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Um Estranho no Ninho: um criminoso afrontando o sistema

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Um Estranho no Ninho: filme dirigido por Milos Forman MAIS DO QUE ENVOLVENTE, HIPNOTIZA! Cinéfilo confesso, adoro escrever sobre filmes. Para alimentar a Crônica de Cinema com textos semanais, revejo aqueles aos quais assisti há tempos, reavivando a memória. Fiz isso recentemente com Um Estranho no Ninho , dirigido em 1975 por Miloš Formam – vibrei quando encontrei o título na grade de programação da TV por assinatura! Entretanto, o que vivi foi uma experiência inusitada: fiquei preso na trama, sem conseguir prestar atenção nas técnicas cinematográficas usadas pelo diretor.           Quando assisto a um filme, sempre deixo que as manipulações e as artimanhas narrativas venham roubar minha atenção. Analiso os movimentos de câmera, a escolha dos planos, a pertinência da trilha sonora, a construção das linhas de diálogo, a mise-en-scène... Dessa vez, porém, fui hipnotizado! Mergulhei tão fundo na história que não me importei com nada. Feito refém, tive que revisitar o filme no

Um ano novo mais descolado

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HÁ MUITAS INCERTEZAS PAIRANDO SOBRE 2020 Começamos a circular pelo bairro disputando espaço com os motoristas apressados, que pareciam ansiosos por chegar logo na... virada de ano. Isso nos custou alguns minutos para acertar o passo e engrenar a velocidade de cruzeiro. Quem começou a conversa foi a Ludy:           – Final de ano parece que fica todo mundo louco!           De imediato entendi a mensagem nas entrelinhas. O que a estava incomodando não era só o trânsito nervoso e engarrafado de gente impaciente. Era também o mau humor de algumas pessoas próximas – e de outras não tão próximas – que no dia anterior chegou contaminando, tentou nos pôr para baixo e amanheceu marcando presença.           É intrigante como, nestas vésperas de feriados prolongados, aumenta a quantidade de pessoas que se irritam com facilidade. Dão sinais de estresse e se mostram intolerantes com qualquer picuinha. Sem se dar conta, seguem na contramão do espírito natalino. É claro que elas devem ter bons motiv

Caminhando com a Ludy

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ESTE BLOG É UMA EXTENSÃO DO MEU CAMINHAR COM A LUDY Oficialmente, Ludy e eu estamos casados há 36 anos, mas comemoramos no último dia 14 de dezembro o nosso 37º aniversário – adicionamos a essa conta os seis meses de namoro e os outros seis meses de noivado. O que acontece entre nós é que há um gostar de estar na companhia um do outro que faz o tempo passar depressa demais. Logo de cara descobrimos que nos amávamos. Na medida em que o cotidiano veio se impondo, esse amor foi tomando forma, aumentando, amadurecendo, ganhando concretude e se tornando vital.           Casal perfeito? Longe disso! Brigamos, nos magoamos mutuamente, fazemos as pazes, nos orgulhamos um do outro, nos irritamos um com o outro e cobramos um ao outro. Somos exigentes, condescendentes, perdoamos, impomos condições, rimos das nossas piadas, cuidamos um do outro e cada um do seu próprio nariz. Mas é da nossa natureza compartilhar tudo nessa vida, o que nos faz companheiros em tempo integral.           Passados 35

Estarei ouvindo coisas?

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Quem gosta de música acaba abrindo os ouvidos para detalhes que não soam claros no dia-a-dia             Talvez tenha passado tempo demais sob o sol escaldante que banha a MPB e agora esteja ouvindo... miragens. O fato é que quando ouço Stella by Starlight, interpretada por Miles Davis em Kind of Blues (Disco 2), tenho a nítida impressão de que o trompete dele toca em português.             Você não concorda comigo? Preste atenção! A acentuação das oxítonas, o fraseado envolvente, a prosódia quase familiar... É como se pudéssemos encaixar uma letra no português coloquial falado em botequins – ao pé do ouvido, depois da segunda dose! Stella by Starlight é um clássico americano, sem qualquer relação com o Brasil. Foi composta em 1944 e a quantidade de astros que a gravaram é incontável. Mas com essa gravação do Miles Davis, feita em 1958, poderia jurar que ela veio para nós, brasileiros, embalada para presente.             Admito que tratar uma canção americana, composta no idioma delic

Kardec - A História Por Trás do Nome

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Kardec - A História Por Trás do Nome: dirigido por Wagner de Assis SOBRA EXPOSIÇÃO E FALTA DRAMATIZAÇÃO Tenho acompanhado de perto o tema “espiritismo”, motivado pelos desdobramentos filosóficos e morais que enseja. Por isso, quando entrei na sala de cinema para assistir ao filme Kardec – A História Por Trás do Nome , minhas expectativas estavam... no além!           Quando vi o trailer fui possuído por uma enorme empolgação. A produção parecia bem cuidada, a música envolvente, a fotografia em tons escuros insinuava mistérios envolventes e o trabalho dos atores passava maturidade e competência. Além disso, os depoimentos de amigos, que não pouparam elogios, colocaram esse filme na lista dos que “preciso ver sem falta”.           Mas o saco de pipoca ainda não tinha esvaziado nem um terço quando a decepção se materializou na minha frente! A produção era ótima, a música envolvente, a fotografia competente e os atores davam conta do recado, mas o roteiro... não engrenou! A narrativa se ar

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