A Testemunha: filme de 1985 continua emocionante

Cena do filme A Testemunha
A Testemunha: filme dirigido por Peter Weir

QUANTAS CENAS MEMORÁVEIS PODEM SER INCLUÍDAS NUM FILME? QUANTAS COUBEREM!

Não espere profundidade psicológica dos personagens nem densidade dramática no roteiro. O filme A Testemunha, de 1985, é um drama policial para consumo ligeiro, mas muito saboroso. Esse sabor adicional se deve ao talento e ao empenho de Peter Weir, o diretor que chegou a Hollywood para impor seu jeito de fazer cinema. Consagrado como um dos principais nomes da New Wave australiana, enxergou na história do detetive que se esconde numa comunidade Amish, fugindo de tiras corruptos, uma oportunidade para criar cenas memoráveis, realizadas com sensibilidade e bom gosto. Vamos à sinopse:
        A Testemunha conta a história de John Book (Harrison Ford), o policial encarregado de uma investigação de assassinato numa estação de trem da Filadélfia, que esbarra numa testemunha ocular: Samuel (Lukas Haas), um garoto de oito anos que viaja com a mãe, Rachael (Kelly McGillis), oriundos de uma comunidade Amish congelada no Século XIX. Quando o garoto indica policiais corruptos como autores do assassinato, o policial precisa proteger a testemunha e sua mãe, levando-os numa fuga dramática de volta para a casa onde vivem. Baleado, não resta a John Book outra opção senão integrar-se aos Amish, enquanto convalesce e aguarda o dia em que os assassinos terminem por encontrar seu paradeiro.
        Harrison Ford esbanja carisma e competência, Kelly McGillis é doce e encantadora e o garoto Lukas Haas traz um olhar tão carente e desamparado que qualquer um tem vontade de pegá-lo no colo e confortá-lo como a um filho. Mas não é só por isso que A Testemunha funciona tão bem até hoje. A história que o filme nos conta é ótima e foi costurada pelos roteiristas William Kelley e Earl W. Wallace com doses corretas de ação e emoção. Os personagens, apesar de estereotipados, são convincentes.
        Peter Weir assumiu a direção do filme depois que o roteiro já estava escrito, mas não conteve seu ímpeto de cineasta: reescreveu várias cenas, a despeito do protesto dos roteiristas, que se basearam na história por eles desenvolvida em conjunto com Pamela Wallace, para um episódio da antiga série de TV Gunsmoke. O diretor manteve a ideia original, vendo no choque cultural entre o protagonista e a comunidade Amish um enorme potencial dramático. A Testemunha acabou levando o Óscar de melhor roteiro original.
        O diretor aumentou o espaço dedicado à apresentação da comunidade Amish, que deixou de ser apenas um pano de fundo para ser parte fundamental na história. Também retirou as cenas de amor e sexo entre John e Rachel e diminuiu a exposição de violência gráfica. Ou seja: transformou o que poderia ser mais um thriller policial esquecível num drama romântico e emocionante, conquistando um público que ainda hoje se delicia acompanhando essa história muito bem contada.
        Ah! Vale lembrar que A Testemunha também venceu o Óscar de melhor edição!

Resenha crítica do filme A Testemunha

Data de produção: 1985
Direção: Peter Weir
Roteiro: 
William Kelley e Earl W. Wallace
Elenco: Harrison Ford, Kelly McGillis, Lukas Haas, Danny Glover e Josef Sommer

Comentários

  1. "A testemunha" é um filme para ser assistido repetidas vezes, cada vez saboreando os pequenos detalhes que fazem dele um clássico do cinema. Dois mundos diametralmente opostos que se encontram, como planetas que perderam a órbita e que, no fim, precisam voltar para seu lugar.

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    1. Sim, e os realizadores souberam nos dar vislumbres precisos sobre esses dois mundos. Nos colocaram num alinhamento perfeito onde pudemos assistir de camarote. Ótimo filme, com cenas memoráveis!

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  2. Eu vi esse filme mais de uma vez no ano de 1985,na TV,em 1992 e 1995,nao vi mais e queria ver de novo,e um filme espetacularmente poetico e Harrison Ford,lindo e magnetico,com uma grande atuacao como sempre ele sempre foi e e um grande ator,transmite tanta intensidade w verdade com suas atuacoes que sentimos.o que ele sente

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