O Curioso Caso de Benjamin Button: Brad Pitt em todas as idades

Cena do filme O Curioso Caso de Benjamin ButtonO Curioso Caso de Benjamin Button: filme dirigido por David Fincher

MÁGICA DIGITAL PARA TRANSFORMAR UM CONTO EM CINEMA

Escrito na década de 1920 por F. Scott Fitzgerald, um dos mais renomados escritores americanos, o conto O Curioso Caso de Benjamin Button virou filme nas mãos do diretor David Fincher em 2008. O projeto circulava há décadas pelos estúdios de Hollywood, tendo passado pelas mãos de diretores como Steven Spielberg e Spike Jonze. Pelas lentes de Fincher – que traz no currículo filmes como Se7en – Os Sete Crimes Capitais, Clube da Luta e o recente Mank – a história ganhou um tratamento visual refinado, subordinando a computação gráfica ao contexto dramático, sem usar a tecnologia como mera pirotecnia.
        Ainda assim, foram as mágicas digitais que tornaram possível contar a fascinante história do sujeito que nasce velho e rejuvenesce a cada dia, na contramão de todos nós. Benjamin Button nasceu octogenário, numa Nova Orleans à época da Primeira Guerra Mundial. Vai parar num asilo, criado com outros velhos e na medida em que consegue andar, primeiro de muletas e depois de bengala, vai amadurecendo a mente. O corpo, porém, se fortalece e fica cada vez mais jovem. Benjamin vive uma vida comum: estuda, arranja trabalho, namora, se apaixona, perde entes próximos e queridos, enfrenta suas crises de meia idade e envelhece mentalmente. O corpo, porém, se infantiliza a cada dia.
        A adaptação para o cinema era um projeto há muito em andamento em Hollywood. A roteirista Robin Swicord trabalhou por dez anos escrevendo um tratamento, sob encomenda dos produtores. Quando David Fincher entrou no projeto, contratou Eric Roth para reescrevê-lo. O roteirista expandiu a ideia do conto original e criou inúmeras oportunidades dramáticas para que Brad Pitt e Cate Blanchett fizessem um bom trabalho. Roht encontrou na personagem Daisy Fuller o fio condutor para sua narrativa e seguiu o mesmo caminho que usou com sucesso, quando escreveu o roteiro de Forrest Gump – é fácil perceber que ambos os filmes guardam semelhanças no andamento e no fluxo narrativo.
        O filme é produto industrial da mais alta qualidade. Da escalação do roteirista à escolha do elenco e da equipe de efeitos digitais, tudo funcionou como um relógio – no caso, com o perdão do trocadilho, um relógio ao contrário! Embora O Curioso Caso de Benjamin Button não seja propriamente cinema autoral, vemos que David Fincher conseguiu imprimir sua marca, ainda que o filme não tenha ficado tão incômodo e visceral a exemplo de suas obras mais icônicas.
        Mas como o leitor já percebeu, aqui na Crônica de Cinema gosto de especular. Então, gostaria de lançar uma provocação: imagine a história fascinante de Benjamin Button, nas mãos de um diretor com fôlego e disposição para mergulhar ainda mais fundo no universo psicológico dos seus personagens, como um Bergman ou um Herzog... Bem, seria com certeza um filme bem diferente!

Resenha crítica do filme O Curioso Caso de Benjamin Button

Data de produção: 2008
Direção: David Fincher
Roteiro: Eric Roth
Elenco: Brad Pitt e Cate Blanchett, Taraji P. Henson, Julia Ormond, Jason Flemyng, Jared Harris e Tilda Swinton

Leia também as crônicas sobre outros filmes dirigidos por David Fincher

Comentários

Confira também:

Tempestade Infinita: drama real de resiliência e superação

Menina de Ouro: a história de Maggie Fitzgerald é real?

Siga a Crônica de Cinema