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Mostrando postagens de junho, 2021

Planeta dos Macacos: A Origem: feito a partir de um grande roteiro

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Planeta dos Macacos: A Origem: filme dirigido por Rupert Wyatt FICÇÃO CIENTÍFICA ANCORADA EM ÓTIMOS PERSONAGENS Em 1963 o francês Pierre Boulle escreveu um romance de ficção científica onde narrava o autoextermínio da raça humana pelo uso descontrolado das tecnologias que criou, o que abriria o  caminho para que os símios dominassem o planeta. Deu ao seu romance o título de La Planète Des Singes . Pronto! Cinco anos depois, surgiu nas telas O Planeta dos Macacos , filme estrelado por Charlton Heston, que amealhou fãs no mundo todo, ditou novas possibilidades para a ficção científica e originou uma franquia que nunca mais saiu de cartaz. Uma das etapas mais vistosas dessa trajetória aconteceu com o lançamento de Planeta dos Macacos: A Origem , produção realizada dez anos atrás. É sobre ela que gostaria de me deter.           As incríveis técnicas de captura de imagens digitais conseguiram a proeza de se tornar, elas próprias, transparentes para o espect...

A Dama Dourada: a história real do retrato de Adele Bloch-Bauer

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A Dama Dourada: filme dirigido por Simon Curtis UM FILME ELEGANTE E SENSÍVEL, COM DOSES EXATAS DE DRAMATIZAÇÃO Gustav Klimt conquistou um lugar especial como expoente da Art Nouveau. Seus quadros são facilmente reconhecidos pela beleza extravagante, pela originalidade e pela exuberância do estilo dourado –uma fase do seu trabalho que perdeu força com a ascensão do expressionismo. O artista se tornou motivo de orgulho para o povo austríaco e conquistou um lugar de destaque na história da arte; estava no auge quando pintou o retrato de Adele Bloch-Bauer, em 1907, por encomenda de Ferdinand, marido da socialite. A obra, no entanto, foi pura e simplesmente confiscada pelos nazistas, quando o partido tomou o poder na Áustria – aliás, a gangue de Hitler surrupiou todo o valioso acervo da família!           Depois da guerra, o retrato de Adele Bloch-Bauer foi parar na Austrian State Gallery e virou patrimônio cultural do país. Ficou tudo por isso mesmo, até...

Mad Max 1: aqui, a matéria-prima é a insanidade

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Mad Max: filme dirigido por George Miller O PONTO MÁXIMO DA LOUCURA PÓS-APOCALIPTICA No final dos anos 1970, costumava ir depois da aula até os sebos no centro da cidade, para vasculhar as estantes à procura de livros baratos e histórias em quadrinhos. Era frequente encontrar exemplares em inglês da revista Heavy Metal e em francês da Metal Hurlant , os quais colecionava. O universo gráfico que vislumbrava no folhear de cada página era feito de pura modernidade; não havia estética mais ousada e imaginativa chegando por meio da mídia convencional. Até que me deparei com o filme Mad Max , realizado em 1979 por George Miller.           Na tela, reconheci imediatamente o visual pós-apocalíptico e a abordagem distópica dos quadrinhos que tanto apreciava. O filme  Mad Max veio como um sopro de novidade, impondo um tratamento diferente para os elementos de ação e perseguição, comuns nos filmes do gênero. As doses de violência eram mais intensas, as velocida...

Os Bons Companheiros: um dos melhores filmes de gangsters

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Os Bons Companheiros: filme dirigido por Martin Scorsese LINGUAGEM INOVADORA E AUTENTICIDADE Quando Martin Scorsese filmou Os Bons Companheiros , em 1990, o retrato da máfia já estava nítido no imaginário popular, pintado em detalhes por Francis Ford Coppola na sua trilogia  O Poderoso Chefão . Entretanto, a linguagem crua e autêntica, trazida quase duas décadas depois por este diretor nova-iorquino, soou como um sopro de renovação no gênero; o público teve a sensação de que, agora sim, iria bisbilhotar o verdadeiro mundo do crime organizado em sua intimidade mais reveladora.           O mérito de tão significativa proeza, antes de ser creditado a Scorsese, deve ir para Nicholas Pileggi, autor do livro Wiseguy , no qual o filme  Os Bons Companheiros se baseou. O livro foi um verdadeiro achado para o diretor, pois forneceu o material inédito e original que precisava para dar início à sua reputação de “cineasta especializado em filmes de gângsteres...

A Vida é Bela: um humorista colhido pelo holocausto

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Direção: Roberto Benigni UM COMEDIANTE VIVENDO OS HORRORES DO HOLOCAUSTO Para uns, belo e poético, para outros, esquizofrênico e desrespeitoso. O fato é que o filme  A Vida é Bela , comédia dramática de 1997 dirigida por Roberto Benigni, brincou com um assunto sério e navegou num mar de polêmicas, mas terminou atracando nas docas do sucesso. Venceu o Grand Prix do Festival de Cannes em 1998 e faturou três Óscares: melhor filme estrangeiro, melhor ator e melhor trilha sonora – composta por Nicola Piovani. Escrito pelo próprio Benigni em parceria com o roteirista Vincenzo Cerami, o filme ainda suscita discussões acaloradas entre os cinéfilos.          A história contada no filme  A Vida é Bela se passa durante a Segunda Guerra Mundial, na cidade de Arezzo, na região da Toscana. Guido Orefice, interpretado pelo próprio Benigni, é um judeu destrambelhado, que ganha a vida como garçom, mas sonha em abrir uma livraria. Conhece Dora, interpretada por Nicolet...

Gainsbourg - O Homem Que Amava as Mulheres

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Gainsbourg: Filme dirigido por Joann Sfar O ÍCONE DA CULTURA POP FRANCESA RETRATADO POR UM DOS MAIORES NOMES DOS QUADRINHOS Dentro de todo autor de histórias em quadrinhos vibra uma alma de cineasta; além disso, todo cineasta é aficionado por histórias em quadrinhos. É claro que afirmações tão categóricas soam arrogantes e generalistas, mas fiquei com essas certezas depois de assistir ao filme Gainsbourg - O Homem Que Amava as Mulheres . Realizado por Joann Sfar em 2010, o filme é uma cinebiografia de Serge Gainsbourg, o ícone da cultura pop francesa, que fez sucesso como compositor, poeta, músico e pintor, além de ter transitado pelo cinema; polêmico, para dizer o mínimo, foi profícuo em provocar e escandalizar os franceses ao longo de décadas.           Já o diretor Joann Sfar, também francês, tornou-se um dos mais consagrados artistas do mundo dos quadrinhos e é autor de inúmeros títulos que se tornaram best-sellers . É um contador de histórias inveterad...

Sully - O Herói do Rio Hudson: tinha que virar filme!

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Sully: filme dirigido por Clint Eastwood O NOTICIÁRIO MOSTROU A HISTÓRIA, MAS QUEM DESVENDOU O PERSONAGEM FOI O CINEMA O ano é 2009, durante o mês de janeiro. Você está sentado diante da TV, provavelmente com uma cerveja ou uma bebida refrescante nas mãos, quando arregala os olhos diante de uma notícia incrível: um avião da US Airways com 155 passageiros a bordo faz um pouso de emergência em pleno rio Hudson – o emblemático rio que corta Nova Iorque e banha Manhattan. Por milagre. todos se salvam graças à perícia do piloto e o rápido atendimento das equipes de resgate – e apesar do frio polar que faz lá no hemisfério norte.           Diante desse fato impressionante, não sei qual seria seu primeiro pensamento, entre tantas possibilidades. Porém, sabendo que você é um cinéfilo, aposto que o segundo poderia ser:           – Uau! Isso daria um ótimo filme!           A grande pergunta é: como você...

Platoon: as duas faces angustiantes da Guerra do Vietnã

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Platton: filme dirigido por Oliver Stone A EXPERIÊNCIA REALISTA DE SER UM JOVEM COMBATENTE Platoon foi um ponto de virada nos dramas de guerra. Realizado em 1986 pelo cineasta Oliver Stone, o filme impôs um novo padrão para o gênero, que passou a incorporar elementos de realismo; foi o primeiro a permitir que a câmera operasse infiltrada entre os personagens, para inserir o espectador no meio do fogo cruzado. E diferente do grande filme sobre a guerra do Vietnã que o antecedeu – Apocalipse Now  –, esse não veio com uma abordagem política: trazia tão somente o ponto de vista do guerreiro que revida os tiros de um inimigo, cuja ideologia não tem importância diante da letalidade da sua munição.           Talvez esse tenha sido o segredo do enorme sucesso de Platoon . Os americanos, ainda preocupados em soprar a ferida política causada pela Guerra do Vietnã, encontraram no filme um drama sobre a guerra – qualquer guerra –, que mostrava os impactos gerados...

Agente 86: remake da série dos anos 60

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Agente 86: filme dirigido por Peter Segal O VELHO TRUQUE DO REMAKE QUE FAZ JUS À SÉRIE ORIGINAL Para se divertir assistindo ao filme Agente 86 , realizado em 2008 e dirigido por Peter Segal, não é necessário que o espectador tenha acompanhado a série homônima apresentada na TV dos anos 60. Quem teve esse prazer, no entanto, certamente fará melhor proveito; lerá com maior fluência as espaçosas entrelinhas que se formam entre uma piada hilariante e outra.           Para começo de conversa, o nome mais vistoso por trás do filme é o de... Mel Brooks, que se tornaria um dos grandes nomes da comédia no cinema. Junto com Buck Henry, ele foi responsável pela criação do personagem e pela formatação da série, exibida entre 1965 e 1970, ao longo de cinco temporadas que totalizaram 138 episódios. Depois da primeira temporada, Mel Brooks teve pouco envolvimento com a produção, que serviu de base para este remake de 2008. A sinopse de ambos é a mesma:    ...

Guerra dos Mundos: releitura de um clássico da ficção científica

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Guerra dos Mundos: filme dirigido por Steven Spielberg E ASSIM, A FICÇÃO CIENTÍFICA VIROU GÊNERO LITERÁRIO Baseado no clássico da ficção científica escrito por Herbert George Wells  –  publicado pela primeira vez em 1897, na Inglaterra  –  o filme  Guerra dos Mundos , dirigido em 2005 por Steven Spielberg, foi realizado para ser um arrasa-quarteirão. Podemos dizer que é fruto da parceria do diretor com o ator Tom Cruise, nascida durante a realização do sucesso comercial  Minority Report – A Nova Lei . O astro de Hollywood e o cineasta "especializado em extraterrestres" decidiram que seu próximo projeto seguiria na mesma trilha.          Acontece que o tema i nvasão alienígena já estava batido; além do mais, o livro de H.G. Wells narra uma história sombria, trágica e com passagens repletas de horror. Para esta segunda adaptação de  Guerra dos Mundos  – a primeira foi realizada em 1953 por Byron Haskin, com roteiro de Barré ...

Hotel Ruanda: história real, contada no tom certo

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Direção: Terry George UM PROTAGONISTA IRRADIANDO VERDADE EMOCIONAL Em 1994, Ruanda era um país à beira da explosão. Num caldeirão político, fervilhavam três ingredientes com elevada octanagem: o ódio racial entre as etnias Hutu e Tutsi; uma estrutura de poder baseada em privilégios, construída pelos colonizadores belgas e uma mídia enfurecida, dedicada a incentivar a violência e a promover atos insanos. Quando o avião do presidente cai, num suposto atentado atribuído à minoria Tutsi, os Hutus saem às ruas e se dedicam, ao longo de quatro meses, a assassinar homens, mulheres e crianças; promovem um genocídio sistemático que ceifou quase um milhão de vidas.           Essa história tragicamente verdadeira faz parte do enredo de Hotel Ruanda , filme de 2014 dirigido pelo cineasta irlandês Terry George. O diretor, porém, toma o cuidado de não descambar para a mera exposição gráfica da violência, nem sucumbe à tentação de filmar um dramalhão lacrimoso...

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