Postagens

Um Sonho Possível: enaltecendo os méritos individuais

Imagem
Um Sonho Possível: filme dirigido por John Lee Hancock UMA HISTÓRIA EDIFICANTE  A mensagem principal do filme Um Sonho Possível ,  escrito e dirigido por John Lee Hancock em 2009, é sobre como os méritos e valores individuais podem vencer o determinismo pessimista que contamina a nossa sociedade. E essa é uma mensagem poderosa, que conquista o espectador logo de cara. Já nas primeiras cenas ele estabelece empatia com os personagens e, a partir daí, não quer se distrair com malabarismos narrativos ou exageros estilísticos.  Quer apenas que o filme vá direto ao ponto.           Foi o que fizeram os realizadores, adotando a mais tradicional linguagem dos dramas hollywoodianos. Acertaram em cheio! Um Sonho Possível nos conta uma história edificante, que aconteceu de fato com personagens verdadeiros, endinheirados e famosos. Tem claras pretensões comerciais, mas tem também um enredo envolvente, com pitadas equilibradas de drama e humor e está repleto de cenas emocionantes.        

Corações de Ferro: a fúria da guerra sem sentido

Imagem
Corações de Ferro: filme dirigido por David Ayer DENTRO DE UM TANQUE DE GUERRA É TÃO APERTADO QUE SÓ HÁ ESPAÇO PARA A FÚRIA Nos últimos dias da Segunda Guerra, cinco homens exauridos, confinados em um tanque Sherman, participam da invasão da Europa. A blindagem que os protege é a mesma que os torna expostos e vulneráveis. Seguem mesmo assim, munidos com a coragem de quem já não tem nada a perder, para se meter em algumas das batalhas mais ferozes já filmadas. Filme de 2014, dirigido por David Ayer, Corações de Ferro é um drama de guerra realista, com ótimos personagens.          Depois de assistir a esse filme, fiquei curioso para saber q uem inventou o tanque de guerra. Quem teve a cruel ideia de enlatar guerreiros junto com suas bombas? Seja quem for, talvez só quisesse proteger seus soldados. Torná-los mais eficientes. Mais letais. Bobagem! Em Corações de Ferro o diretor David Ayer, fluente na linguagem dos filmes de ação, mostra que não é nada disso! Um tanque é tão mortal para q

Rosa e Momo: um drama sobre amadurecimento com emoções verdadeiras

Imagem
Rosa e Momo: Edoardo Ponti CINEMA ITALIANO INTENSO, MADURO E CONDUZIDO COM OBJETIVIDADE Vez ou outra, enquanto estou concentrado escrevendo sobre filmes para alimentar a Crônica de Cinema, Ludy se dedica a uma atividade que me faz contorcer de inveja: ela assiste aos filmes! Aqui em casa, foi minha mulher quem primeiro degustou Rosa e Momo , produção de 2020 lançada pela Netflix. Depois, durante nossa caminhada, ela fez um saboroso relato, que me despertou a fome de cinema.           – Ela está ótima! Tem quase noventa anos e olha... Dá conta do recado – empolgou-se Ludy, descrevendo como a presença magnética da lendária Sophia Loren enriqueceu o filme.           – Como é mesmo o título?           – É Rosá e Momô – respondeu Ludy. Caprichou na acentuação para me ensinar a pronúncia correta dos nomes dos personagens.           Antes de assistir ao filme, fui fazer a lição de casa. Uma rápida pesquisa na internet revelou se tratar de uma produção dirigida pelo italiano Edoard

O Fabuloso Destino de Amélie Poulin: é uma comédia divertida, mas o tema é a solidão

Imagem
O Fabuloso Destino de Amélie Poulin: filme dirigido por  Jean-Pierre Jeunet É FABULOSO O QUE UMA GAROTA SOLITÁRIA E INVENTIVA É CAPAZ DE VIVER EM PARIS Perguntei à minha mulher qual era, afinal, o tema do filme  O Fabuloso Destino de Amélie Poulin . Surpresa com o meu interesse, ela foi logo avisando:           – É comédia, mas tem romance, um pouco de drama... Assisto de novo com você!           Ludy detesta repetir filmes. Para se dispor a ver novamente, é porque gostou muito. E se ela gostou... Tratei de conferir.   Esse filme francês é de 2001, mas de tão conservado, poderia ser deste ano. Nas mãos do diretor Jean-Pierre Jeunet, o roteiro de Guillaume Laurant ganhou uma atmosfera mágica e algo fantasiosa, com pitadas generosas de bom humor. É leve, envolvente, ágil e divertido, mas o que primeiro salta aos olhos é a direção de arte. Já no início percebemos nele a sensibilidade artística que o cinema francês tanto valoriza. Mérito do diretor e da designer de produção Aline Bonetto.

Crash: No Limite: histórias cruzadas, temas espinhosos

Imagem
Crash: No Limite: filme dirigido por Paul Haggis HISTÓRIAS CRUZADAS, DE PERSONAGENS QUE IRRADIAM EMOÇÕES INTENSAS Preconceito racial, xenofobia, tensão social, sexismo, machismo... Os temas mais espinhosos borbulham num caldeirão chamado Los Angeles, onde os aglomerados de gentes diversas se afastam e se isolam. Em Crash: No Limite , filme de 2005 escrito e dirigido por Paul Haggis, os personagens estão preocupados com seus dramas pessoais e não percebem que suas vidas se cruzam, num emaranhado de coincidências. Um grande filme, que até hoje suscita discussões.          O filme nos lembra que  na vida real as histórias se cruzam, embaralhando causas e efeitos numa teia incompreensível para quem segue eternamente concentrado nos próprios problemas. Paul Haggis colheu um punhado de histórias distintas e as costurou num roteiro primoroso, onde desenhou um retrato nítido de algumas das muitas tensões que pairam sobre os habitantes de Los Angeles.           – Ah, mas é forçar demais a barra

O Caso de Richard Jewell: uma história real de injustiça

Imagem
O Caso de Richard Jewell: filme dirigido por Clint Eastwood QUEM É ESSE SUJEITO? O VILÃO RETRATADO PELA MÍDIA, OU O HERÓI ADORADO PELA MÃE? Diretor: Clint Eastwood. Assim que li essas três palavras, apertei o play. Não deixaria passar a oportunidade de assistir ao filme O Caso de Richard Jewell , de 2019, que acabara de entrar num dos serviços de streaming que costumo acessar. Já tinha lido comentários em alguns sites de cinema, que vieram com ressalvas ao filme, acusando-o de ser raso e recheado de clichês. Precisava ver isso com meus próprios olhos e agora posso afirmar: não é nada disso!         Antes de assumir a defesa do filme, deixe-me situar o leitor: Richard Jewell foi o agente de segurança que encontrou uma bomba no Centennial Park de Atlanta, sede dos jogos olímpicos de 1996. Ela explodiu e matou duas pessoas, ferindo outras 100. Graças à ação de Jewell, um incontável número de vítimas foi salvo e o sujeito virou herói nacional. Porém, uma reviravolta o converteu em vilão. I

O Escafandro e a Borboleta: uma história real de superação

Imagem
O Escafandro e a Borboleta: filme dirigido por Julian Schnabel SÓ O CINEMA, COM SEU PODER DE COMUNICAÇÃO, PARA FALAR DA... FALTA DE COMUNICAÇAO! Num momento, Jean-Dominique Bauby estava no topo da carreira, vivendo intensamente o glamouroso mundo da moda. No outro, viu-se confinado consigo mesmo num corpo fulminado pelo AVC. Para contar essa história verídica, o diretor Julian Schnabel encontrou uma estética criativa e poética, seguindo um roteiro primoroso de Sir Ronald Harwood. O Escafandro e a Borboleta , de 2007, é um drama de superação, onde o ator Mathieu Amalric faz mágica.          A história se passa e m 1995. Um acidente vascular cerebral vitimou Jean-Dominique Bauby (Mathieu Amalric) e o fez experimentar a rara síndrome do encarceramento. Consciente, confrontado primeiro com seus medos e raivas e depois com suas culpas e arrependimentos, descobriu que jamais poderia se comunicar novamente com o mundo. Justo ele que era editor chefe da revista Elle, que experimentara a fama e

Siga a Crônica de Cinema