Direto ao Conto - 1
SEMPRE VIGILANTE Noronha se lembrou de quando acordou da cirurgia, à qual se submetera dois anos antes, para extração da vesícula biliar – naquele instante, teve a sensação de ter sido atropelado por uma carreta desgovernada. A dor não latejava em pontos específicos. Era um alarme gritando por toda a parte. O corpo, desobediente a comandos, ameaçava levar anos para se recuperar. – Nunca levei um tiro, mas... já entrei na faca. Sei bem o que você tá sentindo – disse, tentando mostrar empatia com o pobre vigilante, esparramado naquele leito de enfermaria lotada. – Dói, Seu Noronha. Dói bastante... Ainda bem que eles me costuraram. Disseram que eu vou ficar de molho por três ou quatro semanas. Pelo menos a comida daqui é boa... E tem umas enfermeiras gostosas pra cara... O vigilante tirou o sorriso do rosto quando percebeu que o filho de Noronha o encarava com os olhos arregalados. O garotinho, sentado ao lado do pai, estava assustado. Por qual motivo o chef