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Fragmentado: atmosfera perturbadora dos grandes thrillers psicológicos

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Fragmentado: filme dirigido por M. Night Shyamalan UM ATOR QUE VALE POR UMA MULTIDÃO Em termos comerciais, os filmes de M. Night Shyamalan funcionam bem. Muitos espectadores não se importam de ser ludibriados, apenas para que no final levem um susto ou sejam surpreendidos pelo inusitado. Mas em Fragmentado , seu filme de 2016, o diretor não se vale de truques sujos para alimentar um suspense intenso e perturbador. Seu trunfo é James McAvoy, que sabe conversar com a câmera e se fazer convincente. Esse thriller psicológico é, portanto, um impressionante trabalho de ator!           Fragmentado conta a história de Kevin Wendell Crumb (James McAvoy), um sujeito habitado por 23 personalidades. É tratado pela Dra. Karen Fletcher (Betty Buckley) como um curioso caso clínico. Ocorre que uma dessas personalidades sequestra três garotas adolescentes e as coloca em um impenetrável cativeiro subterrâneo. Elas lutam para escapar, mas jamais sabem com quem  lidam d...

Milagre da Cela 7: personagens fofos submetidos a muita injustiça

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O Milagre da Cela 7: filme dirigido por Mehmet Ada Öztekin NÃO HÁ MILAGRE QUE CONSIGA CONSERTAR ESSE FILME Se o filme Milagre da Cela 7 fosse mexicano, seria fácil. Bastaria classificá-lo como mais um daqueles dramalhões piegas que já fazem parte do anedotário popular. Como se trata de um filme turco – remake de um filme coreano com o mesmo nome – prefiro enquadrá-lo como uma obra de qualidades escassas. Esse cuidado é porque não conheço a cultura daquele país em detalhes e, eventualmente, pode ter me escapado algum elemento estético que justifique tamanha pieguice.         Descer a lenha em um filme desses é complicado. Muitos espectadores compram de imediato o apelo fácil de colocar em cena dois personagens fofos e submetê-los às mais violentas injustiças. Como as lágrimas vêm fartas, classificam o filme como... emocionante. Mas em Milagre da Cela 7 a emoção é circunstancial e rasa. Não emerge das profundezas dos personagens, como resultado das experiências e tr...

Marjorie Prime: um drama intimista falando da vida e da morte

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Marjorie Prime: filme dirigido por Michael Almereyda PROJEÇÕES HOLOGRÁFICAS INTELIGENTES A SERVIÇO DO BOM CINEMA Na juventude, a quantos filmes nossos avós tinham a oportunidade de assistir ao longo de um mês? Um? Dois? A quantas peças de teatro por ano? Uma? Duas? Hoje, um adolescente está exposto a mais de cinco ou seis horas diárias de vídeos, cinema e TV, com acesso rápido e fácil a incontáveis opções, catalogadas e classificadas por gêneros, estilos, atores, diretores... Porém, com a fartura veio também a saturação!         Nunca se produziu tanto cinema como agora. As boas histórias e as novidades com alguma relevância começaram a escassear. As produções em escala industrial miram o público mais lucrativo – adolescentes e jovens em busca de divertimento ligeiro e de imersão na cultura pop. Oferecem cada vez mais do mesmo.         Quem aprecia cinema de qualidade e exige mais do conteúdo que consome, não se contenta com a infantilidade dos su...

Ela: o amor na era digital

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Ela: filme estrelado por Joaquin Phoenix A CARA DA SEGUNDA DÉCADA DO SÉCULO XXI As inquietações e dificuldades dos jovens em relação ao amor e aos relacionamentos, sempre foram vetores da literatura. Talvez seja esse o tema mais recorrente entre todos os romances já escritos e que ainda serão criados. No cinema não é diferente. Alternam-se os panos de fundo, mas em primeiro plano, lá está o amor e seus emaranhados a ocupar o centro da tela. O filme Ela , escrito e dirigido em 2013 por Spike Jonze, também visita o tema e o desenvolve em passagens de sátira, humor e romance, mas o ressalta em tons de melancolia. É que o caso de amor do protagonista é com a inteligência artificial do seu computador!           O longa, portanto, parece conversar com os jovens millennials – a geração que engloba os nascidos entre 1985 e 1999 – conhecidos por enfrentar dificuldades para construir relacionamentos românticos sólidos. Apesar de se passar no futuro não muito distant...

O Destino de Uma Nação: Winston Churchill arca com a maior das responsabilidades

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O Destino de Uma Nação: filme dirigido por Joe Wirght UM GRANDE POLÍTICO, TRAZIDO À VIDA POR UM GRANDE ATOR Não sei como está o cartaz de Winston Churchill nos dias de hoje. E emprego essa expressão antiquada – os cartazes não sobreviveram ao imperativo digital! – para deixar claro minhas suspeitas de que, entre os estudantes brasileiros, o grande primeiro-ministro britânico não passa de um borrão reticulado, impresso num capítulo qualquer da apostila de história. No máximo, um nome de rua! Em popularidade, sua estampa rechonchuda e embaçada pela fumaça do charuto parece perder em impacto para a do guerrilheiro barbudo e de boina.           Muitos jovens ainda não atinaram para o fato de que, sem a intervenção dele, hoje estaríamos todos a falar alemão, com o braço cansado das saudações nazistas. Ainda bem que Joe Wright, cineasta que traz no currículo filmes como Orgulho e Preconceito , Desejo e Reparação , Hanna , e A Mulher na Janela , arregaçou as manga...

7 Dias em Entebbe: a história real de um resgate bem-sucedido

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7 Dias em Entebbe: filme dirigido por José Padilha DECISÕES TOMADAS POR GENTE DE CARNE E OSSO Quando era adolescente, volta e meia via o terrorismo entrar na sala de estar, para atormentar nossa vida em família. Chegava pela porta do noticiário e assustava, com imagens repletas de tensão e sempre carimbadas como reais. Ao contrário das cenas de ficção, meticulosamente recriadas em estúdio, essas eram borradas, em baixa definição e trêmulas de tanto nervosismo. O episódio do sequestro do voo 139 da Air France, que ia de Paris para Tel Aviv, mas acabou desviado para Uganda, foi um desses eventos que marcou aquele ano de 1976. Lembro que pairava ao redor dessa história uma certa atmosfera de modernidade: o mundo se configurava como uma aldeia global, tensa, veloz e em constante transformação, onde as ideias de pequenos grupos políticos eram mais emocionantes do que a rotina dos cidadãos comuns. Todos queriam ser... revolucionários!           Tinha vívidas essa...

Bird Box: entidades sobrenaturais monstruosas criam o apocalipse

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Bird Box: filme dirigido por Susane Bier ABRIRAM A CAIXA DE CLICHÊS! A dinamarquesa Susanne Bier ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro em 2010, com o filme Em um Mundo Melhor . Infelizmente, tal façanha não fez diferença alguma quando ela dirigiu Bird Box , de 2018, estrelado por Sandra Bullock. Nesse thriller pós-apocalíptico, com uma protagonista feminina às voltas com criaturas misteriosas e mortais – que o público coloca, por comparação, na mesma prateleira de Um Lugar Silencioso – há doses generosas de suspense e tensão. Mas se a ideia inicial é boa, o roteiro de Eric Heisserer não conseguiu evitar os clichês do gênero. Faltou originalidade. Antes de começar a descer a lenha, vamos examinar a sinopse:           A protagonista de Bird Box é Malorie (Sandra Bullock), uma mulher grávida, em plena maturidade, que não está preparada para ser mãe. De repente, seus temores em relação à maternidade se apequenam diante de uma estranha catástrofe que se a...

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