Cinco filmes de Roman Polanski


PROFUNDIDADE PSICOLÓGICA E AMBIENTAÇÃO IMPECÁVEL

Se você, caro leitor, estiver interessado em conhecer detalhes sobre a vida, a carreira e a obra de Roman Polanski, sugiro que apele para o Google. Basta digitar o nome do diretor no buscador, para abrir as comportas e ser inundado por um oceano de informações. A depender do seu fôlego, poderá alcançar profundidades reveladoras. Aqui na Crônica de Cinema, no entanto, tudo o que você encontrará será o depoimento deste cronista autoproclamado cinéfilo, mais interessado em compreender o papel que os filmes tiveram, têm e seguirão tendo na construção da meu ser.
        E como os filmes de Roman Polanski foram marcantes para mim! O primeiro ao qual assisti foi O Bebê de Rosemary, no cineclube da Escola Técnica. Fiquei arrepiado por noites seguidas! Depois veio A Dança dos Vampiros, Chinatown, Tess, Piratas, Busca Frenética, O Pianista... Bem, Polanski já assinou dezenas de filmes, dos quais conheço talvez uma dúzia – sou do tempo em que ter acesso aos filmes era questão de sorte e também de poder aquisitivo. Hoje, se quisesse me tornar um especialista em Polanski, estou certo de que não encontraria dificuldades em acessar sua obra completa.
        Não, não quero me tornar um especialista! Mas tenho que admitir: estou impregnado pelo seu estilo de fazer cinema. Seu legado me vem à mente, como um termo de comparação, sempre que assisto a qualquer filme. Quando alguma cena não me agrada, imagino como ela ficaria se tivesse sido filmada por Roman Polanski. Quando um personagem não consegue se revelar, penso nos truques de dramatização que o diretor usaria. Quando a história se perde em labirintos narrativos, penso na sua habilidade em aparar arestas. Ele é um artesão minucioso e um dos melhores contadores de histórias da sétima arte.
        Como cineasta, a sua principal característica é saber explorar em profundidade a psicologia dos seus personagens. Nos seus filmes, a tela vira uma janela aberta para suas mentes. Passamos a conhecê-los com assustadora intimidade – e pasmos, chegamos até mesmo a nos reconhecer! Em alguns dos seus filmes mais claustrofóbicos, essa empatia beira o assustador. Polanski escolhe protagonistas complexos, às voltas com dilemas éticos e morais, que tomam decisões ao mesmo tempo em que lutam contra seus demônios internos. E repare, até mesmo personagens secundários recebem tratamento caprichado, para além dos estereótipos, evocando símbolos e significados sempre que necessário.
        Outra característica que observo no diretor é seu esmero com a ambientação. Quando assisto a algum dos seus filmes e arregalo os olhos diante de uma cena magistralmente fotografada, meu primeiro impulso é aplaudir o diretor de fotografia. Depois, lembro-me que há personagens verossímeis transitando pelos cenários detalhados, manipulando objetos de cena marcantes, vestindo trajes apropriados... Ambiente e dramatização são partes indissociáveis no cinema de Polanski. Funcionam juntas.
        Além do aspecto visual, essa questão da ambientação tem uma faceta sonora – afinal, a sétima arte é uma construção audiovisual. Polanski jamais descuida dela em seus filmes. Suas trilhas sonoras são para criar atmosfera e ajudar seus protagonistas a se encaixar no ambiente – ou, ao contrário, a se afastar em estranhamento.
        E, vejam só, outra característica que reconheço no cinema de Polanski é o senso de humor – um certo humor negro, é verdade, mas que insiste em se fazer presente, nem sempre de maneiras óbvias. Movimentos de câmera inusitados, referências desconcertantes, linhas de diálogo surpreendentes... Os toques de humor são usados com propriedade, para trazer profundidade dramática e um certo toque de imprevisibilidade. Mas lembro que quando o diretor se arriscou a fazer comédia, amargou alguns tropeços e narizes torcidos por parte da crítica.
        Os filmes de Roman Polanski formam uma coleção diversificada de gêneros e temas, mas é composta por algumas das obras mais importantes da sétima arte. O diretor jamais de poupou de salpicar elementos autobiográficos em suas narrativas, usando fatos da sua vida pessoal para temperá-las com pitadas de polêmica e autopromoção. A mídia sempre reservou espaço para suas idiossincrasias, mas aqui na Crônica de Cinema sempre evitei dar ouvidos às fofocas. O que interessa são os filmes! Já escrevi cinco crônicas sobre filmes dirigidos por Roman Polanski. Se quiser conferir, aí vão os links:

Chinatown

Cena do filme Chinatown
Um caso complicado explicado num roteiro primoroso
Clique para ler a crônica

O Inquilino

Cena do filme O Inquilino
Um filme sobre a perda da própria identidade
Clique para ler a crônica

O Pianista

Cena do filme O Pìanista
O drama de um artista empenhado em sobreviver
Clique para ler a crônica

O Escritor Fantasma


Um thriller de suspense com toque noir
Clique para ler a crônica

O Oficial e o Espião

Cena do filme O Oficial e o Espião
O caso real de Dreyfus narrado como um thriller
Clique para ler a crônica

Comentários

  1. Eu achei O OFICIAL E O ESPIÃO um material para WAJDA ,acredito que se vivo estivesse teria sua direção !

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    1. Bem observado. O filme segue num ritmo e numa atmosfera que lembra muito o estilo de Andrzej Wajda.

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