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O Brutalista: será essa uma história real?

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O Brutalista: direção de Brady Corbet UM ARQUITETO QUE SE FAZ DE VÍTIMA E UM MECENAS ESTEREOTIPADO Não gostei de O Brutalista , filme de 2024 dirigido por Brady Corbet. É frio, distante, infectado de ideologia woke e aborrecido; tem três horas e meia de duração e não consegue nem mesmo arranhar a superfície do tema que propõe investigar. Seu protagonista, se tem algum conteúdo artístico e intelectual, não mostrou a que veio; aliás, veio para se lamentar, fazer-se de vítima, meter-se em excessos hedonistas e devolver ao mundo a raiva que cultivou em sua alma confusa. Os demais personagens que o orbitam não passam de bonecos inanimados, sem vontade própria; obedientes apenas aos devaneios do diretor e da roteirista, Mona Fastvold (mulher de Corbet), que fazem questão de projetar em cada um deles as próprias crenças progressistas. Ainda assim, o filme se deu bem no Óscar: levou as estatuetas de melhor ator, para Adrien Brody, melhor trilha sonora e melhor fotografia.      ...

7 filmes que falam de fé

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PARA FALAR DE FÉ, PRECISAMOS FALAR TAMBÉM DE RAZÃO! No filme Monty Python ao Vivo no Hollywood Bowl , dirigido em 1982 por Terry Hughes, a trupe de humoristas ingleses nos diverte com uma infinidade de esquetes hilários, emblemáticos do seu estilo anárquico e inteligente. Um dos que volta e meia gosto de relembrar é o que narra a partida de futebol filosófico entre Alemanha e Grécia; de um lado, Kant, Hegel, Heidegger, Nietzsche... De outro, Platão, Aristóteles, Sócrates, Arquimedes... O juiz é Confúcio e os bandeirinhas, Santo Agostinho e São Tomás de Aquino. Partindo de uma grande jogada de Arquimedes, Sócrates faz um belo gol de cabeça – só podia ser de cabeça! – e marca o único da partida. Vitória dos gregos! Ah, deixe-me rir mais um pouco, antes de continuar esta crônica!           Pronto! Agora já posso justificar essa introdução disparatada para abordar um tema tão sério e importante como a fé! É que na história do pensamento ocidental, um embate fil...

Roubando Vidas: um thriller de suspense... interessante

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Roubando Vidas: direção de D. J. Caruso QUASE MEMORÁVEL Thrillers de suspense sobre policiais empenhados em capturar um assassino em série têm potencial para atrair multidões de espectadores, todos ávidos por experimentar momentos de tensão, acompanhar conflitos psicológicos em profundidade e respirar uma atmosfera de mistério. O gênero costuma nos apresentar a personagens densos e complexos, envolvidos em tramas intrincadas, que demandam astúcia, inteligência e sangue frio para serem desvendadas. Se7en: Os Sete Crimes Capitais e O Silêncio dos Inocentes são dois dos exemplares mais lembrados pelos cinéfilos que apreciam esse tipo de história policial. Infelizmente, Roubando Vidas , filme de 2004 dirigido por D. J. Caruso, não está à altura de figurar entre tais títulos; ainda assim, é um filme que merece ser visitado. Tem boas atuações, um ritmo bem conduzido e surpreende com reviravoltas inesperadas. Não decepciona, mas... poderia ser melhor!           ...

Falcão Negro em Perigo: um docudrama com enorme poder bélico

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Falcão Negro em Perigo: direção de Ridley Scott UM FILME DE GUERRA INOVADOR Falcão Negro em Perigo , filme de 2001 dirigido por Ridley Scott, tornou-se uma realização desafiadora e complexa. Nasceu na cabeça do experiente e renomado produtor Jerry Bruckheimer, que decidiu adaptar o best seller escrito em 1999 pelo jornalista americano Mark Bowden, intitulado Falcão Negro em Perigo: Uma História de Guerra Moderna . Depois que o diretor Simon West abandonou o projeto, Bruckheimer jogou a batata quente nas mãos do seu velho amigo, Ridley Scott, o que foi uma sábia decisão. Antes de examinar o cinema resultante, porém, será preciso falar da história; esse é o tipo de filme que está fortemente agarrado à realidade e que exige um esforço narrativo compenetrado e quase documental.           Falcão Negro em Perigo é sobre uma ação militar empreendida pelos norte-americanos, que fracassou de forma estrondosa. O objetivo do filme, portanto, não é enaltecer os atos d...

O Refém - Atentado em Madri

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O Refém - Atentado em Madri: direção de Daniel Calparsoro UM HOMEM COMUM GOLPEDO PELO DESTINO Com tantas opções nos serviços de streaming, como escolher o filme certo? Enquanto dedilho o controle remoto com gestos apressados, sigo um método criterioso, que desenvolvi ao longo de décadas no exercício da cinefilia: tomo decisões emocionais! É claro que ao me deixar guiar pelo estado de espírito, corro o risco de tropeçar nos preconceitos e ignorar títulos proveitosos; quantos ótimos filmes fui conferir com anos de atraso, só porque impliquei com algum detalhe da sinopse ou da ficha técnica? Muitos! Mas é do jogo. O Refém - Atentado em Madri , filme de 2023 dirigido por Daniel Calparsoro, é um desses casos: quando percebi que esse thriller policial foi produzido na Espanha, torci o nariz, afinal, o gênero é dominado pelos anglo-saxões, que moldaram seus elementos e seus clichês; os espanhóis, por outro lado, têm maior tendência ao melodrama e costumam derrapar nas cenas de ação.  ...

Cassino: uma incrível história real

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Cassino: direção de Martin Scorsese UM ÉPICO SOBRE O SUBMUNDO DO CRIME Eis que flagramos Martin Scorsese e Nicholas Pileggi, novamente, a ponto de ultrapassar a fronteira da apologia ao crime. O filme Cassino , dirigido em 1995 pelo primeiro, numa adaptação do romance escrito pelo segundo, é uma retomada da fórmula bem-sucedida que a dupla desenvolveu em seu filme anterior, Os Bons Companheiros . Mais uma vez somos apresentados a personagens sem caráter, ávidos por dinheiro e poder, embriagados de hedonismo e guiados pela violência; são mafiosos que não merecem menos do que a cadeia, mas aqui desfilam de protagonistas, para satisfazer a nossa mórbida curiosidade sobre o que nos esperaria se tivéssemos optado por ingressar no mundo do crime. Será mesmo que não há compensações? Há algo que valha a pena?           O tema, recorrente na filmografia de Scorsese, vem tratado com a costumeira competência. O cineasta disseca seus personagens, enquanto os expõe às c...

O Conde de Monte Cristo: mais uma versão

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O Conde de Monte Cristo: direção de Matthieu Delaporte e Alexandre de La Patellière UM UNIVERSO DRAMÁTICO... REPAGINADO! O clássico da literatura O Conde de Monte Cristo é um dos romances mais populares do escritor francês Alexandre Dumas; foi publicado pela primeira vez como folhetim em 1844. Já inspirou diversas adaptações para o teatro e para o cinema – desde que o cinema foi inventado, a cada década uma nova versão é lançada, para deleite dos cinéfilos mais exigentes. Não é para menos: a trama minuciosa e envolvente traz elementos de ação, suspense, drama, romance e aventura; além disso, a história poderosa tem um protagonista multifacetado e nos apresenta a uma variedade de personagens odiosos, além de outros que conquistam a nossa simpatia.           Todos nós já conhecemos a sinopse de O Conde de Monte Cristo , já que o livro está na grade curricular do ensino médio – ao menos estava quando frequentei os bancos escolares, mas como isso já tem pratic...

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