O Fabuloso Destino de Amélie Poulin: é uma comédia divertida, mas o tema é a solidão
O Fabuloso Destino de Amélie Poulin: filme dirigido por Jean-Pierre Jeunet
Direção: Jean-Pierre Jeunet
Roteiro: Guillaume Laurant
Elenco: Audrey Tautou, Mathieu Kassovitz, Rufus, Lorella Cravotta, Serge Merlin e James Debbouze
É FABULOSO DO QUE É CAPAZ UMA GAROTA SOLITÁRIA E INVENTIVA
Navegava pela grade de programação da TV por assinatura, quando me deparei com O Fabuloso Destino de Amélie Poulin, dirigido em 2001 por Jean-Pierre Jeunet. Tinha certeza de que se tratava de uma comédia romântica, daquelas voltadas para o público feminino; porém, não sabia se valia a pena conferir. Curioso, perguntei à minha mulher qual era, afinal, o tema do filme – sabia que ela já havia assistido. Surpresa com o meu interesse, ela logo avisou: – Ah, é muito bom! Tem romance, tem drama... Se quiser ver, assisto de novo com você!
Ludy detesta repetir filmes. Para se dispor a ver novamente, é porque gostou muito. E se ela gostou... Imediatamente aceitei o convite. Não me arrependi! Acompanhei um filme leve, ágil e divertido, que tem, sim, elementos de sobra para agradar ao público feminino; mas tem também cinema de qualidade, capaz de satisfazer os cinéfilos mais exigentes. Nas mãos do diretor Jean-Pierre Jeunet, o roteiro escrito por Guillaume Laurant ganhou uma atmosfera mágica e algo fantasiosa, com pitadas generosas de bom humor. O que primeiro salta aos olhos é a direção de arte; já no início percebemos a sensibilidade artística que o cinema francês tanto valoriza – méritos do diretor e da designer de produção, Aline Bonetto.
A cada sequência nos deparamos com lindos cenários, figurinos impecáveis e objetos de cena bem desenhados; tudo em seu devido lugar, com as cores certas, na textura apropriada e na proporção ideal. É um cuidadoso trabalho, como não encontramos com frequência nem mesmo nas mais caprichadas produções hollywoodianas. A trilha sonora, criada pelo compositor e multi-instrumentista Yann Tiersen, a partir de diversas canções de sua autoria, é tão envolvente que nos transporta instantaneamente para a cidade de Paris.
Ah... Em certos momentos chegamos a duvidar que aquela Paris, captada em cores tão vivas pelas lentes do diretor de fotografia, Bruno Delbonnel, possa de fato existir. Mas existe! Todos nós conhecemos essa cidade vibrante, charmosa e cosmopolita – mesmo quem jamais morou em Paris, ou sequer passeou por lá como turista, a conhece em seus pormenores. Sim, Paris existe no imaginário de todo espectador, de todo cinéfilo! Em O Fabuloso Destino de Amélie Poulin ela se exibe por inteiro, com seu imenso poder de sedução.
Quem lê tais palavras, escritas com inegável empolgação, pode concluir que o filme não passa de um apanhado de belas imagens e canções. Nada disso! A estética do diretor Jean-Pierre Jeunet se desenvolve com fluência pelo campo visual, ancorada numa narrativa sólida e criativa; vale-se de um narrador onisciente para recitar um texto bem escrito, que em vários momentos alcança uma dimensão poética. O mais importante, porém, é que o diretor tem uma boa história para contar. Uma história singela, é verdade, mas cativante! O filme é sobre Amélie (Audrey Tautou), uma jovem encantadora, criativa e... solitária! Para revelar seu fabuloso destino, começa pela infância: a menina é diagnosticada com um suposto problema cardíaco, criada em isolamento e alfabetizada em casa pela mãe – que morre em circunstâncias tragicômicas. Agora, na juventude, trabalha como garçonete no charmoso bairro de Montmartre. Amélie descobre sua vocação para observar as pessoas, compreendê-las em seus pormenores e descobrir como ajudá-las. Encontra aí um sentido na vida e passa a realizar pequenos gestos de altruísmo – executa planos tão mirabolantes quando engraçados.
Amélie quer o que todos perseguem: encontrar um amor, viver momentos de felicidade, sentir-se realizada... Decide buscar isso por meio dos mesmos planos mirabolantes que emprega em favor dos vizinhos e amigos; acredita que seus pequenos gestos de amor ao próximo serão capazes de mudar o mundo – por isso é merecedora de encontrar seu fabuloso destino.
A atriz Audrey Tautou, bela e encantadora, faz muito bem a O Fabuloso Destino de Amélie Poulin; ela compõe uma personagem introspectiva e inteligente, que se regozija em contemplar a arte a vibrar em praticamente tudo ao seu redor. A atriz também confere à personagem um certo ímpeto infantil, o que a torna adorável. Mas o que sua Amélie deixa transparecer com mais nitidez é a solidão.
No final das contas, é disso que trata O Fabuloso Destino de Amélie Poulin: da solidão! Ela brota em todos os personagens, definindo suas vidas e influenciando suas escolhas; alguns a combinam com doses de melancolia, outros com raiva, outros com escapismo. A solidão de Amélie é uma velha conhecida sua, por isso não a importuna tanto; a garota parece ter compreendido que um pouco de solidão faz bem. Ajuda na introspecção, na contemplação, no amadurecimento... Ajuda inclusive a arranjar tempo para assistir a muitos e muitos filmes. Presta atenção aos mínimos detalhes, em especial àqueles que passam despercebidos para a maioria dos espectadores distrídos.
Ainda que fale de solidão, O Fabuloso Destino de Amélie Poulin não é um filme triste. É alegre, divertido e otimista. Um ótimo programa, para ser apreciado por homens, por mulheres e também pelos casais. Ludy e eu experimentamos e curtimos demais!
Ainda que fale de solidão, O Fabuloso Destino de Amélie Poulin não é um filme triste. É alegre, divertido e otimista. Um ótimo programa, para ser apreciado por homens, por mulheres e também pelos casais. Ludy e eu experimentamos e curtimos demais!
Resenha crítica do filme O Fabuloso Destino de Amélie Poulin
Ano de produção: 2001Direção: Jean-Pierre Jeunet
Roteiro: Guillaume Laurant
Elenco: Audrey Tautou, Mathieu Kassovitz, Rufus, Lorella Cravotta, Serge Merlin e James Debbouze
Adoro esse filme!! Amo filmes franceses!
ResponderExcluirRecomendo um filme francês, que também é com a Audrey Tautou, chamado Bem me quer, Mal me quer. Vale a pena
Ah, obrigado pela dica! Esse ainda não vi. Já estou colocando na minha lista! Abraços!
ExcluirLegal, espero que goste.
ExcluirVocê usa o filmow? É uma rede social só de filmes, séries, curtas, é bem legal, acho que você vai gostar.
Esse é meu perfil lá, se você entrar, pode me adicionar ;)
https://filmow.com/usuario/renatinha
Belo texto ! Um dos meus filmes preferidos . Esse filme é demais , é impressionante como tudo combina , a direção de arte , fotografia , roteiro elenco , direção ... É um filme pra quem não tem coração de alcachofra rarrarrarrarra. Foi o primeiro filme que vi de Jean -Pierre Jeunet , quer dizer , eu já tinha visto Allien a ressurreição , mas não chamou tanto a minha atenção ... Delicatessen, La Cité des Enfants Perdus , Micmacs TB são muito interessantes . As crianças de seus filmes são tão adultas e pouco felizes que me identifico ! 😁
ResponderExcluirOlá, Paula Garrido, muito obrigado pelo seu comentário. Também gosto muito desse filme e fiquei animado para conferir outros títulos do diretor. Vou pôr esses que você cita na minha lista. Valeu!
ExcluirAh ! Vc já viu " O Novíssimo Testamento" do diretor Jaco Van Dormael ? (2015) Acho que a Ludy vai gostar também ! Sou péssima pra escrever sobre filme então deixo isso pro especialista
ResponderExcluirAh, Paula, ainda não vi! Vou convidar a Ludy para assistir. Valeu!
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