Meu Pai: no final, as explicações estão na realidade e também no delírio

Meu Pai: filme dirigido por Florian Zeller UM QUADRILÁTERO QUE SE ESTABELECE ENTRE PERSONAGEM, ATOR, DIRETOR E ROTEIRISTA Quando estava na faculdade, certa vez recebemos na sala de aula o ator Paulo Autran para uma palestra. Ele era um monstro sagrado do nosso teatro e tinha a generosidade de falar aos estudantes de comunicação por onde passava. Nessas ocasiões, ele sempre dizia que “o teatro é a arte do ator e o cinema a do diretor. Já a TV é a arte do patrocinador”. Jamais esqueci essa tirada e fiquei com ela em mente enquanto assistia ao filme Meu Pai , de 2020, dirigido pelo francês Florian Zeller; pensei que estava vivendo uma experiência fronteiriça entre o cinema e o teatro, onde ator e diretor dividem o poder. O filme Meu Pai é sobre a demência que se apodera de um octogenário (e não é preciso dizer mais do que isso para se ter uma sinopse aceitável). O filme também é sobre transpor teatro para o cinema e entregar ao espectador uma experi...