Fome de Poder: a história real de Ray Kroc e os irmãos McDonald's

Cena do filme Fome de Poder
Fome de Poder: filme dirigido por John Lee Hancock

GRANDES IDEIAS SÓ VIRAM EMPREENDIMENTOS DE SUCESSO QUANDO ENCONTRAM UM FUNDADOR

No Brasil, o filme The Founder ganhou um título lamentável: Fome de Poder, sugerindo que Ray Kroc, o personagem interpretado por Michael Keaton é movido apenas por ganância e ambição descomunais. Basta acompanhar sua trajetória desde os tempos de vendedor para ver que não é nada disso. Empreendedor inventivo e determinado, ele enxergou oportunidades que ninguém viu, correu riscos que ninguém teve coragem de encarar e inspirou outros a segui-lo. Fundou um empreendimento sólido, presente em todos os cantos do planeta.
        Fome de Poder é um filme biográfico. Realizado em 2016 por John Lee Hancock, conta a história de como Ray Kroc tropeçou com a invenção dos irmãos McDonald – uma lanchonete projetada para produzir o máximo em um espaço mínimo – e deu a ela uma alma viva e pulsante. Hábeis no planejamento e gerenciamento de sua linha de montagem de hambúrgueres, mas obtusos no quesito marketing, os irmãos bem que relutaram em entregar a Kroc o comando da sua marca. Terminaram vencidos pela genialidade do sócio visionário.
        Fome de Poder mostra que o pulo do gato dado por Ray Kroc não foi a construção de uma marca atraente e cheia de atributos irresistíveis, nem mesmo a utilização de uma linguagem promocional sintonizada com o seu público. Ele venceu porque descobriu um modelo de negócios original e sustentável, que apesar de atuar no ramo alimentício, obtinha lucros oriundos do ramo imobiliário. Sem a sua ação empreendedora, a lanchonete dos irmãos McDonald seria apenas um modelo de eficiência industrial, passível de ser copiado pelos concorrentes.
        Se em Ford Vs Ferrari o espectador acompanha personagens consagrados do capitalismo, como Henry Ford II, Enzo Ferrari, Lee Iacoca e Carroll Shelby, em Fome de Poder o glamour passa longe. O Ray Kroc vivido com brilhantismo por Michael Keaton é cheio de nuances: carismático e extrovertido, esbarra na falta de traquejo social. Ainda que sua ambição venha denunciada no olhar matreiro, a confiabilidade torna-se marca registrada para todos os que o escolhem como parceiro de negócios.
        O roteiro de Fome de Poder foi escrito por Robert Siegel a partir da autobiografia de Ray Kroc e de biografias não autorizadas. O diretor John Lee Hancock tem no currículo filmes como Estrada Sem Lei e Um Sonho Possível, mas aqui ele filmou de forma convencional, mantendo suas lentes sempre focadas nos personagens e ressaltando seus arcos de transformação. O resultado é um filme ágil e envolvente, que prende a atenção até a última cena. Ao final, ficamos com a certeza de que a fome que consome Ray Kroc não é exatamente de poder, mas de empreendedorismo!

Resenha crítica do filme Fome de Poder

Ano de produção: 2016
Direção: John Lee Hancock
Roteiro: Robert D. Siegel
Elenco: Michael Keaton, Nick Offerman, John Carroll Lynch, Linda Cardellini, Patrick Wilson, B. J. Novak e Laura Dern

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