7 filmes que falam de fé

PARA FALAR DE FÉ, PRECISAMOS FALAR TAMBÉM DE RAZÃO!
No filme Monty Python ao Vivo no Hollywood Bowl, dirigido em 1982 por Terry Hughes, a trupe de humoristas ingleses nos diverte com uma infinidade de esquetes hilários, emblemáticos do seu estilo anárquico e inteligente. Um dos que volta e meia gosto de relembrar é o que narra a partida de futebol filosófico entre Alemanha e Grécia; de um lado, Kant, Hegel, Heidegger, Nietzsche... De outro, Platão, Aristóteles, Sócrates, Arquimedes... O juiz é Confúcio e os bandeirinhas, Santo Agostinho e São Tomás de Aquino. Partindo de uma grande jogada de Arquimedes, Sócrates faz um belo gol de cabeça – só podia ser de cabeça! – e marca o único da partida. Vitória dos gregos! Ah, deixe-me rir mais um pouco, antes de continuar esta crônica!Pronto! Agora já posso justificar essa introdução disparatada para abordar um tema tão sério e importante como a fé! É que na história do pensamento ocidental, um embate filosófico semelhante é travado há séculos por duas correntes rivais: uma defende a fé, a outra joga pela razão. O time dos modernistas, formado por ateus declarados, como Kant, Marx, Freud, Darwin e tantos outros, dá de ombros para a fé; ela não passaria de um devaneio, de um recurso usado pelo homem para projetar em um Deus os seus desejos íntimos e seus problemas mundanos; ópio do povo, traficado pela elite dominante para amansar a massa e mantê-la sob controle; uma resposta psicológica ao medo da morte e à constatação da solidão existencial. Segundo esses, a razão é a única ferramenta capaz de nos revelar a verdade, expressa objetivamente apenas pela materialidade – e ainda assim intermediada e distorcida pelos nossos sentidos.
O time adversário acredita que a verdade pode ser alcançada também pela fé. Santo Agostinho, São Tomás de Aquino e os demais escolásticos e neoescolásticos, baseados no pensamento de Aristóteles e Platão, argumentam em favor da união entre fé e razão. Sustentam que há duas ordens de conhecimento complementares: a revelada pela filosofia e pela ciência, que lidam com a realidade, e a revelada pela fé, que lida com a metafísica e as questões morais; ambas elevam o espírito humano e permitem que alcancemos a verdade – a finalidade e o sentido da vida, a natureza do bem e do mal, os fundamentos do dever, a existência de Deus, a imortalidade da alma, o imperativo da justiça divina... Apenas o intelecto, ancorado na lógica, na percepção dos sentidos e na prática empírica, não dá conta de tudo! É preciso contar com a fé.
A fé cristã se fundamenta na certeza de que a realidade, por ser tão ordenada como é, só pode ter sido organizada por uma entidade inteligente; por um Deus criador e todo-poderoso, cuja criação aponta na direção da verdade. É nesse ponto que o cristianismo, como corrente filosófica, mantém uma conexão direta com a filosofia grega; os pensadores cristãos se apropriaram do conceito de Logos – Ou Verbo, como o termo é usualmente traduzido na Bíblia e aparece já no início do evangelho de João. Os gregos tinham o Logos como a entidade inteligente que fundamenta a razão e dá sentido ao existir; é o princípio racional que governa o universo e faz a mediação entre o mundo inteligível e o mundo sensível.
Outro elemento fundamental do pensamento cristão está na constatação da existência do mal. Que motivos haveria para que um Deus benevolente o criasse? Os cristãos argumentam que o mal foi uma consequência, decorrente de quando Deus dotou suas criaturas com o livre-arbítrio. Se não pudessem escolher entre o bem e o mal, os homens não passariam de pobres marionetes, seres sem liberdade, sem domínio da própria vida; agarrados ao instinto de sobrevivência, feito animais espalhados pelas pastagens. Para os católicos, afastar-se do mal e perseguir o bem são tarefas que damos conta com o uso de ambas as ferramentas: razão e fé. A revolução protestante veio para separar definitivamente os dois conceitos, ao impor que somente a fé pode nos apontar o caminho do bem e nos levar à salvação. Os pensadores modernistas tiraram proveito dessa cisão e aprofundaram o fosso que separa razão e fé. Ainda hoje, nos campeonatos da pós-modernidade, essa disputa divide torcidas e move paixões.
Como cristão católico, não tenho preferência por nenhuma das camisas: visto as duas! E vibro com os gols que ampliam o placar para os dois lados. Reverencio a razão, mas recorro à fé para me guiar na busca pela retidão. Aliás, há momentos em que somente a fé é capaz de aplacar minhas angústias – inclusive aquelas causadas pelas injustiças e pelas comoções políticas que hoje varrem o Brasil. Oro para que Deus ilumine os justos e sensatos desse nosso país, tomado de assalto pelos ditadores togados e pelos coletivistas estatizantes ávidos por controle, censura e acúmulo de privilégios distribuídos com o dinheiro dos pagadores de impostos.
Como cronista apaixonado por cinema, já escrevi sobre alguns filmes que tratam da fé. Preparei uma lista para provocar os cinéfilos interessados em se aprofundar nos temas ligados à religiosidade e à espiritualidade. Fica aqui o meu convite para você ler e depois comentar:

Um filme respeitoso, honesto e intenso, que oferece uma experiência religiosa e nos lembra do verdadeiro significado da Paixão de Cristo.
Clique para ler a crônica

Um protagonista honesto e desbocado vive uma história real de superação, amadurecimento e religiosidade
Clique para ler a crônica

Terror psicológico inteligente revela a verdadeira face do mal: aquela que está mergulhando a humanidade na escuridão.
Clique para ler a crônica

Gostei de espiar a intimidade destas duas celebridades midiáticas e perceber que são, afinal, gente de carne e osso.
Clique para ler a crônica

Este suspense papal, voltado para os não católicos, traz personagens caricatos e uma narrativa manipuladora.
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Conhecia intimamente o personagem, mas esta série foi mais longe: trouxe-me de volta ao seu convívio!
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A Paixão de Cristo

Um filme respeitoso, honesto e intenso, que oferece uma experiência religiosa e nos lembra do verdadeiro significado da Paixão de Cristo.
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Cabrini
Uma cinebiografia emocionante, que esbanja consistência cinematográfica. E traz uma protagonista que se revela principalmente com o olhar.
Clique para ler a crônicaLuta Pela Fé - A História do Padre Stu

Um protagonista honesto e desbocado vive uma história real de superação, amadurecimento e religiosidade
Clique para ler a crônica
Nafarious

Terror psicológico inteligente revela a verdadeira face do mal: aquela que está mergulhando a humanidade na escuridão.
Clique para ler a crônica
Dois Papas

Gostei de espiar a intimidade destas duas celebridades midiáticas e perceber que são, afinal, gente de carne e osso.
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Conclave

Este suspense papal, voltado para os não católicos, traz personagens caricatos e uma narrativa manipuladora.
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The Chosen / Os Escolhidos

Conhecia intimamente o personagem, mas esta série foi mais longe: trouxe-me de volta ao seu convívio!
Clique para ler a crônica
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