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Marjorie Prime: um drama intimista falando da vida e da morte

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Marjorie Prime: filme dirigido por Michael Almereyda PROJEÇÕES HOLOGRÁFICAS INTELIGENTES A SERVIÇO DO BOM CINEMA Na juventude, a quantos filmes nossos avós tinham a oportunidade de assistir ao longo de um mês? Um? Dois? A quantas peças de teatro por ano? Uma? Duas? Hoje, um adolescente está exposto a mais de cinco ou seis horas diárias de vídeos, cinema e TV, com acesso rápido e fácil a incontáveis opções, catalogadas e classificadas por gêneros, estilos, atores, diretores... Porém, com a fartura veio também a saturação!         Nunca se produziu tanto cinema como agora. As boas histórias e as novidades com alguma relevância começaram a escassear. As produções em escala industrial miram o público mais lucrativo – adolescentes e jovens em busca de divertimento e de imersão na cultura pop – oferecendo cada vez mais do mesmo.         Quem aprecia cinema de qualidade e exige mais do conteúdo que consome, não se contenta com a infantilidade dos super-heróis, comédias adolescente ou dramas r

Ela: o que é o amor na era digital

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Ela: filme estrelado por Joaquin Phoenix A CARA DA SEGUNDA DÉCADA DO SÉCULO XXI As inquietações e dificuldades dos jovens em relação ao amor e aos relacionamentos sempre foram vetores da literatura. Talvez seja esse o tema mais recorrente entre todos os romances já escritos e que ainda serão criados. Todos eles, é inevitável, acabam refletindo o seu tempo. Assim também é com os filmes. Apesar de se passar no futuro, o filme  Ela , escrito e dirigido por Spike Jonze, reflete a mentalidade da segunda década do século XXI.           Aqui, Joaquim Phoenix vive Theodore, um escritor atormentado – um pleonasmo? – que não resiste à voz rouca e sussurrada da deusa digital Scarlett Johanssonn e se apaixona perdidamente. Ela não passa de um sistema operacional inteligente, que existe num plano intocável da realidade, mas tem personalidade e poder de sedução suficientes para tirar o sujeito do sério. Vulnerável e carente após a separação, o escritor passa a viver todas as fases de um relacionamen

O Destino de Uma Nação: Winston Churchill arca com a maior das responsabilidades

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O Destino de Uma Nação: filme dirigido por Joe Wirght UM GRANDE POLÍTICO, TRAZIDO À VIDA POR UM GRANDE ATOR Não sei como está o cartaz de Winston Churchill nos dias de hoje. E emprego essa expressão antiquada – ainda existem cartazes sobrevivendo ao imperativo digital? – para deixar claro minhas suspeitas de que, entre os estudantes brasileiros, o grande primeiro-ministro britânico não passa de um borrão reticulado, impresso num capítulo qualquer da apostila de história. No máximo, um nome de rua! Em popularidade, sua estampa rechonchuda e embaçada pela fumaça do charuto parece perder terreno para a do guerrilheiro barbudo e de boina. É que muitos jovens ainda não atinaram para o fato de que, sem a intervenção dele, hoje estaríamos todos falando alemão e cansando o braço em saudações nazistas. Ainda bem que Joe Wright, cineasta que traz no currículo filmes como Orgulho e Preconceito , Desejo e Reparação , O Solista e Hanna , arregaçou as mangas para realizar, em 2017, o filme O Destin

7 Dias em Entebbe: a história real de um resgate bem-sucedido

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7 Dias em Entebbe: filme dirigido por José Padilha DECISÕES TOMADAS POR GENTE DE CARNE E OSSO Quando era adolescente, volta e meia via o terrorismo entrar na sala de estar, para atormentar nossa vida em família. Chegava pela porta do noticiário, assustando com imagens repletas de tensão e carimbadas como reais. Ao contrário das cenas de ficção, meticulosamente recriadas em estúdio, essas eram borradas, em baixa definição e trêmulas de tanto nervosismo. O episódio do sequestro do voo 139 da Air France, que ia de Paris para Tel Aviv, mas acabou desviado para Uganda, foi um desses eventos que marcou aquele ano de 1976. Lembro que havia, pairando ao redor dessa história, uma certa atmosfera de modernidade: o mundo se configurava como uma aldeia global, tensa, veloz e em constante transformação, onde as ideias de pequenos grupos políticos eram mais emocionantes do que a rotina dos cidadãos comuns. Todos queriam ser revolucionários!           Tinha vívidas essas memórias da adolescência quan

Bird Box: entidades sobrenaturais monstruosas criam o apocalipse

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Bird Box: filme dirigido por Susane Bier ABRIRAM A CAIXA DE CLICHÊS! A dinamarquesa Susanne Bier ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro em 2010, com o filme Em um Mundo Melhor . Infelizmente, tal façanha não fez diferença alguma quando ela dirigiu Bird Box , de 2018, estrelado por Sandra Bullock. Nesse thriller pós-apocalíptico, com uma protagonista feminina às voltas com criaturas misteriosas e mortais – que o público coloca, por comparação, na mesma prateleira de Um Lugar Silencioso – há doses generosas de suspense e tensão. Mas se a ideia inicial é boa, o roteiro de Eric Heisserer não conseguiu evitar os clichês do gênero. Faltou originalidade. Antes de começar a descer a lenha, vamos examinar a sinopse:           A protagonista de Bird Box é Malorie (Sandra Bullock), uma mulher grávida, em plena maturidade, que não está preparada para ser mãe. De repente, seus temores em relação à maternidade se apequenam diante de uma estranha catástrofe que se abate sobre o mundo, feito apo

O Jogo da Imitação: como Alan Turing ajudou a derrotar os nazistas

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O Jogo da Imitação: dirigido por Morten Tyldum UMA HISTÓRIA BASEADA EM FATOS, CONTADA COM IMAGINAÇÃO Já havia ouvido falar sobre Alan Turing, mas não sabia nada a respeito da sua vida pessoal. Nos bancos do curso técnico em eletrônica, que frequentei na adolescência, aprendi que foi ele um dos gênios que trouxeram a humanidade para a era digital. E das minhas leituras dos clássicos da ficção científica, soube que existe um certo teste de Turing, que consiste em uma série de perguntas feitas a um interlocutor, com o intuito de descobrir se ele é um humano ou... uma máquina!           O sujeito era mesmo um visionário. Acreditava que as máquinas estavam destinadas a se tornar inteligentes. Suas proezas tecnológicas entraram para os livros de história, porém, como personagem, Alan Turing permaneceu um desconhecido do grande público. Até que, em 2014, chegou aos cinemas o filme O Jogo da Imitação , dirigido pelo norueguês Morten Tyldum. Por meio dessa produção independente, vemos que suas

Estrelas Além do Tempo: elas tiveram papel importante nas conquistas da NASA

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Estrelas Além do Tempo: filme dirigido por Theodore Melfi PARA CONQUISTAR O ESPAÇO FOI PRECISO VENCER AS BARREIRAS DA INTOLERÂNCIA Ser um garotinho durante os anos áureos da corrida espacial foi divertido. Meu imaginário estava repleto de heróis autênticos, de carne e osso. Ao invés dos capitães Kirks e dos Senhores Spocks, confinados na telinha em branco e preto na sala de estar, os astronautas da NASA habitavam os jornais, as revistas e os noticiários – que era onde a realidade dava de lavada na ficção científica! Armstrong, Aldrin, Collins... Além de conhecer a vida dos personagens, sabia tudo sobre o enredo: foguete em três estágios, módulo de comando, módulo de pouso, dificuldades do acoplamento, ponto cego durante as órbitas na Lua... Tudo envolto numa atmosfera de vitória e superação. A história da conquista da Lua podia ser vivida em tempo real, como uma epopeia repleta de atos de coragem. Material mais do que suficiente para render muitos e muitos filmes empolgantes.          

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