes que faço questão de rever de vez em quando está Bastardos Inglórios , de 2009, escrito e dirigido por Quentin Tarantino. Tenho vários motivos para fazê-lo, mas hoje quero falar da trilha sonora que o diretor escolheu.           Ninguém consegue ficar impassível diante de  Bastardos Inglórios . É amá-lo ou odiá-lo! O senso de humor peculiar, a preferência pelas cenas violentas retratadas com requintes gráficos, a precisão dos diálogos conduzindo a narrativa afiada e ritmada... Tarantino é único. Mas confesso que o filme me pegou logo na cena inicial. Para ilustrar meu ponto, deixe-me tentar descr

Um Estranho no Ninho: um criminoso afrontando o sistema

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Um Estranho no Ninho: filme dirigido por Milos Forman MAIS DO QUE ENVOLVENTE, HIPNOTIZA! Cinéfilo confesso, adoro escrever sobre filmes. Para alimentar a Crônica de Cinema com textos semanais, revejo aqueles aos quais assisti há tempos, reavivando a memória. Fiz isso recentemente com Um Estranho no Ninho , dirigido em 1975 por Miloš Formam – vibrei quando encontrei o título na grade de programação da TV por assinatura! Entretanto, o que vivi foi uma experiência inusitada: fiquei preso na trama, sem conseguir prestar atenção nas técnicas cinematográficas usadas pelo diretor.           Quando assisto a um filme, sempre deixo que as manipulações e as artimanhas narrativas venham roubar minha atenção. Analiso os movimentos de câmera, a escolha dos planos, a pertinência da trilha sonora, a construção das linhas de diálogo, a mise-en-scène... Dessa vez, porém, fui hipnotizado! Mergulhei tão fundo na história que não me importei com nada. Feito refém, tive que revisitar o filme no

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