Operação Overlord: imaginação passando por cima dos fatos

Cena do filme Operação Overlord
Operação Overlord: direção de Julius Avery

ENTRETENIMENTO DESPREOCUPADO COM A PRECISÃO HISTÓRICA

Muito bem, estamos falando de um filme sobre zumbis nazistas, repleto de sangue e violência, com cenas escabrosas de horror. Mas essa é apenas uma forma de definir Operação Overlord, filme de 2018 dirigido por Julius Avery. Aqueles que não apreciam o gênero, ou são sensíveis ao tema, vão riscá-lo de imediato da sua lista de filmes para conferir. Mas deixe-me colocar as coisas de outra forma, para animar quem está à procura de bons momentos de entretenimento: o filme nos traz uma ótima história, muito bem contada!
        Basta lembrar que Operação Overlord é produzido por J.J. Abrams, um dos grandes nomes do cinema comercial. Depois de surgir com a ideia inicial, ele colocou a escrita do roteiro nas mãos do experiente Billy Ray – que já escreveu O Caso de Richard Jewell, Capitão Phillip e A Guerra de Hart. Para completar, o roteiro ainda foi burilado por Mark L. Smith – que já escreveu O Regresso e o recente Céu da Meia-Noite. Resultado: temos uma história sólida, com personagens bem delineados, diálogos afiados e sequências muito bem boladas. Vamos a uma rápida sinopse:
        Nas vésperas do Dia D, um esquadrão de paraquedistas desembarca no interior da França com a missão de destruir uma estação de rádio alemã instalada na igreja de um vilarejo. Apenas quatro dos combatentes sobrevivem ao dramático salto: o cabo Ford (Wyatt Russell), agora no comando, junto com o cabo Boyce (Jovan Adepo), o cabo Tibbet (John Magaro) e o soldado Chase (Iain De Caestecker). No caminho conhecem a jovem Chloe (Mathilde Ollivier), que passa a ajudar o grupo e os abriga em sua casa, enquanto se prepararam para cumprir a missão. Acontece que a bela garota está sendo assediada pelo capitão Hauptsturmführer Wafner (Pilou Asbæk), um SS inescrupuloso, que flagra os americanos. Então eles descobrem que o nazista comanda uma operação secreta, que lida com experimentos macabros. A tal igreja do vilarejo não abriga apenas uma estação de rádio, mas esconde um verdadeiro complexo científico, que está transformando os habitantes locais em zumbis, enquanto os nazis buscam desvendar os segredos da imortalidade. Acabar com os planos hediondos exigirá estômago, muita coragem e uma grande dose de audácia heroica.
        A direção de Operação Overlord ficou por conta do competente australiano Julius Avery. Este é seu segundo filme, mas o sujeito dirige como um veterano experiente. É seguro, meticuloso e criativo. Sabe dar o tom certo e empregar doses precisas de ação e emoção em todas as cenas, imprimindo o ritmo e a atmosfera que costumamos encontrar nos videogames. O filme não conta com estrelas do primeiro time, mas o elenco está ótimo e entrega atuações convincentes.
        É interessante lembrar que durante a Segunda Guerra Mundial houve, de fato, uma operação intitulada Overlord. Este foi o codinome da Batalha da Normandia, que deu início à invasão da Europa Ocidental por parte das tropas aliadas, lideradas pelos americanos. Tudo começou em 6 de junho de 1944, quando 5 mil embarcações anfíbias despejaram cerca de 160 mil homens nas praias francesas, sob intenso fogo dos nazistas. Trata-se da batalha que Steven Spielberg recriou com incrível realismo nos primeiros minutos do seu filme O Resgate do Soldado Ryan. É claro que aqui, pelas lentes do diretor australiano, tais acontecimentos foram encenados de modo mais... fantasioso. Não há compromisso com os fatos, muito menos com a ciência. Somente com o entretenimento.
        Resumindo: Operação Overlord é sangrento e perturbador, mas é muitíssimo bem realizado. Segue uma receita que parece elaborada a partir dos clichês que encontramos em outros filmes de guerra e ação, mas a mistura é preparada com capricho e leva ótimos temperos. A sequência de abertura, com os soldados se preparando para o salto, é angustiante e muito bem construída, apresentando os personagens com densidade e avisando que o resto do filme seguirá na mesma linha. O cinéfilo pode esperar muita ação, suspense, tensão e... diversão! – para os que gostam de um bom filme sobre zumbis nazistas, é claro!

Resenha crítica do filme Operação Overlord

Ano de produção: 2018
Direção: Julius Avery
Roteiro: Billy Ray e Mark L. Smith
Elenco: Jovan Adepo, Wyatt Russell, Pilou Asbaek, Mathilde Ollivier, John Magaro e Iain De Caestecker

Comentários

Confira também:

Tempestade Infinita: drama real de resiliência e superação

Menina de Ouro: a história de Maggie Fitzgerald é real?

Siga a Crônica de Cinema