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Mostrando postagens com o rótulo Thriller

O Espião Inglês: história real de um homem comum colhido pela guerra fria

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O Espião Inglês: direção de Dominic Cooke UM THRILLER ORIGINAL E MEMORÁVEL Serviços investigativos sempre me deixam esgotado. O pior deles é sentar diante da TV e investigar a oferta nos serviços de streaming, até encontrar um bom filme. Na maioria das vezes acabo me detendo num título conhecido, ao qual já assisti uma ou duas vezes, mas que é confiável o bastante para garantir momentos de agradável entretenimento. Raramente me deparo com algo novo, que desperte minha empolgação. Outro dia tive sorte: encontrei a capa de O Espião Inglês , dirigido em 2020 por Dominic Cooke, onde reconheci a foto do ator Benedict Cumberbatch.           – Esse talvez valha a pena conferir! – pensei, enquanto dedilhava no celular em busca de mais informações.           Foi um grande erro! Caí num desses sites de cinema apressados, que pautam suas críticas por algum viés ideológico, onde rotularam esse filme como... esquecível. Apesar de envolvente, dizem eles, não inova. Senti-me provocado. Fui para outro

72 Horas: escapando da penitenciária

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72 Horas: Direção de Paul Haggis NO FINAL, PERMANECE A DÚVIDA Veja que curioso: o que temos aqui é um remake hollywoodiano, com final em aberto, de um original francês com final francamente feliz. Nos acostumamos a ver o cinema americano produzindo versões mais palatáveis de dramas amargos, que os europeus fazem questão de cultivar. Mas 72 Horas, dirigido por Paul Haggis em 2010, veio na contramão. Estrelado por Russell Crowe e Elizabeth Banks, esse thriller ágil e repleto de suspense pisa num terreno escorregadio, onde os dilemas éticos e morais pipocam ao longo de todo o enredo. Há dois motivos para isso e o primeiro está diretamente relacionado ao diretor. Haggis, que tem predileção pelos dramas densos e com finais contundentes, ganhou destaque na indústria do cinema por dois ótimos filmes. Como roteirista, foi responsável pela criação de Menina de Ouro , dirigido por Clint Eastwood, que lhe valeu o Óscar de melhor roteiro original em 2004. No ano seguinte, lá estava ele novamente,

Decisão de Risco: um thriller eletrizante sobre a guerra de drones

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Decisão de Risco: filme de Gavin Hood O DILEMA ÉTICO DA CADEIA DE COMANDO Olhe em volta! Estamos entrando no último trimestre de 2022. A tecnologia digital não pára de nos surpreender, causando estrondosos impactos no nosso cotidiano. Com nossos celulares, somos mais rápidos, mais eficientes e conectados uns aos outros em tempo real. Quero, então, fazer uma provocação: se nós, cidadãos comuns, somos capazes de façanhas que eram inimagináveis 15 ou 20 anos atrás, calcule o poderio dos militares, que sempre se põem na vanguarda da tecnologia e a canalizam para uso bélico. Talvez já estejam lidando com conceitos que só vemos na ficção científica.           No filme Decisão de Risco , dirigido em 2016 por Gavin Hood, temos um vislumbre do que acabou se tornando a guerra moderna, nas mãos dos militares e dos políticos. Mas é bom lembrar que esse thriller eletrizante começou a ser gestado em 2008, quando Guy Hibbert, por encomenda da BBC Films, iniciou suas pesquisas para escrever o roteiro.

Covil de Ladrões: thriller de ação com reviravolta no final

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Covil de Ladrões: direção de Christian Gudegast POLICIAIS E BANDIDOS, FICÇÃO E REALIDADE Em termos comerciais, filmes de ação são peças de entretenimento complexas e difíceis. Quando os realizadores celebram a ação pela ação, priorizando a pancadaria pura e simples, o resultado é entediante para o público mais velho e desinteressado por cinema raso. Quando investem num enredo com pano de fundo dramático, para dar densidade à história, afugentam o púbico adolescente – justo a fatia mais lucrativa. A maioria das produções aposta todas as fichas numa determinada faixa etária, na esperança de que ao menos rendam uma pequena franquia, com uma ou duas sequências. Esse é o caso de Covil de Ladrões , filme de 2018 dirigido por Christian Gudegast. O diretor buscou alguma profundidade dramática para os seus personagens, escreveu um roteiro com certa complexidade e investiu numa temática masculina. Alcançou sucesso de bilheteria suficiente para rodar uma sequência.           Covil de Ladrões cont

Viajantes – Instinto e Desejo: humanos em busca de humanidade

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Viajantes - Instinto e Desejo: direção de Neil Burger O MELHOR E O PIOR DO SER HUMANO, DENTRO DE CADA INDIVÍDUO O nome do diretor Neil Burger estampado nos créditos, foi o que me fisgou. Ele já assinou filmes marcantes, como O Ilusionista e Sem Limites , mas também se dedicou a produções voltadas para um público mais... adolescente, como Divergente . Nesta ficção científica realizada em 2021, intitulada Viajantes – Instinto e Desejo , ele volta a lidar com um elenco jovem, para abordar temas complexos e repletos de desdobramentos. Enquanto assistia ao filme, um sem número de pensamentos convergentes me ocorreu. Se o objetivo do diretor era o de estimular a plateia a fazer reflexões filosóficas, conseguiu. Mas antes de continuar com a minha digressão, será preciso estabelecer a sinopse do filme:           A história de Viajantes – Instinto e Desejo se passa em 2063, quando os cientistas descobrem um planeta próximo à Terra, que oferece todas as condições para acolher a vida humana. Ma

Segredos Oficiais: a história real de espionagem vivida por Katharine Gun

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Segredos Oficiais: filme de Gavin Hood O APARATO ESTATAL PRESTANDO DESSERVIÇOS AO PÚBLICO A jornalista Marcia Mitchell e seu marido Thomas – um ex-agente do FBI recentemente falecido – formaram uma dupla de escritores sintonizados. Juntos escreveram vários livros de não-ficção explorando temas ligados à espionagem, entre eles, The Spy Who Tried to Stop a War: Katharine Gun and the Secret Plot to Sanction the Iraq Invasion , que despertou o interesse de um casal de amigos, os roteiristas Gregory e Sara Bernstein. Num encontro em Los Angeles, os quatro conversaram sobre a história de Katharine Gun e decidiram adaptá-la para as telas. Com a entrada do diretor sul-africano Gavin Hood, o projeto se concretizou no filme Segredos Oficiais , lançado em 2019. Trata-se de um envolvente drama de espionagem, narrado em formato de thriller e estrelado por Keira Knightley, Matt Smith, Matthew Goode e Ralph Fiennes.           A história real vivida por Katharine Gun é pouco conhecida. Desenrolou-se n

Sicario: Terra de Ninguém: de que lado está o assassino?

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Sicario: Terra de Ninguém: filme de Denis Villeneuve LUTANDO NA FRONTEIRA DA ÉTICA E DA MORAL Os policiais, no seu esforço para combater o tráfico de drogas, estão do lado dos mocinhos. Os traficantes, aferrados à violência, estão na horda dos bandidos. O embate entre ambos os lados resulta em incontáveis cenas de ação, coreografadas com precisão e capturadas graficamente nos seus detalhes mais sórdidos. É o que temos no cardápio da maioria dos filmes policiais, interessados em oferecer entretenimento ligeiro e despreocupados em matar nossa fome de bom cinema. Em Sicario: Terra de Ninguém , filme de 2015 dirigido por Denis Villeneuve, o prato principal é outro: os realizadores fazem questão de nos servir um punhado de temas filosóficos e questões morais, envoltos por uma atmosfera de tensão e desorientação, temperados com um forte sabor amargo de realidade. No final, saímos empanturrados de tanto cinema de qualidade!           A violência é ingrediente salpicado com generosidade em vár

O Escritor Fantasma: um thriller de suspense com toque noir

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O Escritor Fantasma: dirigido por Roman Polanski AH, CLARO... SÓ PODIA SER DO POLANSKI! Tive um dia atarefado, escrevendo conteúdo para o site de um cliente e tentando – mais uma vez – estruturar o canal da Crônica de Cinema no YouTube. Para relaxar, peguei o controle remoto e me acomodei no sofá. Já bastante sonolento, comecei a zapear num ato reflexo. De repente, fui fisgado por uma cena lindamente fotografada, onde o ator Ewan McGregor circulava por uma incrível mansão de arquitetura moderna e arrojada. O enquadramento cuidadoso e os movimentos precisos da câmera me fizeram pensar – Uau! Esse diretor sabe o que faz. Merece atenção!           É nesses momentos que ergo as mãos para o céu e agradeço pela tecnologia que hoje está à disposição dos cinéfilos. Cliquei no botão para retomar a programação ao vivo e me preparei para assistir ao filme desde o início. Porém, estava tão sonolento que só me dei conta de onde estava me metendo quando o título ficou nítido diante dos meus olhos. D

Rede de Mentiras: estrelado por Leonardo DiCaprio e Russel Crowe

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Rede de Mentiras: filme de Ridley Scott UMA ABORDAGEM REALISTA SOBRE AS AÇÕES DA CIA NO ORIENTE MÉDIO Depois da queda do muro de Berlin e do colapso da União Soviética, os autores de thrillers de espionagem precisaram queimar neurônios para encontrar matéria-prima que atendesse a demanda por histórias convincentes. Então veio o 11 de Setembro e revelou ao mundo a existência de um vilão digno de revigorar o gênero: a Al Qaeda. O cinema tratou de explorar o tema e produziu uma fartura de títulos envolvendo a guerra contra o terrorismo. Rede de Mentiras , realizado em 2008 por Ridley Scott, parece ser apenas mais um, mas é bem acima da média. Trata-se de um excelente filme, com todos os ingredientes indispensáveis para agradar os fãs e cinéfilos.           O cineasta Ridley Scott, cujo portfólio diversificado dispensa apresentações, faz aqui sua incursão sobre o universo dos thrillers de espionagem, mas não invade o território dos James Bonds e Jason Bournes. Seu filme abraça o realismo –

O Fugitivo: era série e virou filme estrelado por Harrison Ford

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Direção: Andrew Davis UM THRILLER À MODA ANTIGA Meu pai adorava assistir aos episódios da série  O Fugitivo . Exibida às noites, no horário nobre, era sucesso nos anos 60. Ainda não tinha idade  para acompanhá-la  –  nem paciência – , mas sabia o essencial: o Doutor Kimble era um médico acusado de matar a esposa e fugira pelos Estados Unidos tentando provar a inocência. Perseguido por um tenente implacável, saltava de cidade em cidade à procura do tal homem com apenas um dos braços, esse sim o verdadeiro assassino.           Havia três certezas irrefutáveis na série O Fugitivo . A primeira: o Doutor Kimble era inocente. A segunda: a cada episódio ele tentaria ajudar alguém, como bom médico que era, mas tinha a identidade revelada e precisava partir no final. A terceira: a cada episódio veríamos o desfile de atores e atrizes conhecidos, participando como convidados especiais. Essa fórmula rendeu 120 episódios em quatro temporadas, exibidas entre 1963 e 1967.           Quando o filme  O

O Preço de um Resgate: um remake ágil e envolvente

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O Preço de um Resgate: filme dirigido por Ron Howard DOSES GENEROSAS DE AÇÃO E AFLIÇÃO Sequestro é crime hediondo. Sequestro de uma criança, então, eleva a sordidez do criminoso à enésima potência! Um tal sequestrador renuncia à condição de humano e permite que o vejam como um monstro, digno dos castigos mais atrozes que pudermos imaginar. O cinema já tratou do tema em inúmeras produções, sempre explorando o turbilhão de dor e emoções envolvidos nesse tipo de história. O Preço de Um Resgate , filme de 1996 dirigido por Ron Howard, é mais um dos tantos, mas realizado com notável competência.           Trata-se de um remake do filme Decisão Amarga , de 1956, dirigido por Alex Segal. Nessa nova versão, Mel Gibson interpreta Tom Mullen, um milionário do setor de aviação, que vive o ápice do sucesso. Sua mulher Kate – vivida por Rene Russo – e seu filho Sean desfrutam despreocupados as benesses de uma vida tranquila e confortável. Isso muda rapidamente quando o garoto é sequestrado. O FBI é

Eu, Robô: filme mostra que a revolução da I.A. pode ser perigosa

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Eu, Robô: filme dirigido por Alex Proyas O VISUAL É ARREBATADOR, MAS O RESULTADO LEMBRA APENAS VAGAMENTE AS HISTÓRIAS DE ASIMOV Quando comecei a me tornar um leitor independente – aquele que não se detém às exigências das salas de aula – meu gênero preferido era o romance policial. Tinha uns 12 anos. Depois de ler alguns Sherlock Holmes e 007s, parti para os livros de ficção científica. Foi aí que Arthur C. Clark e Isaac Asimov se tornaram meus ídolos. O primeiro, cutucando minha imaginação de viajante espacial, o segundo, metendo medo com a ideia de que um dia os humanos deixarão de ser os habitantes mais inteligentes da Terra.           No cinema, Arthur C. Clark ganhava disparado de Isaac Asimov. O primeiro, tinha sido eternizado por Stanley Kubrick com o brilhante 2001: Uma Odisseia no Espaço . Já o segundo, tinha que se contentar com o raso Viagem Fantástica , de Richard Fleischer. Queria que Asimov virasse o jogo. Tentava imaginar como ficariam suas histórias de robôs transpostas

Crime Sem Saída: filme policial com Chadwick Boseman

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Crime Sem Saída: filme dirigido por Brian Kirk UM POLICIAL INFALÍVEL AGINDO DO LADO CERTO: RECEITA DE BOM ENTRETENIMENTO Tem certos dias em que tudo o que preciso é relaxar. Esfriar a cabeça. É quando o cinema de entretenimento se torna a melhor pedida. Nada de tramas intrincadas, abordagens psicológicas, referências literárias, criações artísticas que exigem bagagem cultural... Um filminho leve, despretensioso e escapista é um santo remédio!           Quando compartilho a televisão com a Ludy, a escolha relaxante recairá sobre uma comédia romântica, uma aventura ou mesmo um drama leve. Minha mulher não suporta filmes violentos. Se estou sozinho, será um filme de ação, com tiros, perseguições, lutas... O problema é encontrar um filme de ação leve, despretensioso e escapista que seja bom. No último final de semana tive sorte!           Crime Sem Saída , filme de 2017 dirigido por Brian Kirk é uma dessas gratas surpresas, que nos põem relaxados no sofá. Traz uma trama policial si

Operação França: linguagem inovadora e Gene Hackman na linha de frente

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Operação França: filme dirigido por Willian Friedkin O FILME QUE DITOU UM PADRÃO ESTÉTICO PARA O GÊNERO Sim... Operação França já foi um filme moderno, intenso, ousado e arrebatador. Isso foi há mais de 50 anos. Em 1971, quando William Friedkin o realizou, causou comoção nos cinemas. Era um filme para adultos, que escancarava o submundo do tráfico de drogas em Nova Iorque – uma cidade que, vejam só, se mostrava suja, com bolsões de pobreza, barulhenta... Os protagonistas eram policiais, mas ficavam a dever em refinamento. Desgrenhados, vulgares e moralmente questionáveis, não se furtavam ao uso da brutalidade e da violência. Os bandidos, bem... esses eram refinados, elegantes, sutis, discretos...           Câmera instável, cores não saturadas, cortes secos, locações realistas... Aos olhos do espectador atual, nenhuma novidade. Há meio século, uma linguagem inovadora, que fez escola e influenciou os thrillers policiais. Podemos encontrar em Operação França a gênese das perseguições de

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