Sully - O Herói do Rio Hudson: tinha que virar filme!

O NOTICIÁRIO MOSTROU A HISTÓRIA, MAS QUEM DESVENDOU O PERSONAGEM FOI O CINEMA
O ano é 2009, durante o mês de janeiro. Você está sentado diante da TV, provavelmente com uma cerveja ou uma bebida refrescante nas mãos, quando arregala os olhos diante de uma notícia incrível: um avião da US Airways com 155 passageiros a bordo faz um pouso de emergência em pleno rio Hudson – o emblemático rio que corta Nova Iorque e banha Manhattan. Por milagre. todos se salvam graças à perícia do piloto e o rápido atendimento das equipes de resgate – e apesar do frio polar que faz lá no hemisfério norte.
Diante desse fato impressionante, não sei qual seria seu primeiro pensamento, entre tantas possibilidades. Porém, sabendo que você é um cinéfilo, aposto que o segundo poderia ser:
– Uau! Isso daria um ótimo filme!
A grande pergunta é: como você contaria essa história? O evento todo, desde a decolagem até o resgate dos passageiros não durou mais do que meia hora. O pouso do avião depois que sofreu a pane aconteceu em reles meia dúzia de minutos. Como você preencheria o resto de um longa-metragem de uma hora e meia?
Para Clint Eastwood, um dos maiores diretores de Hollywood, não foi difícil encontrar a resposta: bastou filmar o excelente roteiro escrito por Todd Komarnicki. No filme Sully - O Herói do Rio Hudson, realizado em 2016, o antes e o depois na vida do heroico piloto Chesley B. Sullenberger – e na do seu copiloto Jeff Skiles – ganham contornos emocionantes e ocupam a maior parte de uma narrativa direta, objetiva e eficiente.
O ponto de partida usado por Komarnicki foi a história publicada em livro pelo próprio Sullenberger, em parceria com Jeffrey Zaslow, intitulada Highest Duty: My Search for What Really Matters. Ao adaptá-la para o cinema, o roteirista se valeu de recursos narrativos que privilegiaram o impacto visual; usou a câmera para entrar na mente do protagonista, revirar suas crenças, descobrir seus valores e revelar suas motivações. Evitou obviedades, mas jogou com as informações já conhecidas pelo espectador – Sully se tornou um herói de uma hora para outra e sua façanha foi relatada em detalhes pela mídia em todo o mundo.
Diante desse fato impressionante, não sei qual seria seu primeiro pensamento, entre tantas possibilidades. Porém, sabendo que você é um cinéfilo, aposto que o segundo poderia ser:
– Uau! Isso daria um ótimo filme!
A grande pergunta é: como você contaria essa história? O evento todo, desde a decolagem até o resgate dos passageiros não durou mais do que meia hora. O pouso do avião depois que sofreu a pane aconteceu em reles meia dúzia de minutos. Como você preencheria o resto de um longa-metragem de uma hora e meia?
Para Clint Eastwood, um dos maiores diretores de Hollywood, não foi difícil encontrar a resposta: bastou filmar o excelente roteiro escrito por Todd Komarnicki. No filme Sully - O Herói do Rio Hudson, realizado em 2016, o antes e o depois na vida do heroico piloto Chesley B. Sullenberger – e na do seu copiloto Jeff Skiles – ganham contornos emocionantes e ocupam a maior parte de uma narrativa direta, objetiva e eficiente.
O ponto de partida usado por Komarnicki foi a história publicada em livro pelo próprio Sullenberger, em parceria com Jeffrey Zaslow, intitulada Highest Duty: My Search for What Really Matters. Ao adaptá-la para o cinema, o roteirista se valeu de recursos narrativos que privilegiaram o impacto visual; usou a câmera para entrar na mente do protagonista, revirar suas crenças, descobrir seus valores e revelar suas motivações. Evitou obviedades, mas jogou com as informações já conhecidas pelo espectador – Sully se tornou um herói de uma hora para outra e sua façanha foi relatada em detalhes pela mídia em todo o mundo.
Sully - O Herói do Rio Hudson não se limita a recriar os detalhes do acidente aéreo – o que não resultaria em proeza digna de nota, dadas as facilidades oferecidas pela computação gráfica. O filme se interessa mais em acompanhar a minuciosa investigação que se seguiu por nove meses, conduzidas pelo National Transportation Safety Board, entidade americana responsável pela segurança do transporte aéreo; tanto o piloto como sua tripulação foram interrogados num longo processo, para determinar se o pouso no rio Hudson foi uma decisão acertada, ou se Sully apenas expôs seus passageiros a um risco perigoso e desnecessário.
O que temos aqui é um protagonista obcecado pela segurança, com um histórico de excelentes serviços prestados à aviação e uma reputação de piloto responsável e competente. Já o antagonista é... a investigação em si! Há legitimidade em questionar a ações de Sully e seguir os procedimentos legais que demandam frieza e imparcialidade; é aí que entra a habilidade de Clint Eastwood como contador de histórias: ele nos mostra os conflitos internos de um homem seguro de seus valores e acostumado a estar no controle da situação, que ao se ver questionado, sofre a angustia de ter sua autoconfiança abalada. Talvez jamais volte a pilotar um avião.
No filme de Clint Eastwood, os fatos, por mais incríveis, são tratados a partir das suas implicações dramáticas; a linha que o diretor segue não é necessariamente cronológica, mas emocional. Temos o heroísmo de Sully promovido pela mídia, a busca pela verdade por parte dos investigadores, a gratidão dos passageiros, os acontecimentos vívidos na mente do protagonista... O roteiro de Todd Komarnicki caiu nas mãos do diretor certo!
Mas espere aí! E o talento do Tom Hanks não conta? Claro! Sua atuação foi decisiva, primeiro trazendo o bom-mocismo que ajudou a caracterizar o personagem. Depois, quando ele entregou uma atuação precisa, econômica e irradiada de credibilidade. O Sully que ele interpreta estava apenas fazendo o seu trabalho. Um trabalho muito bem feito, diga-se de passagem.
É... Os cinéfilos atentos estavam certos: a história do avião que pousou no rio Hudson acabou rendendo um ótimo filme!
O que temos aqui é um protagonista obcecado pela segurança, com um histórico de excelentes serviços prestados à aviação e uma reputação de piloto responsável e competente. Já o antagonista é... a investigação em si! Há legitimidade em questionar a ações de Sully e seguir os procedimentos legais que demandam frieza e imparcialidade; é aí que entra a habilidade de Clint Eastwood como contador de histórias: ele nos mostra os conflitos internos de um homem seguro de seus valores e acostumado a estar no controle da situação, que ao se ver questionado, sofre a angustia de ter sua autoconfiança abalada. Talvez jamais volte a pilotar um avião.
No filme de Clint Eastwood, os fatos, por mais incríveis, são tratados a partir das suas implicações dramáticas; a linha que o diretor segue não é necessariamente cronológica, mas emocional. Temos o heroísmo de Sully promovido pela mídia, a busca pela verdade por parte dos investigadores, a gratidão dos passageiros, os acontecimentos vívidos na mente do protagonista... O roteiro de Todd Komarnicki caiu nas mãos do diretor certo!
Mas espere aí! E o talento do Tom Hanks não conta? Claro! Sua atuação foi decisiva, primeiro trazendo o bom-mocismo que ajudou a caracterizar o personagem. Depois, quando ele entregou uma atuação precisa, econômica e irradiada de credibilidade. O Sully que ele interpreta estava apenas fazendo o seu trabalho. Um trabalho muito bem feito, diga-se de passagem.
É... Os cinéfilos atentos estavam certos: a história do avião que pousou no rio Hudson acabou rendendo um ótimo filme!
Resenha crítica do filme Sully - O Herói do Rio Hudson
Ano de produção: 2016Direção: Clint Eastwood
Roteiro: Todd Komarnicki
Elenco: Tom Hanks, Aaron Eckhart, Laura Linney, Anna Gunn, Autumn Reeser, Holt McCallany, Jamey Sheridan, Jerry Ferrara, Max Adler, Sam Huntington, Wayne Bastrup e Valerie Mahaffey
Este filme é muito bom.
ResponderExcluirNesses casos de grandes acidentes reais o cinema procura destacar uma parte ou alguém pra poder desenvolver a história no cinema. Desta vez não houve romances, tiros, mortes, então resolveram explorar o depois do fato que foi o julgamento do heroico piloto. Parabéns pela crônica
ResponderExcluirObrigado! Sim, o roteirista e o diretor encontraram o material dramático nos eventos posteriores ao acidente. Conseguiram prender a atenção!
ExcluirRealmente - eu tomei conhecimento dessa historia lendo sobre ela na revista Seleções do Reader's Digest -pouco tempo depois de a catástrofe ter ocorrido. Pensei- na época - como essa narrativa real de heroísmo com final feliz poderia ser transformada num excelente filme. Vivi para ver isso tornar-se realidade. Esse trabalho -na minha opinião - é muito bom. Porem achei um tanto frio demais e carente de uma narrativa com um suspense melhor desenvolvido- o que eu creio - seria mais adequado a uma historia desse gênero. Acho que mesmo tendo seus méritos - ele não chega nem aos pés do clássico "Aeroporto" (Airport) de 1970 dirigido por George Seaton com Burt Lancaster, Dean Martin, Jacqueline Bisset e George Kennedy. Este filme - considerado por muitos como a primeira produção do gênero "filme catástrofe"- foi a origem de uma franquia com varias sequencias explorando o recém surgido interesse do publico por filmes sobre catástrofes aéreas. Algumas bem memoráveis como "Aeroporto 75" com o saudoso Charlton Heston. Com o tempo a franquia foi perdendo o interesse do publico na medida que a moda foi passando até que finalmente encerrou-se. De tempos em tempos Hollywood tentou redespertar o interesse do publico produzindo novos filmes do tipo. Todavia em geral sem muito bom resultado. De qualquer forma o trabalho do filme de aqui analisado foi no mínimo bem competente e merece ser conferido !
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